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crossi@uol.com.br
 
27 de setembro
  O que é e o que se vê
 

Não tenho condições de saber como a TV brasileira tratou as manifestações e incidentes da terça-feira aqui em Praga. Mas, se repetiu a dose dos canais tchecos e da CNN, o telespectador brasileiro ficará com a nítida sensação de que os adversários do FMI (Fundo Monetário Internacional) e, mais abrangentemente, da globalização, não passam de uns vândalos loucos para sair para o quebra-quebra.

Falso. Há, de fato, um punhado de vândalos que vai para as manifestações pronto para a baderna pura e simples.

Mas a maioria dos manifestantes segue outra lógica, ruidosa, é verdade, mas civilizada e até alegre (menos, claro, para as vítimas dos cercos que montam a eventos internacionais como o Encontro Anual do FMI e do Banco Mundial, oficialmente inaugurado na terça-feira).

A divergência entre os dois grupos é de tal natureza que algumas ONGs (Organizações Não-Governamentais) não tiveram o menor acanhamento em distribuir nota oficial para criticar a violência empregada por seus companheiros de protesto.

O problema é que, ao contrário do que diz um certo comercial, imagem é tudo. E a imagem mais forte é, evidentemente, a do quebra-quebra, a das bombas de gás lacrimogêneo com as quais a polícia reage, a de gente ferida, a do sangue escorrendo, a de gente sendo presa.

É inevitável, por isso, que predominem essas imagens em prejuízo das manifestações não-violentas, até porque imagens fortes dispensam legenda, ao passo que explicar as razões dos protestos necessita, sim, legenda e até investir algum tempo para decifrar do que de fato se trata.

De todo modo, os manifestantes, violentos ou não, ganharam mais uma vez o dia. No horário nobre da TV tcheca, apareceram muito mais que os atos oficiais do Encontro do FMI. O que, por sua vez, funciona como emulação:

na próxima reunião internacional, o pessoal vai querer superar Praga e promover atos ainda mais espetaculares.


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