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Num documentário
da TV, vi como os peritos testam o poder das armas de fogo. Carros,
portas e paredes resistem a determinados impactos. Para avaliar
o efeito dos projéteis no corpo humano, os técnicos usam bananeiras.
Explicação: o caule delas tem mesma textura da carne humana.
A menos que esbarre com um osso, a bala segue o seu curso através
da carne como se fosse numa bananeira: ela é macia, úmida, de fácil
penetração.
Antigamente, quase não havia apartamentos, havia casas.
Todas tinham quintais e todos os quintais tinham bananeiras. Era
um dos mistérios de minha infância. Onde não se armava um galinheiro
ou se abria espaço para a pelada de futebol, inexoravelmente, nascia
uma bananeira. Se Pasteur vivesse no Brasil acreditaria na geração
expontânea.
Foi através delas que aprendi as primeiras noções da vida sexual.
Os meninos daquele tempo descobriram a pólvora antes dos fabricantes
de armas, bem verdade que com finalidades mais nobres.
Era comum ver garotos de 13, 14 anos agarrados nas bananeiras. Gemiam
alto, outros gemiam altíssimo, numa emulação que eu não entendia
e que parecia fazer parte da brincadeira.
Andava pelos oito anos e achava aquilo incompreensível, vagamente
condenável. Quando me pegava sozinho me agarrava numa bananeira,
gemia alto mas não sentia nada de especial. Achava que não se devia
fazer aquilo com as bananeiras, cuja função é dar bananas.
Mais tarde, fiquei sabendo que os meninos do interior se iniciavam
com cabras, jumentas, vacas, até com galinhas. Valia tudo, não havia
o sexo virtual da Internet. Na cidade, os meninos usavam bananeiras
que davam em qualquer quintal.
Outro dia, falei dos testes nas fábricas de armas com um primo mais
velho. Falei nas bananeiras. Confessei que não as apreciara. Ele
me reprovou: - "Não sabe o que perdeu!"
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09/5/2000 -
O macaco e o galho
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