Reforços do Fla jogam o triplo e marcam o quíntuplo dos palmeirenses

Clube carioca acerta em contratações para virar o jogo sobre o paulista

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São Paulo

Os torcedores e jogadores do Palmeiras terminaram 2018 comemorando o título do Campeonato Brasileiro e tripudiando sobre os do Flamengo, que mais uma vez haviam ficado no quase. Em 2019, no duelo entre os dois clubes com maior capacidade de investimento no país, houve uma virada.

Ela ocorreu justamente porque os investimentos rubro-negros se mostraram muito mais certeiros do que os alviverdes. As caras novas do campeão carioca, brasileiro e sul-americano tiveram papel decisivo nessas conquistas, ao passo que os atletas contratados pela agremiação paulista não conseguiram impacto positivo significativo.

As duas equipes se enfrentam neste domingo (1º), às 16h, no Allianz Parque e com torcida única após decisão da CBF, que atendeu pedido do Ministério Público de São Paulo.

Gabriel e Bruno Henrique comemoram gol contra o Bahia
Gabriel e Bruno Henrique comemoram gol contra o Bahia - Sergio Moraes - 10.nov.2019/REUTERS

O Flamengo acertou com nove jogadores neste ano, e o Palmeiras incorporou dez a seu elenco (conta que não inclui o atacante colombiano Angulo, usado apenas no time sub-20). A diferença na produção é grande.

O reforço médio rubro-negro jogou 36,1 partidas até aqui na temporada e esteve em campo por 2.893 minutos, marcando 11 gols. O alviverde jogou 13,8 partidas e esteve em campo por 796 minutos, marcando 1,9 gol. Os números foram levantados na base de dados do site oGol.

A diferença nos gols se torna ainda maior se é levado em conta que sete dos dez reforços do Palmeiras são atacantes, com um total de 19 bolas na rede. Os três homens de frente contratados pelo campeão da Libertadores (Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol) somam 89.

É verdade que o Flamengo gastou mais na compra de novos atletas. Foram R$ 164 milhões, contra R$ 119 milhões, mas não está nesse cálculo o pagamento de comissões, luvas e salários. E entre os gastos do Palmeiras estão aqueles ligados à permanência de Marcos Rocha, Mayke e Gustavo Gómez, remanescentes de 2018.

De qualquer maneira, não é difícil apontar que os reais investidos pelo vencedor do Brasileiro de 2019 foram mais bem gastos do que o dinheiro empregado por quem tentava manter a taça conquistada em 2018.

Basta observar que o Palmeiras pagou R$ 25,2 milhões pelo atacante Carlos Eduardo, que disputou 19 jogos e fez um gol. O Flamengo desembolsou R$ 23 milhões por Bruno Henrique, da mesma posição, que fez 34 gols em 58 jogos até aqui e foi eleito o melhor jogador da Copa Libertadores.

A comparação é desfavorável aos paulistas em todos os níveis de investimento. Em faixa de preço semelhante à de Bruno Henrique e Carlos Eduardo estavam o beque Rodrigo Caio, peça-chave do sistema defensivo rubro-negro, e o atacante Zé Rafael, que se alternou entre o time titular e o reserva verde e branco, colocando cinco bolas na rede.

Outros custaram menos. Por Pablo Marí, zagueiro que conquistou rapidamente seu espaço no elenco, o Flamengo tirou do bolso R$ 5,5 milhões. Foi o mesmo valor gasto pelo clube de São Paulo no centroavante Arthur Cabral, que jogou cinco partidas até ser despachado para a Suíça.

O custo nem sempre é pela compra dos direitos econômicos, no entanto. Com jogadores livres no mercado, a praxe é negociar com o próprio atleta e seus agentes um valor de aquisição, as chamadas luvas, que não entram na conta apresentada aqui.

Dois dos que chegaram nessa condição ao Palmeiras foram o volante Ramires, que totaliza quatro jogos e 114 minutos com a camisa alviverde, e o atacante Luiz Adriano, que acumula 14 jogos e 976 minutos.

Rafinha tem 26 jogos e 2.136 minutos pelo Flamengo e estava livre no mercado, assim como o lateral esquerdo Filipe Luís, 19 jogos e 1.543 minutos. Todos chegaram no meio do ano.

O Palmeiras não fez, para 2019, investimentos altos como os feitos pelo Flamengo para ter em seu elenco o meio-campista Gerson (R$ 50 milhões) e o meia-atacante Arrascaeta (R$ 63,7 milhões). Também houve, porém, uma clara superioridade rubro-negra nos acertos por empréstimo.

Artilheiro do Brasileiro e autor de dois gols na final da Libertadores, Gabriel Barbosa, o Gabigol, chegou cedido pela Inter de Milão. Dos três emprestados ao Palmeiras —Ricardo Goulart, Felipe Pires e Henrique Dourado—, só o último segue vestindo a camisa alviverde (e totaliza 74 minutos em campo).

“Não adianta achar que está tudo errado. Vamos fazer a manutenção do elenco e melhorá-lo”, disse o diretor de futebol alviverde, Alexandre Mattos, lembrando que a equipe havia conquistado o Campeonato Brasileiro em 2018 com um grupo de jogadores elogiado.

O dirigente apontou ainda que nem todas as contratações feitas neste ano buscavam um retorno imediato. É o caso do volante Matheus Fernandes, de 21 anos, em quem o clube enxerga uma peça útil para as próximas temporadas.

“Às vezes, contratamos para o cara jogar de imediato. Em alguns casos, é uma oportunidade de mercado que aparece. Em outros, é para preparar uma opção para o futuro, para criar um desconforto no titular”, afirmou Mattos.

No Flamengo, só o lateral direito João Lucas, de 21 anos, chegou como plano para o futuro. Os oito outros reforços se tornaram peças importantes em uma campanha histórica.

"Não precisa ser nenhum Midas. Contratamos jogadores com espírito vencedor. É preciso conhecer um pouco de futebol e entender seu elenco. Temos um departamento que nos fornece informações importantes", disse o vice-presidente de futebol rubro-negro, Marcos Braz.

Assim, em um intervalo de um ano e com escolhas acertadas na formação do elenco, o time carioca saiu do quase para se colocar na briga pelo Mundial de Clubes.

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