Descrição de chapéu Folhajus ataque à democracia

Golpismo, joias, vacina: veja investigações que atingiram Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro

Após firmar delação e ser solto, ex-ajudante de ordens foi preso novamente após revelação de áudios

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São Paulo

Preso em maio de 2023 sob acusação de ter comandado um esquema de falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro e familiares, o tenente-coronel Mauro Cid foi solto em setembro do mesmo ano, após ter sua proposta de delação premiada homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mas acabou preso novamente nesta sexta-feira (22).

Cid teve mandado de prisão expedido por Moraes sob a justificativa de "descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça."

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), ele também foi investigado por participação em outros casos, como a venda de joias recebidas pelo governo do então mandatário.

Ele teve sua delação posta em xeque após a divulgação de áudios em que ele faz críticas tanto à PF como a Moraes.

Nas gravações reveladas pela revista Veja, o militar disse que era obrigado a corroborar versões conforme narrativas já construídas pela PF.

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em depoimento à CPI do 8/1 - Pedro Ladeira-11.jul.23/Folhapress

Veja algumas das investigações em que Mauro Cid foi envolvido.

1) Plano de golpe

Segundo relatório da Polícia Federal, foi encontrada nos celulares de Mauro Cid uma minuta golpista de um decreto de estado de sítio, além de uma espécie de estudo para a viabilidade para a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições de 2022.

No material, a PF também identificou diálogos explícitos sobre um golpe ou sobre manifestações de apoio aos militares. Em um deles, travado em novembro e dezembro, o coronel Jean Lawand Junior pede diversas vezes para Cid convencer Bolsonaro a ordenar a intervenção das Forças Armadas. A certa altura, Cid se diz na luta.

A defesa de Bolsonaro afirmou em nota que os diálogos encontrados no celular de Cid reforçam que o ex-presidente não participou de articulações golpistas e que o celular do ex-assessor havia se tornado uma "simples caixa de correspondência" para as "mais diversas lamentações".

2) Cartão de vacina

Cid foi preso em maio pelas suspeitas em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente.

Em delação à PF, ele disse ter providenciado a fraude no documento de Bolsonaro a pedido do então presidente. Ambos foram indiciados pela corporação (assim como outras 15 pessoas) sob suspeita dos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa.

Bolsonaro disse que, se Cid cometeu algum crime, teria sido à sua revelia.

3) Joias sauditas

Cid também é alvo de investigação da PF que apura se Bolsonaro teria atuado para ficar com joias presenteadas pela Arábia Saudita e apreendidas na alfândega do aeroporto de Guarulhos em 2021.

Documentos e relatos confirmam que, no final de dezembro de 2022, houve uma mobilização na Presidência na tentativa de liberação do material, incluindo envio de um integrante da ajudância de ordens, chefiada por Cid, ao aeroporto de Guarulhos em busca dos presentes. Cid teria ainda preparado um ofício encaminhado para a Receita solicitando a liberação das joias.

Bolsonaro afirmou ter tido conhecimento sobre as joias apreendidas na Receita 14 meses depois do ocorrido e que, em dezembro passado, buscou informações para evitar um suposto vexame diplomático caso os presentes fossem a leilão.

4) Lives sobre urnas e inquérito sobre ataque ao TSE

Cid se tornou alvo de investigações por suposto envolvimento em episódios em que Bolsonaro atuou para descredibilizar as urnas eletrônicas, sendo investigado tanto por organização da live de 29 de julho de 2021 quanto por supostamente ter ajudado em suposto vazamento de inquérito da PF sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

5) Transações

A PF encontrou no telefone de Cid mensagens que levantaram suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do então presidente, como revelou a Folha em setembro do ano passado. Na investigação, a PF apontou que os investigados realizavam depósitos em espécie e de forma fracionada, utilizando em grande parte terminais de autoatendimento e depósitos em dinheiro na conta de Cid.

Em maio de 2023, a defesa de Bolsonaro negou irregularidades e afirmou que a utilização de dinheiro vivo para pagamento de despesas do ex-presidente e da família serviu para bancar custos com pequenos fornecedores.

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