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Um
jovem estudante brasileiro viajou a Praga e me escreve contando
como vão as coisas, na preparação para as manifestações
do dia 26 contra a reunião do FMI e do Banco Mundial.
Eu gostaria de reproduzir seus e-mails, mas ele pede que não
e argumenta: "Eu tenho uma certa liberdade que, se virar mídia
mainstream, eu perco na hora. E também porque eu realmente
não quero passar informação dessa forma".
Tem dias em que não é fácil ser "mainstream",
mas ele tem lá seus motivos. O fato é que manifestações
como as de Praga vêm gerando uma cobertura _até um
jornalismo_ diferente do que se conhece.
O estudante vinha exatamente de uma reunião para montar o
Independent Media Center da cidade. É mais um entre as dezenas
de IMCs formados pelo mundo desde o primeiro, criado em Seattle,
em novembro último.
O primeiro foi lá, mas os códigos e métodos
da chamada Indymedia foram definidos já na cobertura das
manifestações pioneiras _e pouco lembradas, hoje_
do J18. J18 é como se designa o protesto antiglobalização
realizado em 18 de junho de 99, em Londres. O protesto de Seattle
foi o N30. O de Praga é o S26.
Algumas das características dos IMCs:
1. são formados por redes de organizações
de mídia alternativa e ativistas autônomos;
2. fornecem relatos em tempo real, fotos, gravações
de áudio e vídeo pela Internet;
3. seus sites, específicos para cada protesto, têm
um sistema de publicação aberta, sem edição,
para e-mails;
4. em alguns casos, publicam seus próprios jornais,
para distribuição durante as manifestações;
5. se autodescrevem como "abertos, democráticos,
multilinguísticos e não-sectários".
Seria possível seguir com os tópicos longamente, mas
quem quiser saber mais ou participar ou até criar um IMC
no Brasil, que ainda não tem, pode ir direto ao site Indymedia.
Leia
colunas anteriores
13/09/2000 - Democracias
06/09/2000 - Praga, dia 26
30/08/2000 - Barbárie
estilizada
23/08/2000 - Raul
Cortez, primeiro ator
16/08/2000 - Big Brother
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