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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  29 de junho
  Afinal,um elogio
   
   

Reclamam do cronista a marcação radical contra o governo. Tenho razões para isso, e é o próprio governo que me dá os motivos. Contudo, sinto-me obrigado a abrir um claro na sucessão de críticas que faço ao poder reinante. O projeto da transposição das águas dos rios São Francisco e Tocantins é uma obra que pode compensar os desmandos, a abulia e até mesmo os crimes sucessivos praticados contra o país pela administração federal.
Já escrevi sobre isso na Folha, e recebi e-mails que me consideraram ingênuo por achar que a obra é viável. Inviável é a inércia que nada faz, inviável é o discurso em detrimento da ação.
Não sou entendido no assunto mas sei que tecnicamente a obra, apesar de cara, pode ser bem sucedida. A China já realiza o transporte de águas há séculos, inclusive de seu rio mais famoso, o Yang Tsé-kiang, um dos maiores do mundo, uma espécie de Amazonas oriental.
O exemplo mais citado é o do rio Colorado, cujas águas foram desviadas para o deserto do Arizona, até Phoenix, num percurso de quase quatro mil quilômetros.
Uma obra dessas, apesar de caríssima, apesar das eventuais roubalheiras que cercam os grandes projetos ( canais do Suez e Panamá, Brasília etc ) marca um momento de efetivo progresso para o país.
Desde o Império que a seca desafia a compaixão nacional. Dizem que Dom Pedro 2º chegou a chorar quando visitou as regiões flageladas. A República fez açudes que deram mais lucro aos espertalhões de sempre do que água para os nordestinos.
O argumento de que o projeto prejudicará a Bahia não procede. Os rios são patrimônios nacionais. Preservado o meio ambiente - que é principal preocupação ecológica - o São Francisco e o Tocantins absorverão para o território nacional, em termos sociais e econômicos, uma região que, em termos sócio-econômicos até agora só produziu miséria, vergonha e morte.


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