Se Lula vencer, PT terá que encabeçar acordo que rejeitou, diz Celso Rocha de Barros

Sociólogo discute momentos-chave da história do PT e sustenta que partido resistiu a crises por força de suas bases

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Geógrafo e mestre pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

Se Lula derrotar Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, o PT terá que cumprir um papel completamente novo em sua história, sustenta o sociólogo Celso Rocha de Barros.

Em seus primeiros anos, o partido fez uma aposta arriscada: se recusou a participar da "democratização pelo alto", a concertação política encabeçada pelo PMDB logo depois do fim da ditadura, e preferiu investir na "democratização por baixo", reunindo dissidentes do regime militar, movimentos sociais, setores do catolicismo progressista e sindicatos.

Hoje, diante do esfacelamento da democracia brasileira, o PT terá que agir de uma maneira semelhante ao PMDB dos anos 1980, afirma o autor, o que não deixaria de ser uma grande ironia histórica.

Não tem mais um centro forte entre o PT e a direita. Quem vai ter que fazer um acordo com o equivalente ao antigo PFL é o PT. Quem vai ter que negociar com os militares é o PT. Quem vai ter que negociar com o empresariado é o PT. Acho que o PT vai ter até uma dificuldade de identidade própria nos próximos anos caso o Lula ganhe, porque vai ter que se tornar mais parecido com o resto do sistema político brasileiro. Para os petistas, eu garanto que isso vai ser um choque, por causa disto: o PT vai ter que fazer essas tarefas e esses acordos pelo alto que nasceu recusando

Celso Rocha de Barros

doutor em sociologia e colunista da Folha

Celso Rocha de Barros durante o lançamento de 'PT, uma História' em São Paulo - Ronny Santos - 18.out.22/Folhapress

Barros, doutor pela Universidade de Oxford, servidor federal e colunista da Folha, examina, em "PT, uma História" (Companhia das Letras), o percurso do primeiro partido brasileiro que nasceu fora do Estado.

Para o sociólogo, o enraizamento na sociedade civil permitiu ao partido resistir a todos os reveses que o sistema político brasileiro enfrentou nos últimos anos e, mesmo com a Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, se manter eleitoralmente competitivo.

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Christian Lynch, autor de livro sobre Bolsonaro e o populismo, Juliana Dal Piva, repórter que vem investigando suspeitas de corrupção da família Bolsonaro, Viviane Gouvêa, que discutiu a história da violência estatal contra grupos marginalizados, Esther Solano, socióloga que discutiu o que pensam as mulheres bolsonaristas moderadas, Vagner Gonçalves da Silva, antropólogo que pesquisa as mitologias de Exu, Marcos Nobre, que denunciou o projeto golpista de Bolsonaro, Jean Marcel Carvalho França, pesquisador da história da maconha no Brasil, Vincent Bevins, autor de livro sobre massacres da esquerda durante a Guerra Fria, Rodrigo Nunes, que discutiu as raízes do bolsonarismo, André Lara Resende, crítico da teoria econômica mainstream, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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