Bolívia pede que Brasil e EUA não interfiram em assuntos internos

Chancelaria se manifestou após países expressarem preocupação com prisão de ex-presidente interina

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La Paz | AFP

A Bolívia pediu nesta quinta (18) ao Brasil e aos EUA que não intervenham em seus assuntos internos, após os dois países expressarem preocupação com a prisão da ex-presidente interina Jeanine Añez.

O Ministério das Relações Exteriores boliviano divulgou duas declarações em que diz ter realizado encontros em La Paz com diplomatas dos EUA e do Brasil, separadamente. Nas ocasiões, a chancelaria afirma ter lembrado os acordos internacionais que convidam os países a não interferirem em assuntos de jurisdição interna de outras nações.

A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Añez fala com seus advogados após ser presa em La Paz
A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Añez fala com seus advogados após ser presa em La Paz - Luis Gandarillas - 13.mas.21/AFP

À encarregada de Negócios de Washington em La Paz, Charisse Phillips, a pasta falou do “dever de se abster de intervir em assuntos internos” da Bolívia. Já com o embaixador do Brasil, Octávio Henrique Dias, foi abordada a não intervenção no processo judicial em curso, de acordo com os textos.

Añez foi presa na semana passada sob a acusação de sedição, terrorismo e conspiração pelo que seu antecessor e rival Evo Morales denunciou como um golpe contra ele. O ex-mandatário renunciou ao cargo em novembro de 2019 após pressão das ruas e de militares que contestavam sua reeleição.

O Departamento de Estado americano expressou preocupação com a prisão de Añez, enquanto o presidente Jair Bolsonaro pediu que “a Bolívia mantenha em plena vigência o Estado de direito e a convivência democrática”.

A detenção da líder conservadora, que se escondeu dentro de uma cama box quando os policiais entraram em sua casa em Trinidad, gerou críticas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Junto com a União Europeia, a organização solicitou respeito às garantias judiciais e à transparência no processo.

Nesta quarta (18), La Paz criticou o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, por sugerir que o caso boliviano fosse levado ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. A ex-presidente conservadora de 53 anos e seus ex-ministros da Justiça e de Energia foram presos no fim de semana passado como parte de uma investigação sobre a suposta derrubada de Evo. Na segunda (15), dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades da Bolívia para protestar contra as detenções.

Añez chegou ao poder dois dias depois de Evo deixar o cargo, em uma controversa manobra legislativa. Ela se aproveitou de uma brecha na legislação boliviana, uma vez que todos os que estavam na linha de sucessão direta renunciaram após a saída do líder indígena.

Sem ter reunido quórum nem na Câmara de Deputados nem no Senado, ela justificou que assumiria a Presidência de acordo com o que estabelece o regimento do Senado sobre sucessão na Casa.

Segundo as regras, ante a renúncia do presidente e do primeiro vice-presidente do Senado, o regimento permitia que ela, segunda vice-presidente, assumisse o comando.

A ex-presidente interina cumpre prisão preventiva de quatro meses em um presídio feminino de La Paz, onde passou mal nesta quarta e foi encaminhada a um hospital para tratamento.

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