Brasil determina volta de embaixador a Kiev em meio à Guerra da Ucrânia

Representante havia sido enviado a Moldova no início da guerra; retorno se dá em meio a atritos entre Bolsonaro e Zelenski

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Brasília

O governo de Jair Bolsonaro (PL) instruiu o embaixador do Brasil na Ucrânia, Norton Rapesta, a retornar a Kiev, capital do país invadido pela Rússia há pouco mais de cinco meses.

O diplomata havia deixado a cidade alguns dias após o início da guerra, ainda no começo de março. Na ocasião, ele divulgou um vídeo em que alegava razões de segurança para a mudança, mas afirmava que não sairia da Ucrânia enquanto não viabilizasse a retirada dos brasileiros que desejassem partir do país.

Ucranianos caminham em meio a exposição de equipamentos militares russos abatidos na guerra no centro de Kiev - Serguei Supinski - 26.jul.22/AFP

Pouco após a invasão russa, que chegou à periferia de Kiev em questão de dias, o Itamaraty primeiro deslocou a equipe diplomática para Lviv, cidade mais a oeste e menos visada por ataques de Moscou.

Depois, transferiu toda a representação para Chisinau, capital de Moldova —Rapesta já atuava na Ucrânia como embaixador no país vizinho, onde não há embaixada. Segundo a pasta, nos últimos cinco meses cerca de 250 brasileiros foram atendidos na região, em especial para a emissão de documentos e travessia da fronteira. Na nota divulgada nesta terça (26) para confirmar que "instruiu o regresso" de Rapesta à capital ucraniana, o Itamaraty informou que vai encerrar os trabalhos dos postos temporários de atendimento consular em Chisinau (Moldova), Kosice (Eslováquia), Lviv e Tchernivtsi (Ucrânia).

A volta do embaixador a Kiev se dá após atritos pontuais de Bolsonaro com o ucraniano Volodimir Zelenski. Na semana passada, os dois líderes se falaram pela primeira vez desde o início da guerra; um dia depois do telefonema, o líder do Leste Europeu deu uma entrevista à TV Globo na qual fez críticas ao brasileiro, atacando a posição de neutralidade defendida por ele em mais de uma ocasião.

Na sequência, Bolsonaro reafirmou a postura, dizendo que Zelenski havia usado um tom emotivo. "Não existe cobrança entre mim e um chefe de Estado. O Brasil é independente, ele também é independente."

Ainda que o Brasil tenha criticado a guerra em fóruns internacionais como a ONU, com votos contra a Rússia, o presidente defende a neutralidade devido a dois fatores: a alta dependência de fertilizantes, importados de Moscou, e negociações com o presidente Vladimir Putin para a compra de diesel.

O chefe do Executivo afirmou no último dia 17 que as tratativas estão em curso. "Estamos bastante avançados na questão do fornecimento de diesel para o Brasil. Quantos por cento mais barato? Não sei. Quanto mais barato, melhor", afirmou, sem dar detalhes sobre o acordo. Em junho, a Petrobras havia alertado que o abastecimento nacional de diesel requer "atenção especial".

A nota do Itamaraty desta terça reforça que o governo recomenda que cidadãos brasileiros não ingressem na Ucrânia e informa que a pasta continua atenta à evolução do conflito e pode "retomar eventuais medidas emergenciais de atendimento a cidadãos brasileiros que se façam necessárias".

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