Apple revela detalhes da Apple TV+ para concorrer com a Netflix

Projeto terá investimento de mais de US$ 1 bi e nomes como Spielberg, J.J. Abrams, Oprah Winfrey e Jennifer Aniston

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Cupertino (EUA)

​​A Apple anunciou, nesta segunda-feira (25), os detalhes do que promete ser a maior reinvenção da empresa desde o lançamento do iPhone: a Apple TV+, serviço de conteúdo de streaming que também transforma a empresa criada por Steve Jobs em uma provedora de mídia e séries originais, criando a concorrência direta com com Neftlix e Amazon Prime.

Em preparação desde 2017, a Apple TV+ teve um investimento inicial acima do US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4 bilhões) e começou a tomar forma com a contratação de Zack Van Amburg e Jamie Erlicht, dupla de veteranos executivos da Sony TV. Os dois são responsáveis pela supervisão da produção mundial das séries para a Apple e, sem poupar esforços, fizeram acordos com nomes de peso, como Steven Spielberg, J.J. Abrams, Oprah Winfrey, Reese Witherspoon, Jennifer Aniston, M. Night Shyamalan e Jason Momoa.

 

O serviço não será integrado com o Apple Music, como muitos esperavam, mas um plano de assinaturas semelhante aos servidos pela Netflix, que somava 139 milhões de assinantes no mundo no fim de 2018. Previsto para estrear no segundo semestre em mais de cem países, inclusive no Brasil, a Apple TV+ cobrará uma mensalidade ainda não definida para o acesso aos conteúdos originais. Mas a empresa conta com um time forte para atrair os espectadores.

Em um evento no Steve Jobs Theatre, dentro do complexo Apple Park, em Cupertino, a empresa recebeu grandes nomes de Hollywood para revelar os ambiciosos planos para a Apple TV+. “Isso é apenas a ponta do iceberg”, disse Tim Cook, CEO da Apple, ao apresentar as primeiras cenas de séries como “The Morning Show”, “See” e “For All Mankind”. “TV é muito mais que apenas entretenimento. É cultural. A televisão enriquece nossas vidas e podemos compartilhar o sentimento com as pessoas que amamos.”

O primeiro convidado foi o diretor Steven Spielberg, que se declarou “agradecido” a Apple antes de apresentar a nova versão da série de antologia “Histórias Fantásticas”. “Vamos ressuscitar essa marca para diversas gerações”, disse o cineasta, que foi criticado recentemente por lutar contra a presença de empresas de streaming em premiações para cinema.

Em seguida, foi a vez das atrizes Jennifer Aniston e Reese Witherspoon falarem sobre “The Morning Show”, série sobre os bastidores de um programa matinal em Los Angeles. “É um olhar sobre as vidas das pessoas que ajudam os Estados Unidos a acordarem todos os dias”, explicou Witherspoon, antes de receber outro ator do elenco, Steve Carell.

A primeira incursão da Apple ainda teve apresentações de J.J. Abrams (“Little Voice”) com um pequeno show da cantora e atriz Sara Bareilles; Jason Momoa e Alfre Woodward adiantando as primeiras informações da série pós-apocalíptica “See”; o roteirista e ator Kumail Nanjiani (“Little America”); e até Garibaldo, responsável por divulgar um novo programa infantil dos responsáveis por “Vila Sésamo”.

A última atração foi a produtora, atriz e apresentadora Oprah Winfrey, que desenvolve várias séries em parceria com a Apple TV+. “Temos a oportunidade única de nos elevarmos e escolhermos como usar nossa tecnologia e nossa humanidade”, disse ela. “Por isso vim para a Apple.”

Neste momento, cinco séries originais já foram filmadas e mais seis estão em processo de finalização. A Apple quer estrear a Apple TV+ com mais duas dúzias de séries criadas ou produzidas por Winfrey, Damien Chazelle (“La La Land”), Chris Evans (“Vingadores”), entre outros.

Um dos grandes desafios da Apple será equilibrar conteúdo atraente em um mercado já saturado e sua reputação junto a acionistas e clientes. Segundo o The Wall Street Journal, executivos da empresa ficaram preocupados quando souberam que o novo suspense de Shyamalan lidava com imagens de crucifixos —os objetos foram mantidos.

Diversificação e assinaturas

A estratégia da primeira é diversificar seu catálogo, principalmente depois da queda nas vendas dos iPhones. A maneira mais fácil, acredita Tim Cook, é gerando vários serviços e conteúdos para seus clientes.

A apresentação dessa segunda-feira mostrou exatamente isso: além da Apple TV+, a empresa também revelou um novo cartão de crédito (Apple Card) e dois programas de assinaturas de games (Apple Arcade) e notícias (Apple News+). Todos com ênfase na proteção total dos dados dos clientes e no compartilhamento familiar.

