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  21 de outubro
  O puxão de orelhas de Quintão
  A 4ª Conferência Ministerial de Defesa das Américas, realizada em Manaus, terminou sem uma referência formal ao Plano Colômbia, embora este tenha sido o principal ponto de discussão do debate.

O representante dos Estados Unidos, o vice-ministro da Defesa, James Bodner, recebeu um puxão de orelhas do ministro da Defesa brasileiro, Geraldo Quintão, por ter afirmado que o plano será executado com ou sem a solidariedade dos países vizinhos.

Segundo Quintão, Bodner não foi lógico ao fazer uma intervenção tão áspera e poderia ter obtido melhor resultado se tivesse falado de forma mais branda, como por exemplo: ‘‘Nós tivemos uma solicitação da Colômbia, estamos aqui para apoiar, gostaríamos que os vizinhos da Colômbia colaborassem conosco".

Esta tentativa de "aulas de boas maneiras" ao representante norte-americano só reforça a tese de que o Brasil não aceita a a interferência militar dos Estados Unidos na América Latina, a propósito de combater o narcotráfico. Ao contrário, o Brasil quer impor sua liderança regional.

Não é de hoje que o governo brasileiro tem dito que o narcotráfico não é questão de segurança nacional, mas de segurança pública. Ou seja, não é tarefa das forças armadas, mas das polícias.

Aliás, um mês antes do encontro de Manaus, o governo brasileiro desencadeou a "Operação Cobra" para reforço do policiamento da fronteira com a Colômbia. Sintomaticamente, o comando da operação de reforço da fronteira foi delegado à Polícia Federal, que tem ordens para agir em sintonia com o Exército.

Na avaliação de fontes do governo, o presidente colombiano foi o grande vencedor desta conferência de Manaus pois teria conseguido convencer os países vizinhos de que o Plano Colômbia não é uma obra norte-americana e que a questão diz respeito à toda a América Latina.

Ou seja, se a Colômbia não conseguir conter a indústria do narcotráfico em seu território, todos os países da região serão engolidos pelo problema. Sob este ponto de vista, segundo analistas do governo, a reunião foi produtiva.

O Plano Colômbia tem, em sua concepção, os objetivo de pacificar o país, reprimir o narcotráfico e viabilizar culturas agrícolas alternativas. Se vai alcançá-los é outra questão. Seu custo é estimado em US$ 7,5 bilhões, dos quais US$ 1,3 bilhão viria de contribuição do governo norte-americano.

Há quem considere incerto o efetivo engamento norte-americano. Afinal, o país está às vésperas de uma eleição presidencial. Será que o sucessor de Bill Clinton estará igualmente disposto a financiar o plano?

A Colômbia também está às vésperas de eleições estaduais e municipais. Poderá o resultado das urnas influenciar a política antidrogas do presidente Pastrana?

É esperar para ver.

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