![](images/shim.gif) |
Semana passada, fazendo palestra sobre o futuro da imprensa e do livro no mundo virtualizado, fui perguntado se o papel vai acabar como matéria-prima para a comunicação literária, ou seja, feita através de letras e símbolos. Evidente que não tenho gosto pelo ofício de profeta. Sei que a informática dá acesso a qualquer coisa impressa, texto ou foto. Com isso, é possível que daqui a duas gerações o livro, o jornal e a revista sejam que nem o Demoiselle 14 Bis do Santos Dumont: objetos de museu.
Nem por isso a comunicação escrita acabará. Outro dia vi um documentário sobre a pesquisa em Marte, os técnicos da Nasa diante de monitores manobrando aquele carrinho na superfície do nosso vizinho espacial. Todos eles tinham um reles bloquinho de notas, iguais a esses que os bicheiros usam para anotar o palpite zoológico da plebe. Ao lado de cada bloquinho, um lápis ou coisa equivalente.
Um desses técnicos até que devia ser descendente de português. O lápis estava preso na orelha, por sinal um local adequado, está sempre perto da gente, o lápis não corre o risco de cair da mesa ou se meter em lugar não sabido.
É possível que nas horas vagas, entediados com os complicados símbolos dos computadores, um desses técnicos, enquanto espera resposta de Marte, pegará um desses bloquinhos e nele desenhará um coração. Depois escreverá: "Eu amo Lucy!"
Leia colunas anteriores
04/04/2000 - Minha doce secretária
29/06/2000 - Afinal, um elogio
27/06/2000 - 50 anos de Maracanã
22/06/2000
- Canivete de 2 Lâminas
20/06/2000
- Briga na Lagoa
|