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juventude
28/10/2003
Uso de álcool por adolescentes tem aumentado no país, alerta psicóloga

A morte de dois estudantes nas últimas semanas trouxe de volta a discussão sobre o consumo de álcool por jovens. Apesar de ainda não se saber se os dois beberam horas antes de morrer, tanto Gutemberg Clarindo Oliveira, de 16 anos, cujo corpo foi encontrado ontem no Lago do Ibirapuera, como Ângelo Luiz Coradi Comineli, de 20 anos, achado no Rio Tietê na quarta-feira, tinham acabado de participar de festas com grande quantidade de álcool disponível.

Especialistas têm uma certeza. O consumo de bebidas alcoólicas cresce entre os adolescentes. "O uso de álcool entre os jovens brasileiros tem aumentado", adverte a psicóloga Ilana Pinsky, coordenadora do ambulatório de adolescentes da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ela, os poucos estudos que existem sobre o tema registram essa tendência.

Os pesquisadores também identificaram outro fenômeno. "Aparentemente, a idade do início do uso de álcool tem caído", diz Ilana. Entre as causas do problema, a psicóloga destaca a falta de campanhas de prevenção, o preço muito baixo e a facilidade que qualquer um tem de comprar bebidas - mesmo que a venda para menores seja proibida. "Existe um clima no Brasil de extrema tolerância com o álcool e pouca informação."

Na sua opinião, a indústria de bebidas alcoólicas contribui para manter esse cenário ao desenvolver produtos destinados aos jovens e, ainda, ao apostar em campanhas publicitárias voltadas para esse público. Para ela, aposta-se na união entre alegria, festividade e juventude e se esquece do outro lado.

"Com o tabaco, isso tem mudado um pouco", compara Ilana. Embora algumas empresas tenham passado a veicular propagandas com a frase "Beba com moderação", a psicóloga classifica a iniciativa como tímida. "Tem de ter uma lupa para ler a maioria dos anúncios."

Pressão
As campanhas publicitárias também são vistas como um problema pela professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Maria Lúcia Formigoni, que coordena a Unidade de Dependência de Drogas. "As propagandas de cerveja têm se dirigido ao público jovem, ainda que digam que não." Segundo ela, existe uma pressão muito forte para estimular os adolescentes a beber.

Como exemplo do aumento do consumo, Maria Lúcia cita uma pesquisa feita com estudantes de Barueri, na Grande São Paulo. O estudo mostrou que a maioria dos alunos com idade entre 10 e 13 anos já havia experimentado bebida. Dos adolescentes consultados, 23% tinham consumido o produto pelo menos três vezes no mês anterior à entrevista.


MAURÍCIO MORAES
De O Estado de S. Paulo

   
 
 
 

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