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Envelheceu mal

PT, aos 43, repisa teses derrotadas e nega fatos desabonadores de sua trajetória

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Luiz Inacio Lula da Silva (PT) discursa durante evento de aniversário do PT - Gabriela Biló/Folhapress

O passado atormenta o Partido dos Trabalhadores, como a um indivíduo incapaz de resolver as suas neuroses e olhar para a frente.

Na semana em que comemorou os 43 anos de fundação, o diretório nacional da agremiação divulgou uma resolução em que reitera o seu apego a teses derrotadas pela história e insiste em não chamar pelo nome os fatos desabonadores da trajetória petista.

Na fabulosa narrativa, as acusações contra gestões do PT não passaram de torpe tentativa de criminalizar a política. Pouco importa estarem fartamente documentados o mensalão e o assalto à Petrobras, para citar os escândalos que não desaparecerão por causa dos erros e abusos da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro.

O manifesto chama de golpe a deposição da presidente Dilma Rousseff, o que tampouco resiste ao confronto com a realidade. A denúncia foi aceita pela Câmara, com voto de 72% dos deputados, e o processo correu sob a direção do presidente do Supremo Tribunal Federal no Senado, onde 75% decidiram pela cassação.

Considerar ruptura constitucional esse ato juridicamente perfeito é trafegar na mesma frequência de quem contesta os resultados das urnas de 2022. Trata-se, ademais, de péssima estratégia para quem necessita, a fim de cumprir promessas de campanha, de aliados que apoiaram o impeachment.

Se a falsificação da história cobra seus maiores custos do próprio PT, o apego a doutrinas empoeiradas na economia ameaça a renda e o emprego de dezenas de milhões de brasileiros.

A sigla, vê-se na resolução de aniversário, continua devota de que alguns iluminados em posições de Estado terão o condão de fazer deslanchar o desenvolvimento. Bastaria manipularem na direção que consideram correta os juros, o câmbio, os impostos, o gasto público e as decisões empresariais ditas "estratégicas".

Em nome dessa quimera, o partido agora investe contra a autonomia do Banco Central, a privatização da Eletrobras, a Lei das Estatais e a contenção do BNDES, iniciativas tomadas para evitar a repetição dos abusos que engendraram o descalabro recessivo de 2014-16.

A agremiação que corretamente louva a moderação exercida pela institucionalidade nos apetites autoritários do bolsonarismo se contradiz ao imprecar contra mecanismos que procuram evitar os danos do exercício ilimitado do poder.

Em vez de preocupar-se com os determinantes do enriquecimento e do bem-estar dos povos —assentados na produtividade do trabalho, estagnada no Brasil—, o PT continua a vender atalhos e feitiçarias que só produzem ruínas.

Envelheceu mal.

editoriais@grupofolha.com

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