NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
  20 de julho
  Eduardo Jorge enreda Planalto; transparência é a única saída
 
   
  Não adianta tapar o sol com a peneira. O presidente deve, sim, uma explicação cabal sobre o que se passou na sala ao lado de seu gabinete no Palácio do Planalto. A cada dia que passa surgem novos indícios de que Eduardo Jorge Caldas, seu ex-auxiliar direto, usou sua influência para catapultar negócios sombrios.
A estratégia do presidente é tentar colocar o caso dentro de um contorno "individual". Como se a atuação do primeiro-auxiliar não tivesse nada a ver com a Presidência. Não dá. A história já ganhou ingredientes que extrapolam condutas solitárias. Envolve empresas, pressões, segredos de Estado e... muito dinheiro.
Se não tem nada a esconder, a atitude mais saudável do Executivo seria agilizar e facilitar as investigações em torno do caso. Mas não é o que está acontecendo. Ao contrário, o governo manobra para abafar o escândalo no Congresso e impedir a criação de uma CPI. Já os procuradores reclamam que o Banco Central demora em passar dados importantes sobre o desvio de verba do TRT.
A tentativa aberta de encobrir o episódio só lança mais dúvidas sobre o Planalto. O presidente parece fingir que nada é com ele e busca escapar de simples perguntas em entrevista. Nos bastidores, áulicos procuram desviar o foco do problema da Presidência.
O próximo capítulo da história virá com a quebra de sigilo de Eduardo Jorge. Aí ele poderá sair da sombra. O Planalto já não esconde seu temor de que coisas muito desagradáveis sejam desvendadas.
O que o próprio Eduardo Jorge tem em seu poder também é obscuro. O Palácio teme que a arquivo pessoal do primeiro-auxiliar vaze. Entre outras coisas, ele investigou o dossiê Caribe, uma papelada _cuja autenticidade nunca foi provada_ que registrava uma empresa no Caribe pertencente a FHC, Mário Covas, José Serra e Sérgio Motta.
É uma história cabeluda. E Eduardo Jorge certamente tem muito a dizer. O presidente deveria ser o primeiro a estimular que toda a verdade apareça.
Nossa democracia só vai crescer com a transparência. Afinal, não foi essa a lição que se aprendeu, no início da década, no processo de impeachment? Estamos diante de um novo teste hoje.

Leia colunas anteriores
13/07/2000 - Documento mostra que FHC atuou no "descalabro" do TRT
06/07/2000 - Governo chama de autista quem não se alinha com ele

29/06/2000 - Na contramão, Covas parece querer incentivar a violência
22/06/2000 - Organização Mundial da Saúde escancara fosso social no Brasil

15/06/2000 - Tragédia no Rio mostra três faces do abandono no Brasil
08/06/2000 - Banqueiro é preso, mas como é que fica o resto?

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.