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crossi@uol.com.br
 
4 de outubro
  As urnas, vistas de longe
 

A única vantagem de passar o dia das eleições fora do Brasil (o que me ocorre pela primeira vez) é a de poder ler tudo o que os outros escrevem com o mínimo de paixão, graças à distância.

De alguma forma, por mais que você conheça os candidatos envolvidos em muitas das disputas, vendo a coisa de longe dá a impressão de que não são de verdade, mas pedacinhos de papel (ou de tela de computador).

A outra vantagem é a de poder ler mais atentamente o noticiário sobre as eleições publicado pelos jornais estrangeiros. Vantagem que, este ano, não foi lá grande coisa, posto que tupiniquins e gringos coincidiram nas análises.

Tanto o "Financial Times" britânico como a edição européia de "The Wall Street Journal" dizem que a esquerda ganhou, mas recomendam que os investidores não arrancam os cabelos, já que o resultado do pleito municipal não se reproduzirá necessariamente na sucessão presidencial de 2002.

Os jornais brasileiros, uns mais, outros menos, também enfatizam o
avanço da esquerda, do PT em especial, que passou dos 62 milhões de votos de 1996 para os 71 milhões agora, um crescimento de sete pontos percentuais.

Até o site "Primeira Leitura", do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, joga no mesmo time. Diz o texto nele publicado: "Por mais que o governo federal queira fazer o jogo da Poliana, o fato é que as oposições saem fortalecidas das eleições municipais. (...) Ignorar que a oposição mudou de patamar no pleito municipal é negar uma evidência política".

A partir dessa análise, o site cobra "uma nova inflexão do governo rumo ao social", sob pena de sofrer "fragorosa derrota" em 2002.

Por mim, a tal de "inflexão social" deveria ter sido adotada desde 1º de janeiro de 1995, o dia em que FHC tomou posse pela primeira vez. Não foi. Nem foi quando Luiz Carlos Mendonça de Barros era ministro.

Não sei se, agora, o governo muda a sua ênfase, do monopólio da
estabilidade para a convivência entre estabilidade e resgate da
formidável dívida social.

O que me parece evidente é quem, em 2002, melhor se apresentar como capaz de combinar uma e outra coisa acabará ganhando.

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20/09/2000 - Fujimori faz FHC passar vergonha
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