Descrição de chapéu Governo Lula

Barbosa no BNDES, Wellington no Planejamento, Josué no MDIC; veja cotados para Lula 3

Parte da complexidade está em reconstituir ministérios e acomodar interesses políticos

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Brasília

O processo de seleção de integrantes dos altos escalões na área de economia para o terceiro mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido desafiador para a futura gestão, que precisa pensar nos nomes enquanto analisa o desenho das novas pastas.

O empresário Josué Gomes, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), foi convidado por Lula para assumir o novo MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que será recriado. Cogitou-se a hipótese de os dois se encontrarem em São Paulo, mas Lula pediu que Josué fosse ao seu encontro em Brasília.

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva; reconstituição de ministérios deixa montagem da equipe mais trabalhosa - Ueslei Marcelino / Reuters

Fortalecido, o ministério assumiria a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), por exemplo. A nomeação representaria uma saída honrosa para Josué, que enfrenta forte oposição na federação. Alegando dificuldades para a escolha de um sucessor nos negócios, o empresário pediu um tempo para se decidir.

Planejamento é uma prática estratégica que a gestão petista faz questão de recuperar, mas ainda permanece o impasse sobre o formato mais adequado para a reconstituição do ministério responsável pela área.

Uma pasta única aglutinaria o controle do Orçamento, a gestão do patrimônio da União e a política de pessoal, incluindo a discussão da reforma do Estado, caso ocorra.

O órgão também tenderia a ficar com a responsabilidade de tocar o novo programa de investimentos, que deve ter um forte componente ambiental e atrair holofotes e recursos. A ideia é que seja uma espécie de Green New Deal (novo acordo verde) para infraestrutura, em alusão ao conceito difundido por uma ala do Partido Democrata nos Estados Unidos de usar projetos sustentáveis para estimular a economia.

Isso transformaria o novo Planejamento em um ministério poderoso, com potencial para fazer sombra sobre o Ministério da Fazenda, algo que politicamente não interessa ao cenário de fortalecimento do nome de Fernando Haddad como uma liderança no PT.

Por isso, ainda está em discussão uma possível divisão da pasta, para separar a atribuição de planejamento das funções mais conectadas ao dia a dia da máquina pública, como a gestão dos servidores.

Enquanto Lula não bate o martelo sobre o formato, alguns nomes já surgem como cotados, entre eles a economista Esther Dweck, que foi secretária de Orçamento da pasta no governo de Dilma Rousseff, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) e o também senador eleito Camilo Santana (PT-CE). Os dois últimos são ex-governadores de seus respectivos estados.

O nome de Dias, porém, enfrenta resistências após a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Gastança, que amplia o Orçamento do governo eleito, ter derrapado na largada sob sua gestão.

Já confirmado, o futuro ministro da Fazenda, Haddad, está em campo para formar seu secretariado. Dois dos cotados já foram confirmados, os economistas Gabriel Galípolo, que será o secretário-executivo, e Bernard Appy, que foi indicado secretário especial para a reforma tributária.

Nesta quarta-feira (14), Haddad afirmou que até o final de semana confirma quem comandará a Secretaria do Tesouro Nacional e a Receita Federal, dois postos-chave na estrutura do órgão. O Tesouro é o órgão responsável pela gestão do caixa e da dívida pública, enquanto o Fisco é responsável pela arrecadação de tributos e pela fiscalização de contribuintes.

Um dos nomes ventilados para a Secretaria de Política Econômica, Marco Bonomo, professor de finanças e economia monetária no Insper, causou mal-estar na coalizão. Bonomo já defendeu publicamente que a ampliação do Orçamento, negociada via PEC, teria de ficar na casa dos R$ 78 bilhões, sinalizando descompasso com o que vem sendo defendido pela equipe de Lula. A PEC em tramitação no Congresso autoriza um gasto extra de R$ 168 bilhões.

confirmado para o posto de presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante gostaria de ter os economistas Nelson Barbosa e Tereza Campello em sua diretoria. No entanto, ambos ainda podem ir para outros postos e não houve definição.

O economista Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), também foi sondado para ocupar uma diretoria no banco de fomento e se mostrou aberto a conversas, mas ainda não recebeu convite formal.

O economista Guilherme Mello é uma indicação dada como certa, mas o destino agora é nebuloso. Mello coordenou o programa econômico de Haddad quando disputou a Presidência em 2018. Sempre foi um nome cotado para Fazenda. Tem perfil para a SPE (Secretaria de Política Econômica). Na campanha de 2022, atuou junto com Mercadante na organização das propostas para o programa de governo do Lula 3. Também tem potencial para ser puxado para atuar no BNDES.

A seleção para a presidência dos dois outros bancos públicos, Caixa e Banco do Brasil, entrou num impasse. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defende a indicação de mulheres, um pleito considerado pertinente uma vez que até agora a maioria dos nomes anunciados são homens. No entanto, a coalizão tem alegado dificuldades para encontrar mulheres para as vagas.

Outro desafio é acomodar interesses políticos.

A Petrobras permanece uma incógnita. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) é um nome ventilado para a presidência, mas o centrão tem demonstrado interesse em influenciar as indicações. A aprovação em ritmo acelerado de mudanças na Lei das Estatais, feitas pela na Câmara na noite de terça-feira (13), foi vista como um sinal contundente de que os grupos políticos tentam garantir indicações para cargos públicos.

Voltou a disputa política pela indicação para o MME (Ministério de Minas e Energia). Três caciques do MDB buscam ter a prerrogativa para indicar o titular da pasta: os senadores Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA) e Renan Calheiros (AL). O nome mais forte há algumas semanas é o senador eleito Renan Filho (AL).

O União Brasil também tem reivindicado a pasta. Foi ventilado o nome do líder do partido na Câmara, o deputado baiano Elmar Nascimento, uma sugestão muito mal recebida pelos técnicos do setor.

A indicação para a pasta de energia teria potencial para compensar a insatisfação da família de Renan com um eventual apoio do PT à reeleição de seu concorrente político, Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara.

No entanto, enquanto a PEC para na Câmara, o próprio Lira sinaliza que também gostaria de fazer indicações ministeriais. Circula a informação de que ele gostaria de indicar o Ministro da Saúde.

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