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Darío Oses

Morte de Neruda e golpe militar, há 50 anos, enterraram utopia no Chile

Poeta, vencedor do Nobel de Literatura, morreu 12 dias após derrubada do governo de Salvador Allende em 1973

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Multidão no enterro do poeta Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, primeira grande manifestação pública contra o regime fascista de Augusto Pinochet, no Chile, em 25/9/1973

Multidão no enterro de Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, no Chile, na primeira grande manifestação pública contra o regime Pinochet Evandro Teixeira - 25.set.73/Acervo IMS/Divulgação

Darío Oses

Jornalista e escritor chileno, é diretor de biblioteca e arquivos da Fundação Pablo Neruda. Editou "Poesia Completa" e a edição ampliada das memórias "Confesso que Vivi", ambos de Neruda

[RESUMO] Um dos principais e mais populares poetas da América Latina, o chileno Pablo Neruda está intimamente ligado à história de seu país. Eleito senador pelo Partido Comunista em 1945, foi perseguido e se exilou na Argentina. No início dos anos 1970, a eleição de Salvador Allende à Presidência do Chile e o Nobel de Literatura de Neruda deram a toda uma geração o sentimento de que a utopia de progresso social enfim se concretizaria, mas o golpe militar e as mortes do poeta e de Allende precipitaram o fim do sonho.

Há 50 anos, o poeta chileno Pablo Neruda morria em meio a muitas outras mortes. Era 23 de setembro de 1973. Em Santiago, o vasto Estádio Nacional estava cheio de detidos, batidas policiais eram lançadas e o toque de recolher entrava em vigor ao anoitecer.

Os militares haviam dado um golpe 12 dias antes, em 11 de setembro, iniciando 17 anos de uma ditadura brutal que queria refundar o país. O poeta morreu junto com a velha democracia chilena, vista até então como a mais sólida da América Latina.

Enterro do poeta Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, Chile, 25/09/1973. Evandro Teixeira/Acervo IMS
Enterro de Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, no Chile - Evandro Teixeira - 25.set.73/Acervo IMS/Divulgação

Neruda foi um poeta cidadão e, como tal, converteu-se em um dos emblemas daquela República que conseguiu dar estabilidade ao país por meio da expansão sustentada de grandes projetos de bem-estar social. Poderia ser comparado a figuras lendárias do continente, como Che Guevara ou Luiz Carlos Prestes. Como eles, Neruda se dedicou a causas que acabariam derrotadas, mas permanece até hoje como referência incontestável.

A morte do poeta foi parte de um tempo de sonhos utópicos que começavam a ser derrubados. Morto, contudo, ele venceu sua última batalha quando seu enterro se converteu na primeira manifestação de protesto contra a ditadura chilena.

Maldições e homenagens

No final de 1992, quando algo parecido com democracia havia sido recuperado no Chile, os restos mortais de Neruda foram trasladados do nicho modesto que ocupavam no Cemitério Geral de Santiago para o jardim de sua casa de Isla Negra, de frente para o oceano Pacífico. Foram então realizados os funerais dele e da sua viúva, Matilde Urrutia, com as honras oficiais que lhes eram devidas.

Em 2004, aconteceu algo estranho. O centenário do nascimento de Neruda foi comemorado com grandes homenagens em todo o mundo, mas ao mesmo tempo ressurgiu com amargura singular o antinerudismo que sempre existiu. Atribuíram a ele pecados que em seu tempo eram vistos como naturais.

Foi acusado, por exemplo, de abandonar a filha, embora não tenha feito nada além do que faziam e continuam a fazer a maioria dos homens que se separam: deixam os filhos com a mãe e contribuem com pensão alimentícia.

Em 2018, o Parlamento chileno rejeitou a proposta de batizar o aeroporto internacional de Santiago com o nome de Pablo Neruda, pois pairava contra ele uma acusação de estupro. Toda a informação disponível sobre esse caso é a que o próprio Neruda deixou em suas memórias, "Confesso que Vivi", publicada postumamente em 1974.

"Certa manhã, decidido a tudo, segurei-a fortemente pelo pulso e a encarei. Não havia idioma algum em que pudesse falar com ela. Deixou-se conduzir por mim sem um sorriso e logo estava nua na minha cama", registrou Neruda sobre o evento ocorrido há cem anos, no atual Sri Lanka. "A união foi a de um homem com uma estátua. Permaneceu o tempo todo com os olhos abertos, impassível. Fazia bem em me desprezar. A experiência não se repetiu mais."

