Os brasileiros, ou melhor, a televisão brasileira entrou pela noite com a eleição americana. Parecia que nós tínhamos votado, nós, também americanos. _ Por quem devo torcer, quem é o mais simpático, o mais confiável, o menos racista.
A sensação de fazer parte da América é cada vez maior, do Halloween na semana passada à saudade do taco do Jack in the Box, séculos atrás, na Brigadeiro Luís Antônio.
Aparece um filme como "Alta Fidelidade" e a nostalgia de John Cusack, dos romances de juventude embalados por música pop, é a nossa nostalgia. Até as namoradas parecem ter sido as mesmas. As minhas, pelo menos.
Latino presunçoso, sempre me considerei quase um americano. Teve época de achar que não tinha sotaque. Morei na Califórnia nos anos 70, estudei em High School, fumei pela primeira vez atrás do campo de futebol americano.
Assisti à primeira peça no teatro da escola, um musical que me pareceu maravilhosamente bem realizado, "Damn Yankees", malditos ianques, sobre o time de beisebol, musical do qual nunca me recuperei: até hoje me ofendo pessoalmente quando falam mal do gênero.
Pois bem, agora os musicais estão em cartaz aqui mesmo: semana que vem estréia "O Beijo da Mulher Aranha", depois "A Bela e a Fera", "Les Misérables", "Chicago" _o preferido de Antônio Araújo, até ele.
Morei uma segunda vez na América, como jornalista, em Nova York, no fim dos anos 80. Arrumei namorada americana, fui ofendido por negros por ser branco, não saía do Soho _e da Broadway, para onde volto quase todo ano, até hoje, como a Meca.
Sempre que chega eleição, como agora, acompanho debates e comícios na C-Span e leio tudo. Como bom liberal americano, confiro o editoral do "New York Times" para decidir sobre a minha escolha. Não entendo por que não me deixam votar de uma vez, cidadão de Roma que sou.
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