NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Clóvis Rossi
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Nelson de Sá
Vaguinaldo Marinheiro

Clóvis Rossi
crossi@uol.com.br
 
1º de novembro
  Falsos brilhantes
  É notável a capacidade que têm setores das elites latino-americanas de fabricar lideranças, revestindo-as de ouro e prata, quando não passam de bijuterias baratas, para vendê-las ao público eleitor.

No Brasil, foi, por exemplo, o caso de Fernando Collor de Mello. Boa parte da mídia ofereceu-o a seus leitores e telespectadores como um estadista, um "caçador de marajás", um "Indiana Collor", para usar terminologia adotada por exemplo pela revista "Veja".

Depois, os mesmíssimos veículos passaram a tratá-lo como delinquente. Entre um extremo e outro, não houve nem ao menos um "erramos", ou seja, um bilhete ao leitor/telespectador para dizer algo assim:

"Desculpem-nos, pensamos que se tratava de um estadista e descobrimos que não passa de um vigarista".

Ou, se fossem definitivamente sinceros, teriam dito: "Tivemos que endeusá-lo para evitar que Lula ou Brizola fosse eleito. Mas agora podemos contar os fatos como os fatos são".

No México, houve outra dose parecida, com Carlos Salinas de Gortari, o antecessor do atual presidente, Ernesto Zedillo. Salinas não era "Indiana", mas era "Hormiga Atómica" ("Formiga Atômica"), e era também um Deus, o modernizador do México.

Tenho nos arquivos alguns textos, de lustrosas grifes do jornalismo tupiniquim e internacional, que, republicados hoje, provocariam gargalhadas, ao menos para quem sabe que Salinas não passa de um foragido da Justiça.

O mais recente integrante da coleção de falsos brihantes chama-se Alberto Fujimori e ocupa o cargo de presidente do Peru.

Enquanto matava guerrilheiros e a inflação, era catapultado às alturas.

Ninguém prestava atenção ao fato de que estava também matando e torturando inocentes, em claras e continuadas violações aos direitos humanos.

Fujimori tinha o seu próprio PC, na figura de Vladimiro Montesinos, chefe de seu serviço secreto e operador de todas as coisas sujas. Poucos pareciam se incomodar, porque o importante não era a sujeira, mas a abertura da economia, as privatizações etc.

Agora, Fujimori está nu, Montesinos é tratado como fora-da-lei, o que sempre foi, e todo o edifício montado pelos dois faz água por todos os lados.

Não duvide, pois, que, em 2002 (ou até antes), grupos da mesma linhagem dêem uma guaribada em algum personagem tupiniquim e o apresentem como o novo deus.

Leia colunas anteriores
25/10/2000 - Bateu, publicou
18/10/2000 - Terrorismo e Colonialismo
04/10/2000 - As urnas, vistas de longe
27/09/2000 -
O que é e o que se vê
20/09/2000 - Fujimori faz FHC passar vergonha

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.