Justiça do Rio absolve PM pela morte do menino João Roberto
O cabo da PM do Rio William de Paula, acusado de matar o menino João Roberto Amorim, 3, foi condenado nesta quarta-feira a sete meses de prisão, mas absolvido pela morte do menino. A decisão foi anunciada na noite desta quarta-feira pelo juiz Paulo Lanzelloti Baldez, do 2º Tribunal do Júri, no centro da cidade.
O cabo foi submetido a júri popular e condenado somente pelos crimes de lesão corporal leve contra a mãe Alessandra Amorim Soares e o irmão de João Roberto. A família foi baleada em um carro que foi confundido com o de criminosos, em julho passado, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio.
Reprodução |
João Roberto (à esq.), 3, morto após ser baleado por PMs, em foto com o irmão; governo do Rio deverá pagar indenização à sua família |
O Ministério Público informou que vai recorrer da decisão porque entende que a condenação é contrária às provas apresentadas.
Durante o julgamento, o PM negou ter atirado contra o menino e disse que deu apenas tiros de advertência contra o pneu e o porta-malas do veículo. À Justiça ele alegou ainda que, mesmo tendo atirado contra o carro da mãe de João Roberto, disparou dois tiros de advertência por considerar se tratar de criminosos. Afirmou também que agiu com cautela, por isso, evitou a morte do irmão e da mãe do menino, que também estavam no veículo.
Ele admitiu ter confundido o carro da família com o dos suspeitos. "Achei que era o Fiat Stilo [carro onde estavam supostos criminosos em fuga]. Mesmo assim, consegui evitar o pior", disse. "Eu confundi o carro e só vi o símbolo da Fiat."
Ele relatou ao juiz Baldez ter ficado emocionalmente abalado ao ver o menino baleado. "Não tive nem forças para tirar a criança do carro. Fiquei traumatizado porque sou pai de família."
Julgamento
No julgamento, que começou às 11h desta quarta-feira, a mãe de João Roberto foi a primeira a ser ouvida.
Segundo Alessandra, o carro em que estava Willian e o outro policial acusado, Elias da Costa Neto, aproximou-se de seu veículo em alta velocidade e disparou vários tiros. Ela disse que encostou o seu carro para a polícia passar, mas percebeu que o alvo dos tiros era o seu carro.
Para evitar mais disparos e mostrar que havia crianças no carro, ela teria jogado uma bolsa de bebê para fora do carro. Além de Alessandra, testemunharam o coronel Rogério Leitão, relações públicas da PM, e Maurício Augusto, que assistiu parte da ação da janela de seu apartamento.
O soldado Elias Gonçalves, também acusado no caso, será julgado no próximo dia 15.
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