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Mostra de Cinema de SP tem Palma de Ouro e James Gray, mas perde verba da Rouanet

Evento que começa no dia 20 exibe longas como 'Armageddon Time', série de Lars von Trier e filme com Tchaikóvski gay

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São Paulo

Para sua 46ª edição, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo encontrou terreno fértil no Festival de Cannes, de onde pinçou vários dos destaques que vai exibir nas salas de cinema entre os dias 20 de outubro e 2 de novembro. A abertura será na véspera, só para convidados, com o vencedor da Palma de Ouro, "Triângulo da Tristeza", de Ruben Ostlund.

Outras sessões do filme, que prometem ser concorridas, seguirão a noite inaugural, bem como de outros selecionados para o evento francês. Dentre eles, destaque para "Armageddon Time", de James Gray, o mais pop da lista. O longa tem Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins no elenco e é uma crônica da infância do diretor, que fala de amizade e desigualdade racial. A obra é ventilada como candidata a várias categorias do próximo Oscar.

Cena do filme "Triangle of Sadness", de Ruben Ostlund, que integra a mostra competitiva do Festival de Cannes de 2022
Cena do filme "Triangle of Sadness", de Ruben Ostlund - Divulgação

Também terão sessões longas como "As Oito Montanhas", de Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, "Os Irmãos de Leila", de Saeed Roustaee, "Pacifiction", de Albert Serra, e "A Esposa de Tchaikóvski", de Kirill Serebrennikov, que causou polêmica com seu Tchaikóvski abertamente gay.

Todos foram exibidos na seção principal de Cannes e integram os mais de 200 filmes que foram anunciados pelos organizadores da Mostra de Cinema de São Paulo em evento para a imprensa, neste sábado.

Como no ano passado, a Mostra de 2022 será híbrida, formato consagrado pela pandemia. A escala da parte digital do evento, no entanto, será bem menor e não acontecerá numa plataforma própria, como a Mostra Play, e sim nas dos parceiros Sesc e Spcine.

As exibições online deixaram de fazer sentido, em especial para os produtores dos filmes, não mais dispostos a liberar sessões em telinhas. Este ano, com a Covid-19 controlada, caem a necessidade de comprovante vacinal e a limitação de 50% de ocupação das salas.

"Muita gente ficou chateada com as restrições, acabou ficando de fora da sala, então agora a Mostra volta 100%", disse a diretora Renata de Almeida a este jornal, há duas semanas, enquanto ainda fechava a seleção de filmes.

Além dos títulos emprestados de Cannes, entre os quais também está "Joyland", vencedor da Palma Queer e do prêmio do júri da Um Certo Olhar, ela também destaca "Alcarràs", agraciado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim, "Sem Ursos", que garantiu a Jafar Panahi o prêmio especial do júri em Veneza, e os novos episódios da série "O Reino", de Lars von Trier.

O iraniano chamou a atenção por exibir o filme na Berlinale mesmo após ter sido preso por ter saído em defesa de outros cineastas que protestaram contra o governo do país.

Já no caso do polêmico Von Trier, o seu projeto dá continuidade à história de um grupo de médicos num hospital da Dinamarca, que se convence de que o local é assombrado. A série teve duas temporadas nos anos 1990.

Dois longas que não estiveram na seleção principal de Cannes, mas foram cobertos de elogios na costa francesa e, agora, tentam repetir o feito em solo paulista, são "After Sun", em que Charlotte Wells filma a relação melancólica de uma filha com seu pai, e "Un Beau Matin", de Mia Hansen-Love, que também passeia pela temática.

De Berlim, a Mostra de Cinema de São Paulo pegou emprestado o vencedor do Urso de Ouro, "Alcarràs". Dirigido por Carla Simón, o longa tem um elenco não profissional e é falado em catalão. Um drama familiar, ele acompanha as tradições ameaçadas num vilarejo rural.

Gramado foi outro festival que emprestou boa parte de sua seleção oficial à Mostra. "A Porta ao Lado", de Julia Rezende, "O Clube dos Anjos", de Angelo Defanti, "O Pastor e o Guerrilheiro", de José Eduardo Belmonte, "Tinnitus", de Gregorio Graziosi, e o vencedor do Kikito de melhor filme, "Noites Alienígenas", de Sérgio de Carvalho.

Outros nacionais incluem "A Cozinha", estreia de Johnny Massaro na direção de um longa, "Carvão", que Carolina Markowicz exibiu no Festival de Toronto, "Fogaréu", que Flávia Neves levou a Berlim, "Perlimps", nova animação do indicado ao Oscar Alê Abreu, e a versão restaurada de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" exibida em Cannes em maio.

Assegurar a seleção numerosa deste ano foi especialmente difícil, contou Almeida enquanto finalizava a lista. Dois anos depois de perder os patrocínios parrudos da Petrobras e do BNDES, ela não apenas não os recuperou, como deixou de receber também verba via Lei Rouanet.

"Foi um baque gigantesco, de metade do orçamento. Esse ano a Rouanet apresentou uma nova instrução normativa e contrapartidas com as quais não poderíamos cumprir. Era impossível. Fora que hoje não há segurança jurídica para usar a lei, com gente tendo que responder a diligências dez anos depois de realizar eventos", afirmou. "Acatar as novas normativas faz parecer que está tudo bem, e não está. Essa é a história do Brasil nesses últimos anos."

Para driblar o problema, a Mostra lançou, pela primeira vez, um programa de patronos, atraindo pessoas dispostas a bancar parte dos custos para sua realização. Com isso, conseguiu retomar algumas seções favoritas do público pré-pandêmico, como a mostra de filmes em realidade virtual e o Encontro de Ideias, série de mesas e debates com nomes da indústria.

Os ingressos para a 46ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começam a ser vendidos pelo aplicativo e no portal Velox Tickets a partir do dia 15.

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