Esquerda consegue hoje ver masculinidade tóxica de Bolsonaro, diz James Green

Brasilianista discute história da homossexualidade, conquistas do movimento LGBTQIA+ e rumos de lutas identitárias

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Geógrafo e mestre pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

O historiador americano James Green costuma dizer que escrever "Além do Carnaval" foi uma decisão política.

Resultado de sua tese de doutorado, defendida em 1996 na Universidade da Califórnia em Los Angeles, o livro apresenta um amplo relato da história da homossexualidade no Brasil e, em sua concepção, tem sido uma ferramenta para ampliar as lutas por direitos das pessoas LGBTQIA+ e impulsionar trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Publicado em 1999, "Além do Carnaval" se tornou uma das obras mais influentes sobre a homossexualidade no país e, neste mês, ganha uma terceira edição, revista e ampliada, com um novo capítulo sobre a evolução do movimento LGBTQIA+ desde a década de 1980 e sua importância na transformação da política e da sociedade brasileira.

Professor da Universidade Brown e um dos mais importantes brasilianistas, Green morou no Brasil de 1976 a 1981 e, nesse período, atuou no Somos, um grupo pioneiro do então nascente movimento homossexual em São Paulo, encabeçando a ala que defendia uma aproximação com outros movimentos sociais, como o de negros e de trabalhadores.

Homem branco com camisa esverdeada e estante de livros ao fundo
Retrato do historiador James Green, autor de 'Além do Carnaval' - Divulgação

Neste episódio, Green fala sobre alguns dos traços mais importantes da história da homossexualidade no último século, como a estigmatização de homens que faziam sexo com outros homens, tratados como doentes ou pervertidos, e o florescimento da cultura gay no Rio de Janeiro e em São Paulo nas décadas de 1950 e 1960.

O pesquisador também explica por que considera que as lutas identitárias, em vez de serem deixadas de lado para não irritar conservadores, devem estar à frente de qualquer projeto preocupado com a justiça social.

Qual foi o grande alvo de Bolsonaro em 2018? Qual foi a fake news que mais teve efeito? Essa paranoia de que Haddad estava ensinando homossexualidade através de mamadeiras nas creches em São Paulo. É impressionante como as pessoas acreditaram nisso e como sempre somos usados como o alvo mais vulnerável, junto com a questão do direito ao aborto, nas disputas entre uma visão progressista e outra reacionária

James Green

professor da Universidade Brown

Para se aprofundar

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O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Sidarta Ribeiro, neurocientista que desenvolve pesquisas sobre a importância de sonhar, Heloisa Starling e Miguel Lago, autores de ensaios sobre a lógica de destruição do bolsonarismo, Fábio Ulhoa Coelho, professor de direito que ponderou sobre as relações entre liberdade e igualdade, Debora Diniz, acadêmica que se dedica às áreas de gênero e direitos reprodutivos, Deivison Faustino, que desenvolve pesquisas sobre a obra de Frantz Fanon, Fernando Morais, biógrafo de Lula, Sergio Miceli, sociólogo que tratou de Drummond e do modernismo, Daniela Arbex, jornalista que investigou a tragédia de Brumadinho, Tatiana Roque, pesquisadora que discute as relações entre mudanças climáticas e política, Margareth Dalcolmo, que falou sobre a variante ômicron e a perspectiva de tratamento precoce real da Covid-19, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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