O Apple Arcade reunirá cerca de cem jogos exclusivos mais complexos e pesados, que costumam cobrar pelo download. Desta forma, o assinante do serviço —ainda sem preço definido e previsto para o segundo semestre, inclusive no Brasil—, poderá baixar qualquer jogo sem precisar pagar extras.

A Apple aposta também na ampliação do fornecimento de notícias, dado ênfase ao aplicativo Apple News, agora rebatizado de Apple News+. Segundo Tim Cook, o serviço focará o jornalismo sério e confiável e o catálogo de revistas disponíveis para os dispositivos da Apple. “Acreditamos no poder do jornalismo sério e no impacto que têm sobre nossas vidas”, discursou Cook.

O serviço terá cerca de 300 títulos especificamente desenhados para o app, além de jornais como Los Angeles Times e The Wall Street Journal, todos acessados por uma mensalidade de US$ 9,99 —com direito a compartilhamento familiar grátis. O serviço já está disponível nos EUA e Canadá, devendo expandir para Inglaterra até o fim do ano, mas sem data no Brasil —onde a Apple está em negociação com os principais veículos. ​

A Apple garante que todo o conteúdo do Apple News+ será privado, já que será baixado primeiramente para um servidor da empresa, depois repassado para os assinantes, eliminando o acesso da publicidade aos dados do usuário.

A empresa também anunciou a evolução do Apple Pay, chamado de Apple Card. O serviço é um cartão de crédito em parceria com o grupo financeiro Goldman Sachs, sem as taxas de bancos e juros abaixo dos estabelecidos pelo mercado. O cliente terá controle total sobre as formas de pagamentos e ganhará uma porcentagem dos gastos todos os dias.

PESO-PESADO

Algumas armas da Apple TV+ para concorrer com a Netflix

“The Morning Show”
Jennifer Aniston e Reese Witherspoon se unem em uma comédia sobre os bastidores de um show matinal de TV. Para trazer a dupla, a Apple fez um contrato de garantia de duas temporadas antes mesmo de ter um roteiro em mãos. O elenco ainda traz Steve Carell. “É um olhar honesto sobre o relacionamento complexo entre homens e mulheres na frente das câmeras”, explicou Witherspoon. “Isso me fez voltar à TV. Estou muito animada”, completou Aniston.

“Histórias Fantásticas”
O seriado de antologia era uma das paixões de Steven Spielberg, que lançou o original em 1985 -mas só durou duas temporadas. A nova versão não deve ser tão sombria, tanto que a dupla Edward Kitsis e Adam Horowitz, responsável pela série “Once Upon a Time”, foi contratada para ajudar o diretor na sua empreitada televisiva para a Apple. “Cresci com meu pai contando essas histórias para mim e fico feliz de ressuscitar essa marca”, falou Spielberg.

"See”
Um vírus exterminou boa parte da população terrestre e os sobreviventes emergem cegos em um novo mundo. Jason Momoa e Alfre Woodard apresentaram a série pedindo para todos ficarem de olhos fechados enquanto sons da natureza tomavam conta do Steve Jobs Theatre.

“Little America”
Série baseada em histórias sobre imigrantes e filhos de imigrantes, como a de um garoto de 13 anos que tem os pais indianos deportados e precisa gerenciar um motel sozinho ao mesmo tempo em que luta para trazer a família aos EUA. “Esperamos que entendam que não há ‘outros’, mas apenas ‘nós’”, disse o ator e roteirista Kumail Nanjiani.

“Little Voice”
Uma promissora jovem cantora tenta encontrar a própria voz em Nova York. “Série criada para aquelas pessoas que acreditam em sonhos”, disse o produtor J.J. Abrams ao lado da cantora Sara Bareilles.

“Are You Sleeping?”
A atriz e produtora Octavia Spencer (“Estrelas Além do Tempo”) protagoniza essa série de suspense baseada no livro de Kathleen Barber sobre a obsessão moderna por histórias de crimes reais. O elenco comandado pela showrunner Nichelle Tramble Spellman (“The Good Wife”) ainda conta com Aaron Paul (“Breaking Bad”) e Lizzy Kaplan (“Masters of Sex”).

Série de M. Night Shyamalan
Série composta por 10 episódios de 30 minutos criada pelo diretor de “Corpo Fechado”. Ainda não há muitos detalhes sobre a trama, mas sabe-se que segue um casal que contrata uma estranha babá para cuidar do filho recém-nascido. Rupert Grint (“Harry Potter”) faz parte do elenco.

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