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Organização Mundial da Saúde (OMS) pesquisou os sistemas de saúde
em 191 nações. O Brasil ficou no 125º lugar. Depois de países como
Brunei, Sri Lanka, Fiji, Cabo Verde, Tonga, Butão e Paraguai.
Se for considerado só o quesito "justiça no pagamento do sistema",
o Brasil cai para a 189ª posição. Só não é pior do que Myanma (ex-Birmânia)
e Serra Leoa. Nesses lugares, como aqui, os pobres pagam, proporcionalmente,
muito mais pela saúde do que os ricos.
É só passar na farmácia para identificar uma parte desse retrato.
Os remédios costumam ter reajustes acima da inflação, dos salários
e das aposentadorias. Estudo feito pela Unicamp mostrou que laboratórios
aumentaram seus preços em até 232% entre 95 e 98. A inflação no período
foi de 39,53%.
Segundo a Unicamp, 50 laboratórios da indústria farmacêutica (de um
total de 400) dominam 89,69% do mercado. A concentração e o poder
do setor ajudam a explicar a ferocidade dos aumentos. A hesitação
do governo em defender o cidadão-consumidor também. Dá para supor
quem mais perde com essa situação e acaba comprometendo mais renda
com a saúde, digo, a doença.
O Ministério da Saúde contesta os números da OMS. Mas eles ainda estão
expostos nas filas de hospitais, na correria dos médicos, nas greves
de servidores, no avanço de doenças da pobreza. O serviço de saúde
que o governo oferece é, em geral, uma droga mesmo.
Apesar de alguns esforços, a tendência é de desmanche do setor na
área pública. O desvio de verbas foi constante nos últimos anos. Para
os mais pobres não há, como regra, alternativa aos conturbados, depenados
e melancólicos postos.
A classe média tenta pular para os planos privados. Busca alguma segurança.
Esbarra nos reajustes acima da inflação, nos prazos de carência e
nas exigências das empresas. Os doentes crônicos são simplesmente
rejeitados.
Contrariando a lei, os planos de saúde não aceitam cidadãos com Aids,
HIV, câncer, diabetes. Eles, na prática, só querem os sadios como
clientes. Os demais que entrem nas filas dos postos. A privatização
da saúde não quer ter incomodação e gastos com a doença. E o controle
oficial, de novo, hesita em defender, com energia, o cidadão.
Nesse quadro, não dá para enxergar nem a famosa "Belíndia" desenhada
pelo economista Edmar Bacha. Aqui estamos bem atrás não só da Bélgica
como da Índia. Esse país está para lá do Paraguai. É vizinho do Haiti,
que é aqui mesmo.
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