A prática perversa de um patrão se valer da sua condição para obter sexo da empregada se tornou relativamente comum ao longo de séculos, talvez desde os conquistadores espanhóis, e foi transmitida aos fazendeiros que abusavam das lavradoras, depois aos chefes que assediavam sexualmente suas secretárias etc. Felizmente, nos últimos anos esse comportamento passou a ser abertamente criticado e repudiado.

Neruda é culpado, como todos, mas é lícito convertê-lo em estuprador? Cabe perguntar se podemos condenar uma única pessoa pelos pecados da ordem patriarcal.

Pelo rebaixamento da poesia

O escritor Hernán Valdés via Neruda como um fenômeno "insólito na sociedade contemporânea". Afirmou certa vez: "Creio que Neruda seja o último caso de um indivíduo que estabeleceu uma comunicação com a sociedade por meio da poesia". Valdés não achava provável que tal fenômeno se repetisse "no futuro previsível": que uma poesia rompesse o círculo de difusão elitista e contagiasse amplos setores da sociedade.

Os versos claros, simples, diretos e naturais eram um verdadeiro programa para Neruda. Depois de uma fase vanguardista, que ele mesmo considerava obscura, se empenhou em uma poesia antilivresca. Tratava com certa ironia o poeta lírico, celeste, solitário, artificialmente torturado, alheio às preocupações e dores correntes das pessoas.

Propunha, contra o "enaltecimento do poeta", que a poesia fosse "rebaixada", levada ao âmbito terreno. Contra o isolamento do artista, defendia o mergulho no turbilhão da vida cotidiana. Neruda colocava o trabalho do poeta no mesmo nível dos ofícios comuns.

Essa tarefa encontrou realização mais potente em sua obra no chamado ciclo das odes elementais, que abrange quatro livros e levou sua poesia às sensações cotidianas e ao âmbito do profano. Nessa fase, Neruda abandonava o papel de profeta que assumira em seu livro "Canto Geral" (1950) para se confundir com o homem da rua, com o vizinho ao lado, com os que saem todos os dias para trabalhar, lavar roupa ou preparar a comida.

Ele construiu a figura do poeta padeiro, aquele que cumpre as tarefas de um ofício tão humilde e necessário quanto amassar e assar o pão para a comunidade.

Em julho de 1923, cem anos atrás, Neruda publicava seu primeiro livro, "Crepusculário". Era o início de uma carreira gloriosa, coroada pelo Nobel de Literatura que recebeu em 1971.

Um ano e nove meses depois do prêmio, o poeta morreu. Sofria de um câncer de próstata cuja gravidade foi exacerbada pelos efeitos emocionais decorrentes da derrubada do governo de Salvador Allende, que ele defendeu com seu prestígio e com todo o esforço que conseguiu exercer.

Muito tempo depois, em 2011, foram aventadas dúvidas quanto a sua morte. Em fevereiro deste ano, um grupo de cientistas descartou o câncer como causa oficial e afirmou que o poeta foi envenenado com a bactéria Clostridium botulinum, mas o caso ainda não foi totalmente esclarecido.

Assim, este 2023 é marcado pelo centenário do marco inicial do poeta e pelos 50 anos do ponto final de sua biografia. Um fim, contudo, apenas parcial. Julgado e condenado, aplaudido e admirado, ele ainda intriga e encanta.

Poeta Pablo Neruda, Rio de Janeiro, RJ, 1968. Evandro Teixeira/Acervo IMS
Pablo Neruda no Rio de Janeiro em 1968 - Evandro Teixeira/Acervo IMS/Divulgação

Feridas políticas

Neruda foi uma testemunha singular do século 20, que enxergou com sua sensibilidade particular. Uma parte importante da sua obra pode ser lida como uma crônica poética do período de 1930 a 1970.

Ele vivia em Madri quando começou a Guerra Civil Espanhola, em meados de julho de 1936, e presenciou os bombardeios intensos na cidade. Tinha consciência de que se tratava, mais de que uma guerra comum, de um dos primeiros capítulos da expansão mundial do fascismo.

