Cid foi visitado na prisão por general demitido por Lula e autor de mensagens golpistas

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso preventivamente em Brasília desde maio

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Brasília

O tenente-coronel Mauro Cid, principal ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), recebeu a visita de ao menos 73 pessoas desde que foi preso, em maio. A lista foi obtida pela CPI do 8 de janeiro, onde o militar presta depoimento nesta terça-feira (11).

Um dos visitantes foi o coronel do Exército Jean Lawand Júnior, principal interlocutor de Cid nas mensagens golpistas destacadas pela Polícia Federal após a vitória de Lula (PT).

Lawand insistentemente pede ao então ajudante de ordens para orientar Bolsonaro a dar um golpe contra a democracia: "Convença o 01 a salvar esse país!", escreveu. Durante depoimento à CPI, no mês passado, o coronel disse que pedia a Cid uma palavra "apaziguadora" do ex-presidente.

A lista obtida pela comissão também indica que Cid foi visitado pelo general Júlio César de Arruda. Ele foi demitido do comando do Exército por Lula em janeiro, menos de um mês depois de chegar ao cargo, em meio a uma crise de confiança sobre o quebra quebra na Esplanada dos Ministérios.

Advogado de Cid fala ao ouvido dele durante questionamentos da relatora da CPI, senadora Eliziane Gama - Pedro Ladeira/Folhapress

Cid também foi visitado pelos ex-ministros do governo Bolsonaro general Eduardo Pazuello —hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro— e Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência. A visita dos dois foi questionada pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), durante a sessão desta terça.

"Senhor Mauro Cid, eu tive acesso à lista de visitantes que o senhor, na verdade, tem recebido. Agora, ultimamente, o senhor está recebendo mais familiares. Eu pergunto ao senhor: por que o Eduardo Pazuello foi visitá-lo?", perguntou a senadora.

"Senadora, novamente eu reitero minhas manifestações iniciais dentro do escopo das investigações a que eu sou submetido. Então, em razão do habeas corpus e do assessoramento da minha defesa técnica, vou permanecer em silêncio", respondeu Cid.

Cid afirmou à CPI que é alvo de ao menos oito investigações criminais e foi orientado pela defesa a usar seu habeas corpus. A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia entendeu que ele deveria ir à sessão, mas poderia ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo.

O militar foi preso de forma preventiva no âmbito da investigação em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro, Laura, e do próprio ex-presidente. Ele está detido no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.

O documento da CPI aponta que Cid também foi visitado pelo general Ridauto Lúcio Fernandes, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Braço direito de Pazuello na pasta, Ridauto participou do ato golpista de 8 de janeiro.

A lista também indica a visita de familiares, como a esposa, Gabriela Cid, e o pai, general Mauro Cid, além dos advogados Bernardo Fenelon e Rodrigo Roca. Roca atuou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e foi Secretário Nacional do Consumidor no governo Bolsonaro.

Nesta terça, Wajngarten saiu em defesa de Cid. O ex-secretário disse à Folha que Cid está preso há 70 dias "sem nenhuma razão que fundamente sua prisão preventiva". "Para que todos compreendam, trata-se de prender alguém e jogar a chave fora", declarou.

O militar foi fardado à comissão e, mesmo decidido a ficar calado, ouviu as perguntas dos parlamentares. O Exército afirmou que ele foi orientado a usar o uniforme por ser militar da ativa e ter sido "convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força".

O documento da CPI não detalha a data das visitas e está organizado em ordem alfabética.

Algumas pessoas que visitaram Cid

  • Bernardo Lobo Muniz Fenelon - advogado
  • Eduardo Pazuello - ex-ministro de Bolsonaro e hoje deputado federal
  • Fábio Wajngarten - ex-secretário de Comunicação da Presidência
  • Gabriela Santiago Ribeiro Cid - esposa de Mauro Cid
  • Jean Lawand Júnior - coronel do Exército que trocou mensagens com tom golpista
  • Julio Cesar Arruda - ex-comandante do Exército
  • Mauro Cesar Loureno Cid - pai de Mauro Cid
  • Ridauto Lúcio Fernandes - ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde
  • Rodrigo Henrique Roca Pires - advogado

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