Enquanto a votação da PL das Fake News periga ser adiada na Câmara, o clima nas redes sociais está acirrado, com esquerda e direita se opondo em relação ao tema e aumentando a pressão sobre políticos e plataformas de internet.
Sob as tags como "PL 2630 JÁ" e "PL#PL2630SIM", com mais de 50 mil menções no Twitter até o início da tarde desta terça (2), usuários, sobretudo à esquerda, defendem a aprovação do projeto, levantando o argumento de que o controle maior sobre as redes sociais tornaria a internet mais segura e menos exposta à desinformação e a discursos de ódio.
Eles também batem no ponto que o PL pode ajudar a proteger crianças ao coibir ataques a escolas e a atividade de abusadores.
Ainda no campo favorável ao PL, repetem-se publicações com críticas à postura de plataformas de internet que fazem oposição ao texto.
Como mostrou reportagem da Folha, o Google lançou uma ofensiva contra o projeto de lei, privilegiando resultados de buscas com conteúdo contrário a sua aprovação. Em sua página principal, passou a exibir um artigo alertando sobre os perigos da iniciativa.
"Google apoia fake news" e "fake news mata" são algumas das frases mais repetidas pelos críticos após a repercussão da ofensiva, além de acusações de abuso de poder econômico e de intrusão em debate político. Até este momento, o nome da companhia soma 970 mil menções no Twitter.
Circulou, neste domingo e na segunda-feira, o boato de que o Twitter estaria desconectando contas que tentavam fazer publicações de apoio ao PL. O ministro Flávio Dino (Justiça), inclusive, respondeu a um tuíte com a alegação afirmando que encaminharia o caso para análise do ministério.
Em resposta, o Twitter incluiu uma nota em algumas das publicações afirmando que a rede social passava por "instabilidades no mundo inteiro" e não estava propositalmente desconectando perfis por suas opiniões.
Do outro lado, perfis alinhados à direita pressionam pela derrota do projeto principalmente com a tag "PL da Censura". Eles afirmam que o projeto pode diminuir ainda mais liberdade de expressão nas redes, pauta recorrente da direita mundial nos últimos anos, e aumentar de forma autoritária o poder da Justiça sobre o que pode ou não ser publicado na internet.
Eles ainda defendem o direito do Google e de outras empresas de tecnologia de se posicionarem contra o PL e a favor dos próprios interesses e criticam, por sua vez, a tentativa de "censura" do governo ao tentar proibir a ação das companhias.
"Se querem censurar o Google, imagine o que farão conosco", diz um perfil.
Após o Google anexar o manifesto contrário ao PL em sua página principal, usuários à esquerda e à direita passaram a publicar montagens bem-humoradas com as imagens do artigo. Intitulado originalmente de "PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou não", o artigo passou a ter títulos irônicos, como "saudades do Bolsonaro" e "desfazendo o L".
O que diz o PL
O projeto, entre outros pontos, traz uma série de obrigações aos provedores de redes sociais e aplicativos de mensagem, como a moderação de conteúdo. Após os ataques de 8 de janeiro, o governo Lula elaborou proposta que obriga as redes a removerem material que incitem golpe de Estado e encaminhou para o deputado Orlando Silva.
Entenda em 7 pontos o que está em jogo com a regulação das redes sociais.
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