Cláudia Jimenez nasceu pronta para a comédia

Atriz de timing perfeito, elevou bordões e mostrou a versatilidade de seus talentos

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São Paulo

Até a década de 1980, eram raros os gordos na TV brasileira. Wilza Carla, vinda do teatro de revista, teve um único papel de destaque: Dona Redonda, que explodia na novela "Saramandaia" (1976). O único grande astro acima do peso já era Jô Soares, que comandava a faixa de humor nas noites de segunda na Globo.

Esse panorama começou a mudar com a chegada de Cláudia Jimenez, revelada pelas montagens teatrais de "Ópera do Malandro" e "Calabar", recém-liberadas pela censura. Eu assisti à primeira, e era impossível tirar os olhos de Cláudia quando estava em cena. Seu tamanho contrastava com a silfidez das outras atrizes, é claro, mas Cláudia era bem mais que um corpo roliço: uma comediante de mão cheia e timing preciso. Parecia ter nascido pronta.

Seu primeiro trabalho na TV foi uma participação em "Malu Mulher", da Globo, em 1979. Mas foi pelas mãos de Jô que Cláudia mostrou a que veio, rebolando no balé de abertura do programa "Viva o Gordo". Também participava de esquetes do humorístico, e logo começou a ser disputada por outras atrações do gênero. Fez vários episódios de "Os Trapalhões". Na "Escolinha do Professor Raimundo", criou a insaciável Cacilda, provando que pessoas fora do padrão também têm apetites sexuais. Nos primeiros anos de "Sai de Baixo", foi Edileuza, a empregada mal-humorada que segura as barras dos patrões.

Sua saída do programa não foi tranquila. Irritada com as frequentes piadas do texto que a chamavam de "rolha de poço" para baixo, Cláudia deixou de uma hora para a outra o humorístico. Ela havia vencido um câncer poucos anos antes e chegado à conclusão que já não dava para levar desaforo para casa.

Cláudia curou-se do câncer, mas o tratamento por radioterapia por que passou, bem menos avançado que os de hoje, enfraqueceu os tecidos em torno de seu coração. Passou a sentir fraquezas constantes e não conseguia sequer levantar no colo seus sobrinhos adorados. A condição foi se agravando com o tempo.

Enquanto isso, demonstrou sua versatilidade no teatro e na TV. Encarnou a implacável Alberta Peçanha, diretora da revista de fofocas na série "A Vida Alheia". Nas novelas, interpretou um anjo da guarda, uma salafrária, uma imigrante mexicana e muitos outros papéis.

Saiu do ar em 2018, depois de passar mal nas gravações de "Deus Salve o Rei". A saúde debilitada impediu que voltasse ao trabalho. Morreu no dia 20 de agosto, de insuficiência cardíaca. Deixa como viúva a personal trainer Stella Torreão, com quem viveu um relacionamento entre 1998 e 2008, retomado em 2010.

Erramos: o texto foi alterado

A atriz Cláudia Jimenez se submeteu a um tratamento de radioterapia, não radiografia. Além disso, Cláudia atuou na série "A Vida Alheia", não na "A Vida dos Outros".

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