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BIOQUÍMICA
Ex-presidente da SBPC é o mais citado no conjunto das quatro
áreas do Ranking da Folha
Ferreira recomenda pesquisar
da Redação
Pesquisar bastante e publicar o que acha relevante. Esse é o conselho
que dá aos jovens cientistas o médico e farmacologista Sérgio
Henrique Ferreira, o pesquisador brasileiro recordista de citações
em bioquímica _6.518 ao todo_ e no conjunto das quatro áreas
abrangidas pelo Ranking da Ciência da Folha.
Aos 64 anos, 39 de carreira, Ferreira possui um invejável conjunto
de realizações na pesquisa farmacológica, como a
descoberta de
um fator da bradicinina (substância do veneno de jararaca) que levou
ao surgimento de importantes drogas anti-hipertensivas, como o captopril,
e ao desvendamento de um dos processos da ação analgésica
da aspirina.
Lúcio
Piton/Folha Imagem
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O ex-presidente
da SBPC Sérgio Ferreira no Departamento de Farmacologia da
Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto |
Em reconhecimento ao seu trabalho, a Sociedade Norueguesa de Hipertensão
deu o nome de Ferreira ao prêmio que a entidade oferece a autores
de pesquisas relevantes nessa área.
Seu currículo pode, a princípio, levar as pessoas a pensar
que ele nada mais faz na vida senão ficar trancado em um laboratório.
Mas não é bem assim. Ferreira pode ser definido também
como um eterno agitador. Graças a ele, tiveram continuidade os
esforços iniciados por Maurício da Rocha e Silva para fazer
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade
de São Paulo) um centro de excelência da pesquisa médica
brasileira. Foi lá que ele e colegas fundaram a revista Brazilian
Journal of Medical and Biological Research, uma das 16 do país
indexadas no SCI (Science Citation Index).
Sua carreira na USP teve algumas interrupções, que o levaram
à direção do Instituto Nacional de Controle de Qualidade
da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, e da diretoria
de pesquisa da empresa farmacêutica Wellcome, no Reino Unido, onde
de 1971 a 1975 ele compreendeu o caminho que leva da pesquisa à
patente.
Há dois meses, Ferreira encerrou quatro anos na presidência
da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), destacando-se
como um crítico contundente da política de ciência
e tecnologia do governo federal.
Seu tom de voz, que muitas vezes parece denunciar um certo tédio
diante do assunto, é, na verdade, enganador. Quando menos o interlocutor
espera, Ferreira dispara uma surpreendente análise ou diagnóstico
do tema em pauta, a estratégia a ser adotada e a tática
mais adequada.
Ao ouvi-lo por telefone falar sobre iniciativas como o Ranking da Ciência,
dá até para imaginar uma expressão de descrença
com o tema. Mas, após enfatizar que esse não é o
único critério a ser empregado para avaliar produtividade
científica, ele se empolga também com o outro lado da questão.
É preciso saber se os cientistas estão produzindo.
O orçamento das universidades deve ser estabelecido em função
do mérito e da produtividade. Não adianta nada alguém
ser produtivo, pois vai ser tratado do mesmo jeito que aqueles que não
são. (MAURÍCIO TUFFANI)
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