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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  15 de junho
  No mesmo barco
   
   

L. Thurow, ex-professor de economia no MIT, acredita no mercado e ninguém duvida de suas convicções capitalistas. Escreveu "O futuro do capitalismo". Com honesto raciocínio, considera que a economia regida por burocratas internacionais não é liberal, é totalitária.
Já comentei que a lei da gravidade não pode ser abolida mas pode ser disciplinada. Foi assim que começou a civilização, com o homem disciplinando as leis naturais que o condenavam a viver na caverna, a comer alimentos crus, a morrer sob raios.
Ainda que a globalização seja uma lei tão natural quanto a lei da gravidade, ela terá de ser disciplinada para que o homem não volte à barbárie. Aceitá-la como fatalidade é tolerar a cegueira da brutalidade dos resultados.
Saindo do conceitual e entrando no operacional: uma economia nacional não pode se basear na bolsa da Tailândia nem na taxa de juros de outro país. Esta é a ameaça que pesa sobre o o futuro imediato. Nem adianta invocar que não existem economias nacionais e sim a economia mundial. Para o bem ou para o mal, não estamos no mesmo barco.
Lembro uma charge do Lauzier no "Paris Match", aí pelos anos 70. Um barco antigo, com três fileiras de remadores (triremo), escravos que dia e noite movimentavam os pesados remos que faziam o barco andar.
Com enorme chicote, o capataz imprimia velocidade ao ritmo dos remadores, açoitando-os sem parar.
Um deles, desfalecido, consegue entrar na cabine do comandante que está reclinado à mesa farta, mulheres deslumbrantes colocando cachos de uva em sua boca. O remador diz que assim não dá, o comandante responde: - "Mas estamos todos no mesmo barco!"
Globalização é isso. O mundo é o barco. Os comandantes mordem cachos de uvas na fartura da bacanal. Os comandados sofrem na carne o chicote que faz o barco andar.


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06/06/2000 - O barril e a esmola
01/06/2000 - A cela profanada
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25/05/2000 - A sombra das bananeiras


 


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