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L.
Thurow, ex-professor de economia no MIT, acredita no mercado e ninguém
duvida de suas convicções capitalistas. Escreveu "O futuro do capitalismo".
Com honesto raciocínio, considera que a economia regida por burocratas
internacionais não é liberal, é totalitária.
Já comentei que a lei da gravidade não pode ser abolida mas pode
ser disciplinada. Foi assim que começou a civilização, com o homem
disciplinando as leis naturais que o condenavam a viver na caverna,
a comer alimentos crus, a morrer sob raios.
Ainda que a globalização seja uma lei tão natural quanto a lei da
gravidade, ela terá de ser disciplinada para que o homem não volte
à barbárie. Aceitá-la como fatalidade é tolerar a cegueira da brutalidade
dos resultados.
Saindo do conceitual e entrando no operacional: uma economia nacional
não pode se basear na bolsa da Tailândia nem na taxa de juros de
outro país. Esta é a ameaça que pesa sobre o o futuro imediato.
Nem adianta invocar que não existem economias nacionais e sim a
economia mundial. Para o bem ou para o mal, não estamos no mesmo
barco.
Lembro uma charge do Lauzier no "Paris Match", aí pelos anos 70.
Um barco antigo, com três fileiras de remadores (triremo), escravos
que dia e noite movimentavam os pesados remos que faziam o barco
andar.
Com enorme chicote, o capataz imprimia velocidade ao ritmo dos remadores,
açoitando-os sem parar.
Um deles, desfalecido, consegue entrar na cabine do comandante que
está reclinado à mesa farta, mulheres deslumbrantes colocando cachos
de uva em sua boca. O remador diz que assim não dá, o comandante
responde: - "Mas estamos todos no mesmo barco!"
Globalização é isso. O mundo é o barco. Os comandantes mordem cachos
de uvas na fartura da bacanal. Os comandados sofrem na carne o chicote
que faz o barco andar.
Leia colunas anteriores
13/06/2000 - Santo Antônio
06/06/2000
- O barril e a esmola
01/06/2000 - A cela profanada
30/05/2000 - Bom assunto
25/05/2000 - A sombra das bananeiras
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