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3 de novembro |
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Quem morreu?
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Maluf? Ele acabou ou está mais forte do que nunca? A resposta
a esse tipo de pergunta já não é sequer questão
de opinião. Vai dependendo da vontade de cada comentarista.
Vejo artigos que insistem em proclamar a morte do malufismo; parecem
reagir a um movimento anterior, que refletia o espanto pela porcentagem
dos votos obtidos pelo candidato do PPB, numa situação
francamente desfavorável do ponto de vista da opinião
pública (Pitta, máfia dos fiscais etc. --e bota etc.
nisso).
O problema é que esse espanto foi instrumentalizado pelo próprio
Maluf, que bem a seu estilo se proclamou "vitorioso" depois
de perder para o PT. Tornou-se então obrigatório repetir
aquilo que Maluf insiste em não admitir; que ele foi rejeitado
pelas urnas.
Surge uma espécie de voluntarismo no comentário político:
temos de dizer que Maluf acabou para que ele acabe. Acho difícil
essa reza dar certo.
Vou além. A vitória das oposições em muitas
capitais indica muito pouco, na minha opinião, quanto à
sucessão presidencial. Fala-se agora numa aliança entre
Ciro Gomes e Lula, ou melhor, volta-se a falar de Lula para 2002.
Tenho duas observações, claro que da ótica de
um paulistano (não sei qual o grau de oposicionismo ao governo
federal em outras cidades do país).
A primeira é a seguinte. Se Maluf, com toda a rejeição
de que é objeto, teve uns 40% de votos, só posso acreditar
que o candidato de FHC nas eleições presidenciais terminará
ganhando de lavada. Pois nem de longe é possível demonizar
FHC como um Maluf no plano federal.
E, se o ponto forte do PT é a ética (e não as
propostas de renegociar a dívida externa, por exemplo), até
agora não pesam sobre FHC acusações tão
enfáticas quanto as que cercam Maluf e companhia.
Prestígio de Lula, Ciro Gomes e Itamar? Tenho muitas dúvidas.
Será que algum deles desfruta de uma imagem capaz de representar
todo o oposicionismo revelado nas eleições municipais?
Acho que o PT cresceu porque Lula diminuiu. Nada mais sintomático
disso do que as faixas apócrifas colocadas nas ruas de São
Paulo. Diziam: "Marta prefeita, Lula presidente." O PT tratou
de arrancá-las o mais rápido possível; sem dúvida,
as faixas foram obra dos adversários de Marta.
Será preciso dizer mais? O fato é que, para um candidato
à Presidência da República, Lula se mostra (e
ganha com essa atitude) há muito tempo ausente do debate político.
Pensemos em algumas crises recentes. As constantes desavenças
entre FHC e Itamar; a ameaça de invasão à fazenda
dos filhos de Fernando Henrique pelo MST; o caso Eduardo Jorge; os
escândalos do Judiciário; a crise cambial de 1999. Não
me lembro de nenhuma declaração de Lula a respeito desses
temas. Muito menos qualquer tentativa de agir como árbitro,
mediador, homem político nessas situações.
Enquanto isso, Antonio Carlos Magalhães aproveita qualquer
brecha para criticar o presidente ou reconciliar-se com ele. Sabe
antecipar-se à opinião pública. Ocupa um papel
que deveria ser o de Lula.
A única declaração notável de Lula nos
últimos tempos foi a frase infeliz sobre os cidadãos
de Pelotas. Será boicote da mídia? Será que a
imprensa só destaca as bobagens, e não os acertos de
Lula? Duvido muito disso; Itamar produz todo tipo de notícia,
até para ser espinafrado, mas não se faz notar pela
ausência.
Talvez as vitórias do PT animem Lula a aparecer de novo. Mas
a rejeição a seu nome até se intensifica com
toda a idéia de que o PT "agora pode governar". Já
escrevi sobre a hipocrisia desses amores pelo PT. Destaco apenas o
seguinte. Se alguém parece "morto" depois destas
eleições, é menos Maluf do que Lula. E, certamente,
não o governo federal.
Leia colunas anteriores
27/10/2000 - Fascismo
por Procuração
20/10/2000
- Ôôô Dona Marta!
13/10/2000 - Descontrole emocional
06/10/2000 - Recado? Que recado?
29/09/2000 - Sobre o malufismo
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