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Recém-chegado
ao universo virtual, tenho sentimentos contraditórios a respeito
da nova linguagem que, aparentemente, e até aqui, está
unindo homens e mulheres, velhos e crianças, doentes e sadios
numa humanidade específica, que por não ter existido
antes, agora está sendo testada.
Ouve-se falar, sobretudo na mídia impressa, em abusos de
sexo e de pornografia, de pedofilia e de outras taras que encontraram
espaço na telinha. Telinha que por bem ou por mal está
substituindo o livro, o jornal e a própria TV, uma vez que
pode condensar tudo isso num pequenino retângulo iluminado.
Assim como não me atrai a pizza que a gente encomenda, paga
com cartão, mas recebe fria, muito tempo depois, o sexo virtual
não me deslumbra suficientemente para me dedicar a ele. Prefiro
o sexo em sua tradicional versão off line.
Contudo, sou obrigado a reconhecer a eficiência da comunicação
eletrônica, notadamente o e-mail, naquilo que antigamente
os caretas chamavam de paquera e a turma de hoje chama de azaração.
Pois o que acontece comigo e deve acontecer com todo mundo, é
a assombrosa capacidade do relacionamento virtual que, entre mortos
e feridos, sempre dá para pescar uma amiga solitária,
ou mesmo - levando ao limite - aquelas que se intitulam "coração
em chamas" e se colocam adredes para receber o jato salvador
que as inunda de salvação.
Um homem terminal, na faixa etária a que pertenço
não por gosto mas por contigência histórica,
já não teria esperança e muito menos direito
de manter certo tipo de diálogo com a geração
que anda pelos vinte e tantos anos. No início, estranhei
este tipo de diálogo/envolvimento, recusei alguns, pedindo
que tomassem juízo. Que eu próprio tivesse juízo.
Mas começo a me habituar. E, um pouco envergonhado, admito
que estou gostando.
Leia colunas anteriores
08/08/2000 - O anão zangado
01/08/2000
- Abusos & Usos
25/07/2000
- Usos e Abusos
18/07/2000 - Seja Feita a Luz
11/07/2000 - O Demônio e a inflação
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