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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  8 de agosto
  O anão zangado
   
   

Deve ser implicância minha. Afinal, estou cuspindo no prato em que como. Desde que me rendi ao universo virtual, bem que podia criticar outras coisas que, a meu ver, merecem ser criticadas. Mas insisto em questionar a linguagem eletrônica, sabendo que ela é irreversível.
Uma atitude certamente reacionária, igual à daquele anãozinho da Branca de Neve, o Zangado, que era sempre do contra. No fundo, era ele, entre os sete anões, o que mais amava a moça. Quando pareceu a todos que Branca de Neve morrera envenenada pela Rainha/Bruxa, as lágrimas do Zangado, num canto, escondido, eram as mais sinceras e amargas.
Recebo do leitor Luiz Paulo Santana, de Belo Horizonte, um e-mail sobre a crônica da semana passada, "Abusos & usos". O texto dele é curto mas a queixa parece sincera: "Já me desiludi, caí na real. De que adianta tanta velocidade, se a nossa capacidade de digerir tamanha quantidade de dados continua a mesma?"
Outro dia, mal acordei, cliquei as últimas notícias. Contei 102. Nenhuma delas me interessava, nenhuma delas tinha a ver comigo. Recordes de hipismo na Austrália, contrato novo de um cantor belga do qual nunca ouvi falar, cotação do algodão no Egito, joelho machucado de um jogador do Gama, coisas assim.
Bem, poderão argumentar que o pauteiro e o editor do site estejam mais sintonizados do que eu com a virtualidade do mundo real, ou com a realidade do mundo virtual.
Os veículos da mídia impressa também dão a previsão do tempo em Bucareste, a cotação da juta em Melbourne. Muita gente deve ter interesse nisso. De qualquer forma, o leitor de Belo Horizonte tem razão: a oferta é maior do que a procura.

Leia colunas anteriores

01/08/2000 - Abusos & Usos
25/07/2000 - Usos e Abusos
18/07/2000 - Seja Feita a Luz
11/07/2000 - O Demônio e a inflação

06/07/2000 - Lápis e papel


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