NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Clóvis Rossi
crossi@uol.com.br
 
25 de outubro
  Bateu, publicou
  A polêmica do momento na Espanha gira em torno da proposta do presidente da Junta (governador) de Castilla-La Mancha, o socialista José Bono, de publicar a lista dos condenados por maus tratos às mulheres.

Mesmo com a ressalva de que a lista só conteria os nomes daqueles condenados em definitivo, juizes e promotores são contra.

Alegam que a publicação atenta contra a dignidade dos condenados (o que significa reconhecer que mesmo condenados têm direito a tratamento digno), estende a mancha às suas famílias, dificulta a reinserção social dos condenados. Tudo somado, a pena acabaria sendo superior à prevista no Código Penal.

Associações de mulheres, ao contrário, defendem a proposta, mesmo reconhecendo que, por si só, ela não resolverá o problema.

A polêmica tem como pano de fundo os números, mais exatamente o de mulheres mortas por seus maridos ou companheiros: foram 33 durante todo o ano de 1997, 42 em 99 e 35 só no primeiro semestre deste ano.

O que, por sua vez, significa o fracasso de um certo "Plano de Ação Contra a Violência Doméstica", lançado pelo governo conservador há dois anos.

Mas há um caso concreto que tornou ainda mais acesa a polêmica. Na terça-feira, foi levada à prisão a "Tani", a cigana Teresa Moreno Maya, condenada a 14 anos por ter matado a tiros seu marido, em uma "chabola" (versão espanhola, embora melhorada, das favelas brasileiras).

"Tani" apanhava do marido, alcoólatra, desde que se casou. Presa após o crime, ficou em liberdade condicional, conseguiu emprego de faxineira e, mesmo com o magro salário, acabou alugando um pequeno canto para morar com os quatro filhos. Estava começando "a ser gente", disse ela ao jornal "El Mundo".

Por isso mesmo, houve uma formidável mobilização social e de entidades femininas para que "Tani" não ficasse presa e, assim, pudesse continuar a "ser gente" e a cuidar dos filhos, graças ou a um indulto ou ao regime de prisão aberta.

Conto esta história toda apenas para mostrar o abismo que existe entre a Espanha, economicamente do tamanho do Brasil, e um certo país tropical em que uma parcela importante do público dá o aval a quem cunhou a expressão "estupra, mas não mata".

Leia colunas anteriores
18/10/2000 - Terrorismo e Colonialismo
04/10/2000 - As urnas, vistas de longe
27/09/2000 -
O que é e o que se vê
20/09/2000 - Fujimori faz FHC passar vergonha
13/09/2000 -
Igreja, culpa e prepotência

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.