Descrição de chapéu Financial Times Cifras & tecnologia

Os melhores livros de economia em 2022, segundo Martin Wolf

Revolução digital na China, relação entre austeridade e fascismo e ascensão e queda do neoliberalismo estão entre os temas de obras

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Financial Times

China, fascismo e crise financeira são alguns dos temas abordados pelos livros de economia do ano segundo o comentarista-chefe do jornal britânico Financial Times, Martin Wolf.

Veja abaixo as obras sugeridas, seguidas pelos comentários do colunista.

Indicações de Martin Wolf para o segundo semestre - Divulgação

The Cashless Revolution: China’s Reinvention of Money and the End of America’s Domination of Finance and Technology

[A revolução sem caixa: A reinvenção do dinheiro pela China e o fim do domínio financeiro e tecnológico dos EUA]

por Martin Chorzempa, PublicAffairs, 320 págs., R$ 127,99 e R$ 52,14 (ebook)

Martin Chorzempa descreve com alguns detalhes como a China saltou em menos de uma década de um sistema primitivo baseado em dinheiro para um de pagamentos digitais diretos. Os atores eram um número limitado de empresas inovadoras. O resultado foi uma revolução fintech. Em consequência, "a vida financeira das pessoas na China não gira mais em torno de governos e bancos, mas de ecossistemas tecnológicos". Essa revolução já transformou a China e, de uma forma ou de outra, parece que vai transformar o mundo também.

Slouching Towards Utopia: An Economic History of the Twentieth Century

[Arrastando-se para a utopia: Uma história econômica do século 20]

por J. Bradford DeLong, ed. Basic Books (624 págs.), R$ 131,37 e R$ 74,14 (ebook)

"Em 1870, ocorreu uma grande mudança para a humanidade. Com o surgimento do laboratório de pesquisa industrial, da corporação moderna e dos transportes e comunicações marítimos e terrestres verdadeiramente baratos, passamos de um mundo em que os padrões econômicos formavam um pano de fundo semiestável de pobreza em massa para um mundo em que a economia estava constantemente se revolucionando." J. Bradford DeLong, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, conta essa história notável com entusiasmo. Infelizmente, na opinião dele, agora ela também acabou.

Princípios para a ordem mundial em transformação: Por que as nações prosperam e fracassam

por Ray Dalio, Intrínseca, R$ 110,49 (livro físico) ou R$ 87,21 (ebook)

Ray Dalio, fundador da Bridgewater, tornou-se um escritor fascinante sobre como ele vê o futuro. Mas o mais interessante é que ele analisa o futuro com base nas lições do passado, durante muitos séculos. Este livro extrai muitas dessas lições da experiência histórica detalhada que tem relevância para onde estamos hoje. Uma dessas lições é que provavelmente haverá um declínio no valor do dinheiro, em resposta ao excesso de dívida.

The Capital Order: How Economists Invented Austerity and Paved the Way to Fascism

[A ordem capital: Como os economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo]

por Clara E. Mattei, The University of Chicago Press, (460 págs.), R$ 102,09 (ebook)

Aqueles que acreditam no casamento da economia de mercado com a democracia precisam ler críticos poderosos. Neste livro instigante, Clara E. Mattei, da The New School for Social Research, coloca as origens da "austeridade" na tentativa de restaurar a ordem capitalista após a Primeira Guerra Mundial. De forma mais ampla, ela afirma que a política econômica supostamente tecnocrática é fundamentalmente política: é uma expressão de poder, com consequências distributivas. Economia é política. Mas, escrevendo na tradição marxista, ela também parece acreditar na proposição agora implausível de que existe uma alternativa obviamente superior ao capitalismo democrático. Se os meios de produção forem de fato possuídos e geridos coletivamente, a política está fadada a ser uma ditadura e a economia, na melhor das hipóteses, a estagnar.

