Muitos
colunistas estão monotemáticos, mas está difícil fugir do assunto
"primeiros dias e primeiros atos" dos prefeitos eleitos em outubro.
Eles dão motivos para tristeza, piadas e indignação.
Primeiro vamos falar de São Paulo. Na minha opinião, os prefeitos
desta cidade não deveriam tomar posse em janeiro. Não é justo. Nem
bem sentam na cadeira e já são brindados com um dos principais problemas
de São Paulo: chuvas e enchentes.
Com Marta não foi diferente. Na segunda semana de governo teve que
presenciar córregos transbordando, galerias não suportando o acúmulo
de água, casas alagadas, trânsito parado, apagões. E quantas vezes
mais vai acontecer isso nestes seus primeiros meses de governo?
Muitas.
O problema é que a prefeita não tem muito o que fazer. Afirmou ontem
que vai direcionar recursos para limpar córregos e mandou limpar
piscinões. Vai adiantar? Pouco. O problema das chuvas em São Paulo
só será resolvido com obras caras de infra-estrutura que exigem
um comprometimento da prefeitura e do governo do Estado.
A enumeração de providências a tomar já está até repetitiva, mas
é preciso reformar as galerias pluviais da cidade, construir mais
piscinões, aprofundar a calha do Tietê, recuperar áreas de várzea
para aumentar a capacidade de absorção do solo, limpar bueiros e
canalizar córregos. E isso não se faz da noite para o dia. Não são
obras emergenciais que vão resolver os transbordamentos do córrego
Pirajussara, por exemplo.
Não quero aqui desculpar a priori a prefeita neste ano. Mas os transtornos
causados pelas chuvas agora devem ser creditados às administrações
anteriores, que pouco fizeram para atenuar o problema.
Já o real teste de Marta nessa área ocorrerá no ano que vem. Ela
vai ter que provar que não apenas toma medidas de impacto no dia
seguinte às chuvas ("limpem os córregos"), mas que vai trabalhar
todo este ano para minimizar os efeitos das chuvas do ano que vem.
Minha vida de cachorro
Na linha imite seu mestre, a secretária extraordinária de Defesa
dos Animais do Rio de Janeiro, Maria Lúcia Frota, lançou seu factóides
como tem feito o prefeito César Maia. Nesta semana "nomeou" a cadela
Doca como "oficial de gabinete" para acompanhá-la em eventos oficiais.
O animal não terá salário, mas ficara acompanhada todo o tempo por
seu treinador, um guarda municipal que ganha R$ 500 por mês.
Além do ato, a nova secretária capricha nas frases. Veja dois exemplos:
"Os animais se reproduzem de forma explosiva e ficam abandonados
nas ruas, sendo vítimas de brutalização por parte daqueles que têm
comportamento desviante. Você não faz idéia da quantidade de animais
estuprados que a gente encontra" (!!), ou "A prevenção da violência
contra os bichos previne a violência contra os homens."
Nepotismo
Esse tema surge todo o tempo. É ético nomear parentes para cargos
públicos? Existe isenção na hora de analisar a competência de um
parente?
O Partido dos Trabalhadores, sempre preocupado com a moralidade
administrativa alheia, parece agora considerar ético o nepotismo.
Pelo menos foi o que disse o presidente nacional do partido, José
Dirceu, ao defender a contratação da mulher do prefeito de Recife,
João Paulo, para um cargo de assessora na prefeitura.
Ao menos até ontem, o prefeito zen (que medita, diz levitar e mudou
a disposição dos móveis de seu gabinete para receber mais energia)
ainda não conseguiu explicar por que nomeou a mulher ou por que
ela vai passar a ganhar um salário, uma vez que já exercia funções
similares em dois outros governos sem receber.
Aqui importa pouco saber se Luiza Jeanne de Oliveira e Silva, a
mulher de João Paulo, é competente. Num país cansado de favorecimentos,
o governante deve não apenas ser honesto, mas também parecer honesto
e dar exemplo. E, a não ser que um parente seja essencialíssimo
e imprescindível para o funcionamento da máquina pública, o governante
deve é optar por uma outra pessoa.
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- Lalau mostra que o Brasil separa
seus presos por castas
04/01/2001 - Marta e Maia
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31/12/2000 - Ainda uma era de
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