Descrição de chapéu União Europeia drogas

Alemanha avança em planos para legalizar uso recreativo de maconha

Proposta regulariza produção, fornecimento e venda da substância; se aprovada, lei será a 2ª em países da UE

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São Paulo

O governo da Alemanha apresentou nesta quarta-feira (26) um plano para legalizar o uso recreativo da maconha no país. A proposta é uma promessa do premiê Olaf Scholz desde sua campanha nas eleições do ano passado.

O projeto prevê autorização para que adultos carreguem até 30 gramas de cânabis para consumo pessoal e regulariza produção, fornecimento e distribuição da substância. O documento ainda autoriza que cada indivíduo cultive até três plantas de maconha, segundo a imprensa local.

Pessoa com fantasia de maconha participa de evento no dia mundial da maconha, em Berlim
Pessoa com fantasia de maconha participa de evento no dia mundial da maconha, em Berlim - Lisi Niesner -20.abr.22/Reuters

Pela proposta, as vendas ocorreriam em lojas especializadas e possivelmente em farmácias, mas a publicidade de produtos ligados à maconha seria proibida. O governo também planeja introduzir um imposto especial de consumo, bem como desenvolver trabalhos de educação e prevenção às drogas.

Por fim, a proposta da gestão Scholz prevê a conclusão das investigações em curso e de processos criminais ligados a casos que viriam a se tornar lícitos após a legalização —à semelhança do que Joe Biden fez no início do mês nos EUA.

Segundo o ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach, a legalização da maconha ajudaria a combater o tráfico no país, já que os usuários da droga estariam "caindo em uma ressaca do crime" –uma pesquisa anunciada por ele estima que 4 milhões de adultos usem cânabis na Alemanha.

A jornalistas ele disse que as atuais políticas de drogas do país não conseguiram limitar o consumo da substância e que o objetivo do novo plano é evocar melhores políticas de saúde e maior proteção para menores de idade.

O caminho para que o projeto vire lei, porém, é extenso. As propostas devem ser entregues, primeiramente, à União Europeia, que analisará sua legalidade conforme o direito europeu e internacional. Só a partir daí o plano deverá ser discutido no Parlamento alemão, onde a legislação pode sofrer alterações e até ser barrada.

No mês passado, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, disse que o processo poderia ser concluído até 2023, mas estimativas mais conservadoras apontam que a implementação do novo projeto não ocorrerá antes de 2024.

Se aprovada, a legislação seria a segunda do tipo em países-membros da União Europeia. Em dezembro do ano passado, o Parlamento de Malta aprovou o cultivo pessoal e o uso recreativo da maconha. No país banhado pelo Mediterrâneo, maiores de 18 anos podem ter até 7 gramas de maconha e cultivar até quatro plantas, independentemente do número de residentes no imóvel.

Dos cultivos, porém, não podem ser gerados mais do que 50 gramas de maconha. O descumprimento acarreta em multa de € 100 (R$ 530). Além disso, fumar em público é ilegal no país —o plano alemão não deixa claro se permitirá o consumo público da cânabis.

Alguns países da União Europeia descriminalizaram o consumo e têm modelos de tolerância à droga, mas as leis ainda são consideradas pouco claras. Na Holanda, por exemplo, cerca de 150 cafeterias têm licença para comercializar a substância, ainda que a venda de maconha seja proibida no país —a aparente contradição se explica na "política da tolerância" adotada por Amsterdã há pelo menos quatro décadas.

Em Portugal, a posse e o consumo de cânabis e de outras drogas foram descriminalizados em 2001. Só é considerado crime se a pessoa estiver com mais de dez doses da substância. A Espanha, por sua vez, admite a produção para consumo pessoal, mas o comércio e o consumo em público são proibidos.

Já Luxemburgo havia anunciado no ano passado sua intenção de autorizar o cultivo de maconha em casa e seu consumo na esfera privada, mas a medida ainda está em discussão no Parlamento.

Com Reuters e DW

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