NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  27 de junho
  50 anos de Maracanã
   
   

Duas gerações, pelo menos, já passaram pela face da Terra nesses 50 anos de vida do estádio Mário Filho, mais conhecido como Maracanã. E ainda não se pode dizer que é um ícone sentimental do povo brasileiro, nem mesmo do povo carioca.
Certo que temos orgulho dele, é o maior do mundo, não há estrangeiro que visite o Rio e, após a ida ao Corcovado e ao Pão de Açúcar, não dê uma espiada naquele que os cronistas mais inspirados chamam de "templo do futebol". O presidente da Itália, recentemente, num compromisso oficial de dois dias na cidade, arranjou um tempinho para ir conhecer o campo, fez questão de bater um pênalti, que um goleiro improvisado deixou entrar.
Mas apesar das duas gerações que já passaram por ele, o estádio guarda em sua memória de concreto um fantasma, um espectro inamovível. Foi ali que se materializou uma das maiores frustrações nacionais. Não importa que dos 50 milhões de brasileiros, que viviam na ocasião daquela final da Copa do Mundo, quase todos tenham morrido. São poucos os sobreviventes.
Mas a derrota contra o Uruguai entrou em nossos cromossomos, faz parte do DNA de cada brasileiro. O Paulo Perdigão, um dos sobreviventes, já escreveu dois livros sobre aquele dia fatídico e, havendo tempo, escreverá mais. Ele fala por todos, vivos e mortos, brasileiros antigos, presentes e futuros.
Enorme e vitalizado por uma competente reforma, o Maracanã é orgulho nosso mas não é amor.
Não perdoaremos jamais aquela tarde, aquele silêncio que caiu sobre os 50 milhões de brasileiros espalhados pelo território nacional. Hoje somos 160 milhões, amanhã seremos 200, 300 milhões.
Nunca esqueceremos que ali nos tiraram o pão da boca, a boca que guardou o grito que não demos, o hino que não cantamos.


Leia colunas anteriores
22/06/2000 - Canivete de 2 Lâminas
20/06/2000 - Briga na Lagoa

15/06/2000 - No mesmo barco

13/06/2000 - Santo Antônio
06/06/2000 - O barril e a esmola


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.