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Reclamam
do cronista a marcação radical contra o governo. Tenho razões para
isso, e é o próprio governo que me dá os motivos. Contudo, sinto-me
obrigado a abrir um claro na sucessão de críticas que faço ao poder
reinante. O projeto da transposição das águas dos rios São Francisco
e Tocantins é uma obra que pode compensar os desmandos, a abulia
e até mesmo os crimes sucessivos praticados contra o país pela administração
federal.
Já escrevi sobre isso na Folha, e recebi e-mails que me consideraram
ingênuo por achar que a obra é viável. Inviável é a inércia que
nada faz, inviável é o discurso em detrimento da ação.
Não sou entendido no assunto mas sei que tecnicamente a obra, apesar
de cara, pode ser bem sucedida. A China já realiza o transporte
de águas há séculos, inclusive de seu rio mais famoso, o Yang Tsé-kiang,
um dos maiores do mundo, uma espécie de Amazonas oriental.
O exemplo mais citado é o do rio Colorado, cujas águas foram desviadas
para o deserto do Arizona, até Phoenix, num percurso de quase quatro
mil quilômetros.
Uma obra dessas, apesar de caríssima, apesar das eventuais roubalheiras
que cercam os grandes projetos ( canais do Suez e Panamá, Brasília
etc ) marca um momento de efetivo progresso para o país.
Desde o Império que a seca desafia a compaixão nacional. Dizem que
Dom Pedro 2º chegou a chorar quando visitou as regiões flageladas.
A República fez açudes que deram mais lucro aos espertalhões de
sempre do que água para os nordestinos.
O argumento de que o projeto prejudicará a Bahia não procede. Os
rios são patrimônios nacionais. Preservado o meio ambiente - que
é principal preocupação ecológica - o São Francisco e o Tocantins
absorverão para o território nacional, em termos sociais e econômicos,
uma região que, em termos sócio-econômicos até agora só produziu
miséria, vergonha e morte.
Leia colunas anteriores
27/06/2000 - 50 anos de Maracanã
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13/06/2000 - Santo Antônio
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