Descrição de chapéu mercado de trabalho

Entenda o que é 'hidden overwork' e como evitar

Edição da newsletter Folha Carreiras explica o que é a sobrecarga invisível do trabalho

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São Paulo

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Tema da semana: 'hidden overwork' ou trabalho oculto

Você se considera uma pessoa viciada em trabalhar? Existe um nome para isso: workaholic (trabalhador compulsivo). Trago esse termo para contextualizar um fenômeno que tomou conta do ambiente profissional.

Sabe aquilo de ler email, responder demandas do trabalho no WhatsApp ou preparar apresentações fora do seu horário de trabalho? Se você repete com frequência, sinto em lhe dizer mas pode estar fazendo hidden overwork.

Ler email ou responder demandas do trabalho no WhatsApp fora do seu horário de trabalho são alguns dos exemplos de hidden overwork - gstockstudio/Adobe Stock

Hidden o quê? Seria algo como trabalho oculto ou sobrecarga invisível do trabalho.

São pessoas que realizam atividades do seu emprego em momentos de descanso. Leva esse nome de oculto ou invisível porque não são tarefas vistas pela chefia e não são jornadas estendidas ou hora extra remunerada.

Por que isso acontece?

  • Esse fenômeno é uma "obrigação velada" em que a pessoa trabalha mais porque se cobra em dar seu melhor para não comprometer sua carreira, afirma Renata Tavolaro, líder da equipe de psicólogos da orienteme, plataforma de gestão de saúde corporativa;

O profissional quer mostrar que está presente. Isso pode acontecer até quando ele está de férias.

  • Exemplos: manda email sobre um assunto que leu para mostrar ao chefe que ainda está ligado na empresa, diz Lucas Toledo, diretor executivo do PageGroup, empresa de recrutamento e seleção de executivos.

'Mas, e se for um investimento na minha carreira?' Até aí tudo bem, contanto que não gere um desgaste mental e comprometa seu descanso. Vamos aos exemplos: a pessoa faz algum curso, lê livro, ouve podcast em busca de aprimoração.

Desde que seja uma atividade que traga um significado ou propósito e que te ajude a alcançar alguma meta, diz Patricia Ansarah, psicóloga organizacional e fundadora do IISP (Instituto Internacional em Segurança Psicológica).

Trabalhar muito traz prejuízos:

  • Vira um comportamento tão nocivo e automático que o profissional não consegue parar de trabalhar;
  • Desgaste mental e físico como perda de concentração e estresse;
  • Distúrbios do sono como insônia;
  • "Quando você faz mais do que deveria e não tem retorno, isso gera frustração: 'Faço tanto pela empresa e não sou reconhecido'", diz Toledo.


Quem passa por isso, conta:

  • A estudante de psicologia, 23, que preferiu não ser identificada, faz estágio na área de recursos humanos.
    • Ela faz algumas atividades do estágio fora do seu horário de trabalho para adiantar demandas e não consegue dizer não para tarefas pedidas pela sua chefe, mesmo quando está sobrecarregada.
    • Ela diz ter medo de ser ser vista diferente. Acredita que pode perder oportunidades de contratação e tem receio de não conseguir avançar.


Pandemia intensificou o trabalho oculto? Sim, especialmente pela adoção do home office.

"É como se você morasse no trabalho. No presencial, tinha momentos de conversa com os colegas e eram nessas situações que o profissional se desconectava do emprego. Em casa, o computador está sempre ligado. As pessoas não conseguem separar a vida profissional do trabalho", diz Tavolaro.

Como mudar isso?

  • Mude seu estilo de vida. Não só a alimentação, mas também os seus pensamentos. "Você alimenta seu cérebro do quê?", questiona Tavolaro.
  • Converse com seu líder ou com a equipe de RH da companhia para negociar suas atividades a fim de não te sobrecarregar.
    • Alô, empresas: Ansarah afirma que isso só é possível quando o profissional está em ambientes psicologicamente seguros em que o colaborador pode pedir ajuda e trazer suas inseguranças.


Onde buscar ajuda profissional?

Rede de Atenção Psicossocial
Mapa mostra as unidades da rede habilitada pelo Ministério da Saúde desde set.2020 aqui.

Mapa Saúde Mental
Site reúne diversos tipos de atendimento: aqui

CVV (Centro de Valorização da Vida)
Voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188: aqui

Falando em fenômeno do trabalho... hidden overwork vai na contramão do quiet quitting (demissão silenciosa) em que o intuito do movimento é colocar limites entre o pessoal e o trabalho. A ideia é não resumir sua vida apenas ao emprego.


Pergunte ao especialista

Tiramos dúvidas sobre mercado de trabalho e saúde mental.

Patricia Ansarah - newsletter de carreiras
Patricia Ansarah, psicóloga organizacional e fundadora do IISP (Instituto Internacional em Segurança Psicológica) - Divulgação

O trabalho oculto pode desencadear um burnout? É o caminho. Explico como isso pode acontecer. Primeiro, a pessoa entra em um estado automático de ter que entregar resultados. Isso causa um sofrimento emocional que não é evidente, acontece de forma silenciosa e consome a energia psíquica do profissional. Aos poucos desencadeia os sintomas físicos, emocionais, relacionais e mentais. De repente, a pessoa está numa vida completamente disfuncional, que acarreta a improdutividade e impacta nas relações pessoais. Quando a gente vê, a pessoa pifou. Esse conjunto de sintomas que vai se estabelecendo leva ao esgotamento mental.

Sinais de desgaste provocado pelo excesso de trabalho: dores de cabeça, insônia e tremores, e sintomas emocionais como falta de motivação, baixo autoestima e perda de concentração.


Não fique sem saber

Explicamos dois assuntos do noticiário para você.

A situação da Covid piorou?

Alguns indicadores dizem que sim. Explicamos aqui.

Um dos efeitos dessa alta foi a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público em São Paulo.

  • "A volta das máscaras no transporte é importante porque está se vendo uma evolução nos casos de Covid, com subvariantes da ômicron com maior grau de transmissibilidade", afirma Álvaro Furtado da Costa, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Nova variante: o Instituto Butantan identificou em SP a nova sublinhagem da variante ômicron, a BN.1, que já está em circulação nos Estados Unidos, Europa e Austrália.

E as vacinas? A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso emergencial de duas vacinas bivalentes (oferece imunização contra mais de uma cepa do coronavírus) produzidas pela Pfizer.

  • Primeira vacina brasileira. Começou a ser testada em humanos pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), instituição responsável pelo desenvolvimento do imunizante.

O que a Folha pensa: Vacina bivalente, campanhas e imunização infantil são armas da vez contra Covid, escreve o jornal em seu editorial.

Ouça no podcast Café da Manhã as dificuldades para o controle da Covid no próximo governo.

Brasileiros em Portugal querem voltar. O que rolou?

O sonho português não aconteceu. Despreparados, brasileiros recém-chegados a Portugal pedem ajuda para voltar, escreve a correspondente em Lisboa Giuliana Miranda.

  • Falando em migração...para conseguir um visto de trabalho em Portugal é preciso dispor de ao menos R$ 11 mil. Outra alternativa é apresentar um responsável financeiro com termo de compromisso.
    • Opinião: Portugal recebe brasileiros como dono de uma casa pequena que quer dar festa grande, escreve o colunista da Folha José Manuel Diogo.
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