The Illusion of Control: Why Financial Crises Happen, and What We Can (and Can’t) Do About It

[A ilusão do controle: Por que as crises financeiras acontecem e o que podemos (e não podemos) fazer a respeito]

por Jón Daníelsson, Yale University Press (288 págs.), R$ 316 e R$ 161,96 (ebook)

Como os reguladores e profissionais devem pensar –e gerenciar– os riscos das finanças. Neste livro instigante, Jón Daníelsson, professor de finanças da London School of Economics, oferece cinco recomendações. Primeiro, "o perigo real é o risco endógeno", ou seja, os riscos que o próprio sistema cria. Em segundo lugar, os modelos de risco sempre deixam de ver o mais importante. Terceiro, lembre-se dos objetivos da regulamentação. Quarto, pense globalmente, não localmente. Por fim, incentive um sistema financeiro diversificado, não uma monocultura.

Veja livros que o jornalista indicou em outros anos

The Rise and Fall of the Neoliberal Order: America and the World in the Free Market Era

[A ascensão e queda da ordem neoliberal: A América e o mundo na era do livre mercado]

por Gary Gerstle, Oxford University Press, (432 págs.), R$ 157,64 e R$ 85,39 (ebook)

Este é um relato fascinante da ascensão e queda do que veio a ser chamado de "neoliberalismo". Gary Gerstle, professor de história americana em Cambridge, conta a história de uma ordem política que nasceu com Ronald Reagan e morreu com Donald Trump. Como ocorre com frequência, seu foco é muito restrito em como os Estados Unidos interagem consigo mesmos e com o mundo. Mas os EUA têm sido o ator individual mais importante. Esta é uma perspectiva importante sobre como o mundo mudou e depois mudou novamente.

Mao and Markets: The Communist Roots of Chinese Enterprise

[Mao e mercados: As raízes comunistas do empreendedorismo chinês]

por Christopher Marquis e Kunyuan Qiao, Yale University Press, (534 págs.), R$ 320,65 e R$ 154,35 (ebook)

Muitos observadores ocidentais acreditavam que a China estava caminhando para o capitalismo de livre mercado e esperavam que, como resultado, ela se tornasse mais democrática. A elevação de Xi Jinping a uma posição antes desfrutada apenas por Mao Tse-Tung destruiu a crença e a esperança. Este importante livro mostra que tais crenças e esperanças sempre foram ingênuas. As ideias maoístas permaneceram vivas não apenas no Partido Comunista e no Estado, mas também nos negócios bem-sucedidos criados durante a era da "reforma e abertura".

[Mega-ameaças: Dez tendências perigosas que ameaçam nosso futuro e como sobreviver a elas]

por Nouriel Roubini, John Murray/Little, Brown, R$ 53,02

Quão ruim pode ser o futuro? Pode-se confiar em Nouriel Roubini para dar a resposta mais plausível a essa pergunta. Nesse caso, ele supera seus próprios altos padrões de apocalipse. Consegue reunir "mega-ameaças econômicas, financeiras, políticas, geopolíticas, tecnológicas, de saúde e ambientais que se aproximam de nós. Políticas sólidas podem evitar parcial ou totalmente uma ou mais delas, mas coletivamente a calamidade parece quase certa". Pessoas que gostam de filmes de terror vão adorar este livro.

Accidental Conflict: America, China and the Clash of False Narratives

[Conflito acidental: América, China e o choque de falsas narrativas]

por Stephen Roach, Yale University Press, (589 págs.), R$ 176,02 e R$ 167,22 (ebook)

Stephen Roach, ex-presidente do Morgan Stanley Asia e agora membro sênior do Paul Tsai China Center da Escola de Direito de Yale, acredita que a China e os Estados Unidos devem e podem ter um relacionamento cooperativo viável. Mas eles foram vítimas de falsas narrativas mutuamente reforçadas sobre o outro. Roach insiste que existe um caminho de confiança e interdependência. Conceitualmente, ele está certo. De fato, o conflito prejudicaria a todos, possivelmente de modo catastrófico. Mas ainda pode ser evitado?

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.