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Vaguinaldo Marinheiro

Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  11 de janeiro de 2001
  As águas de Marta, a cachorra
do Rio, a mulher de João Paulo
 

Muitos colunistas estão monotemáticos, mas está difícil fugir do assunto "primeiros dias e primeiros atos" dos prefeitos eleitos em outubro. Eles dão motivos para tristeza, piadas e indignação.

Primeiro vamos falar de São Paulo. Na minha opinião, os prefeitos desta cidade não deveriam tomar posse em janeiro. Não é justo. Nem bem sentam na cadeira e já são brindados com um dos principais problemas de São Paulo: chuvas e enchentes.

Com Marta não foi diferente. Na segunda semana de governo teve que presenciar córregos transbordando, galerias não suportando o acúmulo de água, casas alagadas, trânsito parado, apagões. E quantas vezes mais vai acontecer isso nestes seus primeiros meses de governo? Muitas.

O problema é que a prefeita não tem muito o que fazer. Afirmou ontem que vai direcionar recursos para limpar córregos e mandou limpar piscinões. Vai adiantar? Pouco. O problema das chuvas em São Paulo só será resolvido com obras caras de infra-estrutura que exigem um comprometimento da prefeitura e do governo do Estado.

A enumeração de providências a tomar já está até repetitiva, mas é preciso reformar as galerias pluviais da cidade, construir mais piscinões, aprofundar a calha do Tietê, recuperar áreas de várzea para aumentar a capacidade de absorção do solo, limpar bueiros e canalizar córregos. E isso não se faz da noite para o dia. Não são obras emergenciais que vão resolver os transbordamentos do córrego Pirajussara, por exemplo.

Não quero aqui desculpar a priori a prefeita neste ano. Mas os transtornos causados pelas chuvas agora devem ser creditados às administrações anteriores, que pouco fizeram para atenuar o problema.

Já o real teste de Marta nessa área ocorrerá no ano que vem. Ela vai ter que provar que não apenas toma medidas de impacto no dia seguinte às chuvas ("limpem os córregos"), mas que vai trabalhar todo este ano para minimizar os efeitos das chuvas do ano que vem.

Minha vida de cachorro

Na linha imite seu mestre, a secretária extraordinária de Defesa dos Animais do Rio de Janeiro, Maria Lúcia Frota, lançou seu factóides como tem feito o prefeito César Maia. Nesta semana "nomeou" a cadela Doca como "oficial de gabinete" para acompanhá-la em eventos oficiais.

O animal não terá salário, mas ficara acompanhada todo o tempo por seu treinador, um guarda municipal que ganha R$ 500 por mês.

Além do ato, a nova secretária capricha nas frases. Veja dois exemplos: "Os animais se reproduzem de forma explosiva e ficam abandonados nas ruas, sendo vítimas de brutalização por parte daqueles que têm comportamento desviante. Você não faz idéia da quantidade de animais estuprados que a gente encontra" (!!), ou "A prevenção da violência contra os bichos previne a violência contra os homens."

Nepotismo

Esse tema surge todo o tempo. É ético nomear parentes para cargos públicos? Existe isenção na hora de analisar a competência de um parente?

O Partido dos Trabalhadores, sempre preocupado com a moralidade administrativa alheia, parece agora considerar ético o nepotismo. Pelo menos foi o que disse o presidente nacional do partido, José Dirceu, ao defender a contratação da mulher do prefeito de Recife, João Paulo, para um cargo de assessora na prefeitura.

Ao menos até ontem, o prefeito zen (que medita, diz levitar e mudou a disposição dos móveis de seu gabinete para receber mais energia) ainda não conseguiu explicar por que nomeou a mulher ou por que ela vai passar a ganhar um salário, uma vez que já exercia funções similares em dois outros governos sem receber.

Aqui importa pouco saber se Luiza Jeanne de Oliveira e Silva, a mulher de João Paulo, é competente. Num país cansado de favorecimentos, o governante deve não apenas ser honesto, mas também parecer honesto e dar exemplo. E, a não ser que um parente seja essencialíssimo e imprescindível para o funcionamento da máquina pública, o governante deve é optar por uma outra pessoa.


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