Descrição de chapéu grammy

Grammy pode ter redenção de Beyoncé e abertura com Anitta e Bad Bunny

Premiação, que acontece neste domingo (5), segue cartilha enquanto dá visibilidade inédita para o hemisfério sul

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São Paulo

Adele, Beyoncé, Harry Styles, Lizzo, Kendrick Lamar. Os principais nomes do próximo Grammy poderiam estar em qualquer uma das três ou quatro últimas edições da premiação americana, considerada a mais importante da indústria da música.

É uma lista que reforça a previsibilidade da Academia de Gravação, instituição por trás da premiação. Nos últimos anos, ela tem tido dificuldade em gerar apelo para os fãs de música, aumentar sua audiência ou oferecer cenas que fiquem para a história.

Retrato de Beyoncé para a divulgação do disco 'Renaissance' - Divulgação

Do jeito que se formou a lista de indicados, a edição de 2023 do Grammy, que acontece neste domingo (5), nos Estados Unidos, parece valer mais pela chance de coroação de Beyoncé, a artista mais indicada do ano, do que qualquer outro acontecimento.

Com o álbum "Renaissance", em que faz uma ode à pista de dança, do house e techno aos afro beats e ao dancehall, a cantora recebeu nove indicações se tornou a pessoa com o maior número delas na história —88 no total, empatada com o marido, Jay-Z. Ela já é a mulher com mais troféus —28—, mas pode alcançar o topo da lista geral agora.

Beyoncé precisa ganhar em três categorias, para igualar, e quatro, para ultrapassar, o maestro Georg Solti, contemplado 31 vezes, e se tornar a pessoa mais premiada da história do Grammy.

Seria um momento de consagração de uma das grandes esterlas pop do planeta, capaz de dar relevância extra à 65ª edição da premiação, além de uma forma simbólica de redenção.

Isso porque, por trás desses números, há uma falsa sensação de que ela foi contemplada mesmo pelo Grammy. Beyoncé só ganhou uma das 13 vezes em que concorreu às categorias principais, as que incluem todos os gêneros —em 2010, quando "Single Ladies (Put A Ring On It)" foi escolhida a música do ano.

Todas as suas outras estatuetas são em categorias de nicho , como R&B, rap e urban music, comumente criticadas como maneira de premiar artistas negros, mas mantendo todos eles de fora das categorias principais.

Neste ano, Beyoncé concorre com "Renaissance" nas três categorias principais —de música, gravação e álbum do ano. Para ser coroada como a maior do Grammy de todos os tempos, ela precisa bater Adele, reeditando o embate de 2017, quando seu "Lemonade" foi preterido por "25", da inglesa, que desta vez concorre em sete categorias com "30".

A consagração de Beyoncé também seria um aceno da Academia em resposta aos boicotes recentes de alguns dos mais populares artistas negros da música americana —e mundial. Gigantes como Drake, The Weeknd e Frank Ocean abandonaram o Grammy nos últimos anos, e a premiação, depois de trocar seu comando, tem feito esforços para contemplar as críticas e se readequar a esse novo momento da indústria.

Desde 2019, diz a Academia, segundo o New York Times, o número de mulheres votando aumentou 19%, e a quantidade de membros de comunidades tradicionalmente sub-representadas subiu 38%. É uma tentativa gradual de reverter a tendência de continuar como uma premiação branca demais, masculina demais e velha demais, e atrair um público mais jovem e diverso.

No ano passado, esses esforços resultaram na premiação do jazzista Jon Batiste, em álbum do ano, e H.E.R., em música do ano, ambos negros.

É uma mudança, mas que leva ao protagonismo artistas com uma abordagem estética mais tradicional —instrumentistas técnicos, vocalistas virtuosos— em relação à música negra que é popular atualmente nos Estados Unidos —em especial o rap, mas também o pop e outros tantos gêneros baseados nas produções com bases eletrônicas.

Além de Beyoncé e Adele, quem pode brilhar é Kendrick Lamar —outro que já criticou o Grammy—, com suas oito indicações, pelo denso e psicológico álbum "Mr. Morale & the Big Steppers". Harry Styles, que lançou o disco "Harry’s House", e Lizzo, com "Special", também podem abocanhar prêmios importantes.

