![](images/shim.gif) |
Faz
de conta que aconteceu comigo. Mas a história, embora pareça exagerada,
é real em sua graduação dramática. Deu-se que estava fora, no exterior,
e telefonei para casa a fim de saber como iam as coisas. Dorinha,
minha doce secretária, atendeu-me como sempre, com gentileza e economia
de palavras. Ela sabe que telefone internacional custa caro. E me
defende com unhas e dentes de despesas que podem ser evitadas.
- Tudo bem, Dorinha?
- Tudo!
- Nenhuma novidade?
- Nenhuma.
- Posso ficar tranquilo?
- Pode.
- Então, chama a Joana, preciso dar um recado, ela me pediu um remédio
para a pressão alta...
Joana é a minha cozinheira.
- Ela não pode atender.
- Por que?
- Porque ela ontem se suicidou...
- Suicidou-se? Mas quê que houve com ela?
- A casa pegou fogo, ela ficou presa no quarto, preferiu se atirar
no pátio a morrer queimada...
- Mas como? A casa pegou fogo?
- Pegou.
- Mas como foi isso?
- O ladrão que matou Dona Marta jogou um cigarro aceso na lata de
lixo e aí o fogo pegou na casa toda...
- O que? Um ladrão matou minha mulher?
- Matou.
-Quer dizer, minha cozinheira se suicidou, minha casa pegou fogo
e mataram minha mulher... e tudo vai bem?
- Vai sim senhor. Fora disso, tudo está bem, não há novidade.
Leia colunas anteriores
29/06/2000 - Afinal, um elogio
27/06/2000 - 50 anos de Maracanã
22/06/2000
- Canivete de 2 Lâminas
20/06/2000
- Briga na Lagoa
15/06/2000
- No mesmo barco
|