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17 de agosto |
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Presidente
não enxerga como controlar desperdícios públicos |
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"É
escandaloso assistir ao desperdício do dinheiro público sem que haja
quem responda institucionalmente por ele". A frase é do presidente
da República Fernando Henrique Cardoso.
O comentário foi feito a propósito dos debates no Senado sobre o "descalabro"
ocorrido na obra do TRT de São Paulo. Para FHC, as formas de controle
para evitar perdas e desvios nos gastos do governo "são praticamente
inexistentes".
Depois de cinco anos e meio de administração, é essa a constatação
oficial. O presidente adianta que tomará medidas e fará sugestões,
"brevemente", para tentar controlar os gastos da máquina pública.
Está bom. Vamos esperar. Mas a declaração do presidente parece uma
confissão de impotência perante descalabros administrativos e a corrupção.
Pior. Pode ser vista como uma senha para o vale-tudo nos escalões
inferiores do governo.
Ninguém espera que o presidente tenha olhos para enxergar e coibir
todas as falcatruas possíveis na administração federal. Mas precisa
haver vontade de apurar e punir. Até agora, os casos levantados deixaram
rastros de sombras, suspeitas e a sensação de impunidade.
Fica a impressão de que tudo acaba em operação abafa. Nada é investigado
em profundidade. Como se o governo, comandado pelo importante intelectual,
pudesse ter imunidade contra acusações de irregularidades.
Em vários países, nenhum governante parece ter direito a esse cheque
em branco, a esse atestado de idoneidade incontestável que a administração
local almeja. Basta olhar para os que já foram poderosos e respeitados
na Alemanha, Itália, França.
Em vez de mostrar transparência, a estratégia do governo tem sido
atacar os que apuram e tratar de gerar fatos positivos para abafar
o escândalo Eduardo Jorge. A última do Planalto foi falar em ação
contra cartéis _uma causa popular que pode lembrar os bons tempos
dos fiscais do Sarney.
Agora, o alvo é o preço do combustível. Mas está difícil. Como, na
prática, o governo não tem como coibir aumentos nos postos e sabe
que os cartéis são fortes, a saída é sacar dos ganhos da Petrobras
_do Tesouro, em última instância.
A parcela mais forte dentro do governo, como se sabe, é defensora
do livre mercado e tem ojeriza a controle de preços. De olho em 2002,
os mais preocupados com a popularidade do presidente sonham em medidas
intervencionistas.
Por enquanto, o governo diz que vai monitorar a margem de lucro dos
postos. Já contratou uma empresa para isso. Sem licitação.
Vamos aguardar os novos fatos positivos. E torcer para que o presidente
não se escandalize mais. Nem nós.
Leia
colunas anteriores
10/08/2000 - Caso EJ não pode ficar
na base do "nunca ouvi falar"
03/08/2000 - Trens de subúrbio lembram
a vergonha dos navios negreiros
27/07/2000 - Socorro
a bancos tem meia (esquisita) história contada
20/07/2000 - Eduardo
Jorge enreda Planalto; transparência é a única saída
13/07/2000
- Documento mostra que FHC atuou no
"descalabro" do TRT
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