Nas categorias principais, nomes como Coldplay, Brandi Carlile, ABBA, Mary J. Blige, Steve Lacy e Doja Cat correm por fora. Queridinha do Grammy, Taylor Swift até concorre em música do ano, com "All Too Well", mas seu álbum mais recente, "Midnights", saiu após o período necessário para que se tornasse elegível neste ano e só vai concorrer em 2024.

O porto-riquenho Bad Bunny, fartista mais ouvido do mundo no Spotify por dois anos seguidos, é uma surpresa que pode ou não solidificar uma tendência no Grammy —de abertura a artistas de fora dos Estados Unidos continentais ou da Europa.

Misturando ritmos latinos antigos e atuais, ele tem seu elogiado "Un Verano Sin Ti" disputando álbum do ano. Com a indicação, a obra se tornou o primeiro álbum todo cantado em espanhol a disputar o troféu dessa categoria, uma das mais nobres do Grammy, em todos os tempos.

É um marco, reforçado ainda pela performance de Bad Bunny na cerimônia.

Ele próprio já cantou na premiação, assim como o reggaetonero colombiano J Balvin e os sul-coreanos do BTS, em edições passadas. Mas a mera citação de "Un Verano Sin Ti" numa categoria geral, e não numa de nicho, já demonstra uma abertura de espaço antes bastante restrito.

Ainda assim, Bad Bunny é um azarão, na mesma situação de Anitta, indicada como artista revelação.

A brasileira, que disputa um dos quatro prêmios mais importantes do Grammy, mantém carreira na música por mais de uma década, mas só recentemente passou a trabalhar para garantir sua entrada no mercado americano —e ser vista por ele. O ápice dessa internacionalização é o álbum "Versions of Me", do ano passado.

Anitta cantou no famoso festival Coachella, na Califórnia, no ano passado, gravou músicas em inglês e tem se esforçado para estabelecer conexões na mais influente indústria fonográfica do planeta. Se for agraciada com o prêmio, tardio dada a longevidade de sua trajetória, será outro marco.

Para isso, terá de derrotar nomes mais cotados como Omar Apollo, Latto, Wet Leg e Molly Tuttle, além dos roqueiros italianos do Maneskin —que já fazem sucesso há pelo menos dois anos e inclusive tocaram no último Rock in Rio.

Quem parece não ter caído no gosto do Grammy é a espanhola Rosalía. Seu terceiro álbum, "Motomami", foi presença constante nas listas de melhores do ano mundo afora, mas acabou esnobado na premiação.

A espanhola concorre apenas em duas categorias —melhor vídeo musical, por um registro ao vivo, e melhor álbum alternativo ou de rock latino.

Se a presença de Bad Bunny pode ser um bom indicativo para Anitta, mais conhecida por suas músicas em espanhol do que em português ou em inglês, a ausência de Rosalía pode representar exatamente o contrário. Resta aguardar para saber qual caminho o Grammy quer trilhar.


ONDE ASSISTIR AO GRAMMY

A premiação é transmitida ao vivo no Brasil na TV a cabo, pelo canal TNT, e no streaming, pela HBO Max. A transmissão começa às 21h30 do horário de Brasília.


Veja os indicados ao Grammy 2023

Álbum do ano

  • ABBA - "Voyage"
  • Adele - "30"
  • Bad Bunny - "Un Verano Sin Ti"
  • Beyoncé - "Renaissance"
  • Brandi Carlile - "In These Silent Days"
  • Coldplay - "Music of the Spheres"
  • Harry Styles - "Harry’s House"
  • Kendrick Lamar - "Mr. Morale & the Big Steppers"
  • Lizzo - "Special"
  • Mary J. Blige - "Good Morning Gorgeous (Deluxe)"

Gravação do ano

  • "Don’t Shut Me Down," ABBA
  • "Easy on Me," Adele
  • "Break my Soul," Beyoncé
  • "Good Morning Gorgeous," Mary J. Blige
  • "You and Me on the Rock," Brandi Carlile feat. Lucius
  • "Woman," Doja Cat
  • "Bad Habit," Steve Lacy
  • "The Heart Part 5," Kendrick Lamar
  • "About Damn Time," Lizzo
  • "As It Was," Harry Styles

