NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  15 de agosto
  Amor virtual
   
   

Recém-chegado ao universo virtual, tenho sentimentos contraditórios a respeito da nova linguagem que, aparentemente, e até aqui, está unindo homens e mulheres, velhos e crianças, doentes e sadios numa humanidade específica, que por não ter existido antes, agora está sendo testada.
Ouve-se falar, sobretudo na mídia impressa, em abusos de sexo e de pornografia, de pedofilia e de outras taras que encontraram espaço na telinha. Telinha que por bem ou por mal está substituindo o livro, o jornal e a própria TV, uma vez que pode condensar tudo isso num pequenino retângulo iluminado.
Assim como não me atrai a pizza que a gente encomenda, paga com cartão, mas recebe fria, muito tempo depois, o sexo virtual não me deslumbra suficientemente para me dedicar a ele. Prefiro o sexo em sua tradicional versão off line.
Contudo, sou obrigado a reconhecer a eficiência da comunicação eletrônica, notadamente o e-mail, naquilo que antigamente os caretas chamavam de paquera e a turma de hoje chama de azaração.
Pois o que acontece comigo e deve acontecer com todo mundo, é a assombrosa capacidade do relacionamento virtual que, entre mortos e feridos, sempre dá para pescar uma amiga solitária, ou mesmo - levando ao limite - aquelas que se intitulam "coração em chamas" e se colocam adredes para receber o jato salvador que as inunda de salvação.
Um homem terminal, na faixa etária a que pertenço não por gosto mas por contigência histórica, já não teria esperança e muito menos direito de manter certo tipo de diálogo com a geração que anda pelos vinte e tantos anos. No início, estranhei este tipo de diálogo/envolvimento, recusei alguns, pedindo que tomassem juízo. Que eu próprio tivesse juízo. Mas começo a me habituar. E, um pouco envergonhado, admito que estou gostando.

Leia colunas anteriores

08/08/2000 - O anão zangado
01/08/2000 - Abusos & Usos
25/07/2000 - Usos e Abusos
18/07/2000 - Seja Feita a Luz
11/07/2000 - O Demônio e a inflação


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.