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20 de julho |
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Eduardo
Jorge enreda Planalto; transparência é a única saída |
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Não
adianta tapar o sol com a peneira. O presidente deve, sim, uma explicação
cabal sobre o que se passou na sala ao lado de seu gabinete no Palácio
do Planalto. A cada dia que passa surgem novos indícios de
que Eduardo Jorge Caldas, seu ex-auxiliar direto, usou sua influência
para catapultar negócios sombrios.
A estratégia do presidente é tentar colocar o caso dentro
de um contorno "individual". Como se a atuação
do primeiro-auxiliar não tivesse nada a ver com a Presidência.
Não dá. A história já ganhou ingredientes
que extrapolam condutas solitárias. Envolve empresas, pressões,
segredos de Estado e... muito dinheiro.
Se não tem nada a esconder, a atitude mais saudável
do Executivo seria agilizar e facilitar as investigações
em torno do caso. Mas não é o que está acontecendo.
Ao contrário, o governo manobra para abafar o escândalo
no Congresso e impedir a criação de uma CPI. Já
os procuradores reclamam que o Banco Central demora em passar dados
importantes sobre o desvio de verba do TRT.
A tentativa aberta de encobrir o episódio só lança
mais dúvidas sobre o Planalto. O presidente parece fingir que
nada é com ele e busca escapar de simples perguntas em entrevista.
Nos bastidores, áulicos procuram desviar o foco do problema
da Presidência.
O próximo capítulo da história virá com
a quebra de sigilo de Eduardo Jorge. Aí ele poderá sair
da sombra. O Planalto já não esconde seu temor de que
coisas muito desagradáveis sejam desvendadas.
O que o próprio Eduardo Jorge tem em seu poder também
é obscuro. O Palácio teme que a arquivo pessoal do primeiro-auxiliar
vaze. Entre outras coisas, ele investigou o dossiê Caribe, uma
papelada _cuja autenticidade nunca foi provada_ que registrava uma
empresa no Caribe pertencente a FHC, Mário Covas, José
Serra e Sérgio Motta.
É uma história cabeluda. E Eduardo Jorge certamente
tem muito a dizer. O presidente deveria ser o primeiro a estimular
que toda a verdade apareça.
Nossa democracia só vai crescer com a transparência.
Afinal, não foi essa a lição que se aprendeu,
no início da década, no processo de impeachment? Estamos
diante de um novo teste hoje.
Leia
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13/07/2000
- Documento mostra que FHC atuou no
"descalabro" do TRT
06/07/2000 - Governo chama de autista
quem não se alinha com ele
29/06/2000 - Na contramão, Covas parece
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22/06/2000 - Organização Mundial da
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15/06/2000 - Tragédia no Rio
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08/06/2000 - Banqueiro é preso,
mas como é que fica o resto?
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