Música do ano

  • Adele - "Easy on Me"
  • Beyoncé - "Break My Soul"
  • Bonnie Raitt - "Just Like That"
  • DJ Khaled Featuring Rick Ross, Lil Wayne, Jay-Z, John Legend & Fridayy - "God Did"
  • Gayle - "ABCDEFU"
  • Harry Styles - "As It Was"
  • Kendrick Lamar - "The Heart Part 5"
  • Lizzo - "About Damn Time"
  • Steve Lacy - "Bad Habit"
  • Taylor Swift - "All Too Well (10 Minute Version) (The Short Film)"

Revelação do ano

  • Anitta
  • Omar Apollo
  • Domi & Jd Beck
  • Muni Long
  • Samara Joy
  • Latto
  • Maneskin
  • Tobe Nwigwie
  • Molly Tuttle

Melhor performance solo pop

  • Adele - "Easy on Me"
  • Bad Bunny - "Moscow Mule"
  • Doja Cat - "Woman"
  • Harry Styles - "As It Was"
  • Lizzo - "About Damn Time"
  • Steve Lacy - "Bad Habit"

Melhor performance pop solo ou grupo

  • ABBA - "Don’t Shut Me Down"
  • Camila Cabello Featuring Ed Sheeran - "Bam Bam"
  • Coldplay & BTS - "My Universe"
  • Post Malone & Doja Cat - "I Like You (A Happier Song)"
  • Sam Smith & Kim Petras - "Unholy"

Melhor álbum pop vocal tradicional

  • Diana Ross - "Thank You"
  • Kelly Clarkson - "When Christmas Comes Around..."
  • Michael Bublé - "Higher"
  • Norah Jones - "I Dream of Christmas (Extended)"
  • Pentatonix - "Evergreen"

Melhor álbum pop vocal

  • ABBA - "Voyage"
  • Adele - "30"
  • Coldplay - "Music of the Spheres"
  • Harry Styles - "Harry’s House"
  • Lizzo - "Special"

Melhor gravação dance/eletrônica

  • Beyoncé - "Break My Soul"
  • Bonobo - "Rosewood"
  • David Guetta & Bebe Rexha - "I’m Good (Blue)"
  • Diplo & Miguel - "Don’t Forget My Love"
  • Kaytranada Featuring H.E.R. - "Intimidated"
  • Rüfüs Du Sol - "On My Knees"

Melhor álbum dance/eletrônica

  • Beyoncé - "Renaissance"
  • Bonobo - "Fragments"
  • Diplo - "Diplo"
  • Odesza - "The Last Goodbye"
  • Rüfüs Du Sol - "Surrender"

Melhor performance de rap

  • DJ Khaled Featuring Rick Ross, Lil Wayne, Jay-Z, John Legend & Fridayy - "God Did"
  • Doja Cat - "Vegas"
  • Gunna & Future Featuring Young Thug - "Pushin P"
  • Hitkidd & Glorilla - "F.N.F. (Let’s Go)"
  • Kendrick Lamar - "The Heart Part 5"

Melhor performance de rap melódico

  • DJ Khaled Featuring Future & SZA - "Beautiful"
  • Future Featuring Drake & Tems - "Wait for U"
  • Jack Harlow - "First Class"
  • Kendrick Lamar Featuring Blxst & Amanda Reifer - "Die Hard"
  • Latto - "Big Energy (Live)"

Melhor música de rap

  • DJ Khaled Featuring Rick Ross, Lil Wayne, Jay-Z, John Legend & Fridayy - "God Did"
  • Future Featuring Drake & Tems - "Wait for U"
  • Gunna & Future Featuring Young Thug - "Pushin P"
  • Jack Harlow Featuring Drake - "Churchill Downs"
  • Kendrick Lamar - "The Heart Part 5"

Melhor álbum de rap

  • DJ Khaled - "God Did"
  • Future - "I Never Liked You"
  • Jack Harlow - "Come Home the Kids Miss You"
  • Kendrick Lamar - "Mr. Morale & the Big Steppers"
  • Pusha T - "It’s Almost Dry"

Melhor álbum de pop latino

  • Camilo - "De Adentro Pa Afuera"
  • Christina Aguilera - "Aguilera"
  • Fonseca - "Viajante"
  • Rubén Blades & Boca Livre - "Pasieros"
  • Sebastián Yatra - "Dharma +"

Melhor álbum de música urbana

  • Bad Bunny - "Un Verano Sin Ti"
  • Daddy Yankee - "Legendaddy"
  • Farruko - "La 167"
  • Maluma - "The Love & Sex Tape"
  • Rauw Alejandro - "Trap Cake, Vol. 2"

