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Marcelo Coelho
  3 de novembro
  Quem morreu?
 
   
Maluf? Ele acabou ou está mais forte do que nunca? A resposta a esse tipo de pergunta já não é sequer questão de opinião. Vai dependendo da vontade de cada comentarista.

Vejo artigos que insistem em proclamar a morte do malufismo; parecem reagir a um movimento anterior, que refletia o espanto pela porcentagem dos votos obtidos pelo candidato do PPB, numa situação francamente desfavorável do ponto de vista da opinião pública (Pitta, máfia dos fiscais etc. --e bota etc. nisso).

O problema é que esse espanto foi instrumentalizado pelo próprio Maluf, que bem a seu estilo se proclamou "vitorioso" depois de perder para o PT. Tornou-se então obrigatório repetir aquilo que Maluf insiste em não admitir; que ele foi rejeitado pelas urnas.

Surge uma espécie de voluntarismo no comentário político: temos de dizer que Maluf acabou para que ele acabe. Acho difícil essa reza dar certo.

Vou além. A vitória das oposições em muitas capitais indica muito pouco, na minha opinião, quanto à sucessão presidencial. Fala-se agora numa aliança entre Ciro Gomes e Lula, ou melhor, volta-se a falar de Lula para 2002.

Tenho duas observações, claro que da ótica de um paulistano (não sei qual o grau de oposicionismo ao governo federal em outras cidades do país).

A primeira é a seguinte. Se Maluf, com toda a rejeição de que é objeto, teve uns 40% de votos, só posso acreditar que o candidato de FHC nas eleições presidenciais terminará ganhando de lavada. Pois nem de longe é possível demonizar FHC como um Maluf no plano federal.

E, se o ponto forte do PT é a ética (e não as propostas de renegociar a dívida externa, por exemplo), até agora não pesam sobre FHC acusações tão enfáticas quanto as que cercam Maluf e companhia.

Prestígio de Lula, Ciro Gomes e Itamar? Tenho muitas dúvidas. Será que algum deles desfruta de uma imagem capaz de representar todo o oposicionismo revelado nas eleições municipais?

Acho que o PT cresceu porque Lula diminuiu. Nada mais sintomático disso do que as faixas apócrifas colocadas nas ruas de São Paulo. Diziam: "Marta prefeita, Lula presidente." O PT tratou de arrancá-las o mais rápido possível; sem dúvida, as faixas foram obra dos adversários de Marta.

Será preciso dizer mais? O fato é que, para um candidato à Presidência da República, Lula se mostra (e ganha com essa atitude) há muito tempo ausente do debate político.

Pensemos em algumas crises recentes. As constantes desavenças entre FHC e Itamar; a ameaça de invasão à fazenda dos filhos de Fernando Henrique pelo MST; o caso Eduardo Jorge; os escândalos do Judiciário; a crise cambial de 1999. Não me lembro de nenhuma declaração de Lula a respeito desses temas. Muito menos qualquer tentativa de agir como árbitro, mediador, homem político nessas situações.

Enquanto isso, Antonio Carlos Magalhães aproveita qualquer brecha para criticar o presidente ou reconciliar-se com ele. Sabe antecipar-se à opinião pública. Ocupa um papel que deveria ser o de Lula.

A única declaração notável de Lula nos últimos tempos foi a frase infeliz sobre os cidadãos de Pelotas. Será boicote da mídia? Será que a imprensa só destaca as bobagens, e não os acertos de Lula? Duvido muito disso; Itamar produz todo tipo de notícia, até para ser espinafrado, mas não se faz notar pela ausência.

Talvez as vitórias do PT animem Lula a aparecer de novo. Mas a rejeição a seu nome até se intensifica com toda a idéia de que o PT "agora pode governar". Já escrevi sobre a hipocrisia desses amores pelo PT. Destaco apenas o seguinte. Se alguém parece "morto" depois destas eleições, é menos Maluf do que Lula. E, certamente, não o governo federal.

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Fascismo por Procuração
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