A
4ª Conferência Ministerial de Defesa das Américas,
realizada em Manaus, terminou sem uma referência formal ao Plano
Colômbia, embora este tenha sido o principal ponto de discussão
do debate.
O representante
dos Estados Unidos, o vice-ministro da Defesa, James Bodner, recebeu
um puxão de orelhas do ministro da Defesa brasileiro, Geraldo
Quintão, por ter afirmado que o plano será executado
com ou sem a solidariedade dos países vizinhos.
Segundo
Quintão, Bodner não foi lógico ao fazer uma
intervenção tão áspera e poderia ter
obtido melhor resultado se tivesse falado de forma mais branda,
como por exemplo: Nós tivemos uma solicitação
da Colômbia, estamos aqui para apoiar, gostaríamos
que os vizinhos da Colômbia colaborassem conosco".
Esta
tentativa de "aulas de boas maneiras" ao representante
norte-americano só reforça a tese de que o Brasil
não aceita a a interferência militar dos Estados Unidos
na América Latina, a propósito de combater o narcotráfico.
Ao contrário, o Brasil quer impor sua liderança regional.
Não
é de hoje que o governo brasileiro tem dito que o narcotráfico
não é questão de segurança nacional,
mas de segurança pública. Ou seja, não é
tarefa das forças armadas, mas das polícias.
Aliás,
um mês antes do encontro de Manaus, o governo brasileiro desencadeou
a "Operação Cobra" para reforço do
policiamento da fronteira com a Colômbia. Sintomaticamente,
o comando da operação de reforço da fronteira
foi delegado à Polícia Federal, que tem ordens para
agir em sintonia com o Exército.
Na
avaliação de fontes do governo, o presidente colombiano
foi o grande vencedor desta conferência de Manaus pois teria
conseguido convencer os países vizinhos de que o Plano Colômbia
não é uma obra norte-americana e que a questão
diz respeito à toda a América Latina.
Ou
seja, se a Colômbia não conseguir conter a indústria
do narcotráfico em seu território, todos os países
da região serão engolidos pelo problema. Sob este
ponto de vista, segundo analistas do governo, a reunião foi
produtiva.
O Plano
Colômbia tem, em sua concepção, os objetivo
de pacificar o país, reprimir o narcotráfico e viabilizar
culturas agrícolas alternativas. Se vai alcançá-los
é outra questão. Seu custo é estimado em US$
7,5 bilhões, dos quais US$ 1,3 bilhão viria de contribuição
do governo norte-americano.
Há
quem considere incerto o efetivo engamento norte-americano. Afinal,
o país está às vésperas de uma eleição
presidencial. Será que o sucessor de Bill Clinton estará
igualmente disposto a financiar o plano?
A Colômbia
também está às vésperas de eleições
estaduais e municipais. Poderá o resultado das urnas influenciar
a política antidrogas do presidente Pastrana?
É
esperar para ver.
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