Melhor performance de R&B

  • Beyoncé - "Virgo’s Groove"
  • Jazmine Sullivan - "Hurt Me So Good"
  • Lucky Daye - "Over"
  • Mary J. Blige Featuring Anderson .Paak - "Here With Me"
  • Muni Long - "Hrs & Hrs"

Melhor performance de R&B tradicional

  • Adam Blackstone Featuring Jazmine Sullivan - "’Round Midnight"
  • Babyface Featuring Ella Mai - "Keeps on Fallin’"
  • Beyoncé - "Plastic Off the Sofa"
  • Mary J. Blige - "Good Morning Gorgeous"
  • Snoh Aalegra - "Do 4 Love"

Melhor música de R&B

  • Beyoncé - "Cuff It"
  • Jazmine Sullivan - "Hurt Me So Good"
  • Mary J. Blige - "Good Morning Gorgeous"
  • Muni Long - "Hrs & Hrs"
  • PJ Morton - "Please Don’t Walk Away"

Melhor álbum de R&B progressivo

  • Cory Henry - "Operation Funk"
  • Moonchild - "Starfuit"
  • Steve Lacy - "Gemini Rights"
  • Tank and the Bangas - "Red Balloon"
  • Terrace Martin - "Drones"

Melhor álbum de R&B

  • Chris Brown - "Breezy (Deluxe)"
  • Lucky Daye - "Candy Drip"
  • Mary J. Blige - "Good Morning Gorgeous (Deluxe)"
  • PJ Morton - "Watch the Sun"
  • Robert Glasper - "Black Radio III"

Melhor clipe

  • Adele - "Easy on Me"
  • BTS - "Yet to Come"
  • Doja Cat - "Woman"
  • Harry Styles - "As It Was"
  • Kendrick Lamar - "The Heart Part 5"
  • Taylor Swift - "All Too Well: The Short Film"

Melhor filme musical

  • Adele - "Adele One Night Only"
  • Billie Eilish - "Billie Eilish Live at the O2"
  • Justin Bieber - "Our World"
  • Neil Young & Crazy Horse - "A Band a Brotherhood a Barn"
  • Rosalía - "Motomami (Rosalía TikTok Live Performance)"
  • Various Artists - "Jazz Fest: A New Orleans Story"

Melhor performance country solo

  • Kelsea Ballerini - "Heartfirst"
  • Maren Morris - "Circles Around This Town"
  • Miranda Lambert - "In His Arms"
  • Willie Nelson - "Live Forever"
  • Zach Bryan - "Something in the Orange"

Melhor performance country em dupla ou grupo

  • Brothers Osborne - "Midnight Rider’s Prayer"
  • Carly Pearce & Ashley McBryde - "Never Wanted to Be That Girl"
  • Ingrid Andress & Sam Hunt - "Wishful Drinking"
  • Luke Combs & Miranda Lambert - "Outrunnin’ Your Memory"
  • Reba McEntire & Dolly Parton - "Does He Love You (Revisited)"
  • Robert Plant & Alison Krauss - "Gonig Where the Lonely Go"

Melhor música de country

  • Cody Johnson - "’Til You Can’t"
  • Luke Combs - "Doin’ This"
  • Maren Morris - "Circles Around This Town"
  • Miranda Lambert - "If I Was a Cowboy"
  • Taylor Swift - "I Bet You Think About Me (Taylor’s Version) (From the Vault)"
  • Willie Nelson - "I’ll Love You Till the Day I Die"

Melhor álbum de country

  • Ashley McBryde - "Ashley McBryde Presents: Lindeville"
  • Luke Combs - "Growin’ Up"
  • Maren Morris - "Humble Quest"
  • Miranda Lambert - "Palomino"
  • Willie Nelson - "A Beautiful Time"

Melhor álbum de jazz latino

  • Arturo O’Farrill & The Afro Latin Jazz Orchestra Featuring The Congra Patria Son Jarocho Collective - "Fandango at the Wall in New York"
  • Arturo Sandoval - "Rhythm & Soul"
  • Danilo Pérez Featuring The Global Messengers - "Crisálida"
  • Flora Purim - "If You Will"
  • Miguel Zenón - "Música de las Américas"
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