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Rock in Rio

Justin Bieber no Rock in Rio alivia fãs e estreantes ofuscam estrelas de peso

Primeiro fim de semana do festival foi marcado por chuva, manifestações políticas e celebração de brasileiros

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O primeiro fim de semana da nona edição do Rock in Rio foi marcado pelas chuvas, manifestações políticas tanto do público quanto dos artistas, atrações gigantes que não empolgaram e menores que até surpreenderam.

Em alguns casos, dá para afirmar que os shows em espaços menos badalados ofuscaram astros do palco principal, e alguns brasileiros foram mais celebrados que gringos.

Justin Bieber durante show no Rock in Rio
Justin Bieber durante show no Rock in Rio - Reprodução/Multishow

Apesar disso tudo, o grande acontecimento dos três dias iniciais do Rock in Rio foi a presença de Justin Bieber no Parque Olímpico. Depois de rumores de que ele cancelaria o show por problemas de saúde mental, o popstar canadense não só compareceu no horário marcado ao palco Mundo, como pulou, tirou a camisa e derreteu os fãs com uma apresentação completa.

Ele entregou tudo o que podia —hits de quando era um adolescente, como "Baby", faixas dançantes, como a latinizada "Sorry", sucessos em versão acústica, como "Love Yourself", e as faixas de sua fase atual, mais madura, em que fala de Deus, de ativismo e de autoajuda, do álbum "Justice". Não pareceu que ele estava mental ou fisicamente debilitado, nem usando playback —ao menos na esmagadora maioria da apresentação.

O público da noite de domingo, quando Bieber cantou, aliás, era ligeiramente diferente dos dias anteriores, com muitos aficionados pelo headliner, esperando sua entrada no palco desde cedo. Demi Lovato, que —a exemplo de Miley Cyrus, no Lollapaloozamostrou no mesmo palco, horas antes, sua transição de princesa da Disney a roqueira, também foi celebrada por fãs fervorosos, ainda que em menor número, com um show vigoroso, cheio de riffs agressivos de guitarra.

Foi o dia de maior destaque no palco Mundo, apesar de shows que divertiram, mas foram pouco memoráveis, como os de Jota Quest e Iza. Fez falta a presença do Migos, ícones do trap americano, que cancelaram o seu show no país às vésperas do festival.

No sábado, Post Malone teve de enfrentar uma chuvarada forte para segurar a multidão que aguardava ansiosa. Com um trap que se insinua festeiro, mas soa repleto de angústia e melancolia, ele se emocionou e se entregou com raça à situação, cantando debaixo da chuva e interagindo com uma plateia encharcada.

Junto ao pop de TikTok simpático e sensual de Jason Derulo, estes foram os principais destaques do palco principal. Isso porque os DJs Alok e Marshmello pouco empolgaram com seus sets, e o show do Iron Maiden foi um dos mais frios que já fizeram no Rock in Rio, onde estão habituados a tocar, por causa do som baixo, de músicas novas pouco celebradas e uma plateia que só interagiu com o grupo nos hits, todos concentrados na fase final do show.

Apesar de ser o grupo headliner do dia, o Iron Maiden trocou de horário com o Dream Theater, que encerrou o primeiro dia com o palco Mundo bem esvaziado e desanimado. O "dia do metal", aliás, levou ao Parque Olímpico um público um tanto mais velho do que a média, que compareceu em número baixo a shows como o dos franceses do Gojira.

O ponto alto foi o Sepultura mesclando seu thrash metal à Orquestra Sinfônica Brasileira, já que o supergrupo Metal Allegiance também foi pouco prestigiado no palco Sunset.

O espaço secundário, aliás, recebeu o show mais interessante daquele dia, do Living Colour, ponto fora da curva em relação à política —ao lado dos Ratos de Porão, que exaltaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra num palco diminuto. Os americanos, que mostraram seu rock ao mesmo tempo pesado e suingado, tocaram com o guitarrista Steve Vai, dedicando o show a Marielle Franco, xingaram o fascismo, levantaram uma placa defendendo a democracia e pediram que o público votasse nas eleições.

Nos outros shows, até houve coros em xingamento a Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, uma constante no festival, mas em número bastante reduzido em relação aos outros dias. No show do Iron Maiden, aliás, uma parcela da plateia chegou a gritar "mito", em defesa e exaltação do presidente.

O que não há dúvidas de que funcionou foi a adesão de mais artistas de funk e trap à escalação do festival, ainda que em palcos menores do que a demanda do público. Os Racionais, maior grupo de rap do país, fez história com sua estreia no festival, fechando o palco Sunset para uma multidão , num show intrinsecamente político, mesmo sem nenhum discurso partidário.

Com L7nnon, Hariel e MC Carol, o produtor Papatinho fez um show digno de palco Mundo no começo da tarde. Matuê, também no começo da tarde, levou ex-integrantes do Charlie Brown Jr. e uma pista de skate ao palco para atiçar milhares com seu trap hedonista —e foi ovacionado quando fez críticas a Bolsonaro. Outra apresentação que reuniu gente a perder de vista no Sunset foi o de Luísa Sonza, ainda que tenha sido morno.

Em palcos ainda menores, o MC Poze do Rodo teve uma plateia se acotovelando para ouvir sua música em caixas de som que não davam conta da demanda, assim como o show lotado do funkeiro Don Juan, realizado no Espaço Favela.

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