O poeta viu como se improvisaram milícias para enfrentar o Exército golpista, apoiado por alemães e italianos, e como a ajuda internacional se mobilizava. Em 1937, ele próprio participou da organização de um congresso internacional de escritores em defesa da cultura. O cargo diplomático o obrigava a se conservar neutro, mas ele acreditava que os valores humanistas e republicanos estavam acima das exigências burocráticas.

Em 1939, Neruda afirmou: "Sou um poeta, o mais concentrado na contemplação da terra; quis romper com minha pequena e desordenada poesia acerca de mistério que envolve a madeira e a pedra; especializei meu coração para ouvir todos os sons que o universo soltava na noite oceânica, nas silenciosas extensões da terra ou do ar". Depois acrescentou: "Mas [...] um tambor rouco me chama, um pulsar de dores humanas, um coro de sangue como um novo e terrível movimento de ondas se eleva no mundo".

De fato, a guerra na Espanha causou uma ampliação do campo temático da sua poesia e deslocou seu centro. O fascínio de Neruda pelo mundo terreno, que nasceu quando ele era menino e percorria as grandes florestas de seu país, podia esperar.

Por outro lado, ele não podia ignorar "o sangue nas ruas" nem os aviões que "vinham pelo céu para matar crianças", acontecimentos dos quais ele próprio prestou testemunho no livro "España en el Corazón" (1937).

Para Neruda, a Guerra Civil Espanhola foi um trauma múltiplo, uma ferida que nunca cicatrizou: destruiu a Madri alegre e fraternal que ele habitara com os poetas vanguardistas da geração de 27; levou ao assassinato de amigos íntimos como Federico García Lorca e ao encarceramento e à morte na prisão de Miguel Hernández.

Após a derrota das forças republicanas, em 1939, Neruda conseguiu fazer embarcar mais de 2.000 espanhóis, a maioria combatentes, no navio Winnipeg, que os levou ao Chile. Anos mais tarde, relembrando esse episódio, Neruda o qualificou como o melhor de seus poemas. "Que a crítica apague toda a minha poesia, se lhe parecer o caso. Mas este poema, que hoje recordo, ninguém poderá apagar."

Um dos seus maiores medos era que aquela guerra se reproduzisse no Chile. Os anos seguintes mostraram que seus temores não eram infundados.

Em 1946, Gabriel González Videla ganhou as eleições presidenciais chilenas com os votos do Partido Comunista. Neruda foi seu chefe de propaganda, escreveu um poema eleitoral para ele e, em um ato visto por uma multidão, recebeu dele o juramento de cumprir com o programa de governo que havia apresentado ao país. Em agosto de 1947, contudo, González Videla fez um giro total à direita, rompeu com os comunistas, os colocou na ilegalidade e iniciou uma perseguição implacável contra eles.

Neruda, então senador e personalidade de grande prestígio no Chile e no mundo, converteu-se no principal adversário de González Videla, que em fevereiro de 1948 conseguiu com que suspendessem a imunidade parlamentar do poeta e ordenassem sua prisão. Neruda viveu um ano na clandestinidade. Em fevereiro de 1949, conseguiu fugir para a Argentina, atravessando a cordilheira a cavalo com a ajuda de ladrões de gado e contrabandistas.

Por seu anticomunismo, González Videla foi um precursor do general Augusto Pinochet. Depois do golpe de 1973, apareceu nas cerimônias transmitidas pela TV festejando a chegada da ditadura militar e passou a exercer assessorias no governo. Assim, Neruda viu seu pior inimigo ressuscitar. Os fantasmas do seu passado retornavam como um pesadelo.

Sempre mergulhado nos dilemas do seu tempo, Neruda foi pré-candidato à Presidência do Chile em 1969. Renunciou à disputa, contudo, em favor do seu amigo Salvador Allende, que ganhou as eleições de 1970 como candidato da Unidade Popular, uma coalizão de partidos de esquerda e centro-esquerda.

O programa de Allende era ambicioso: pretendia chegar ao socialismo pela via democrática e nacionalizar as grandes minas de cobre que estavam nas mãos de mineradoras norte-americanas.

O presidente chileno Salvador Allende (ao centro, de capacete) durante ataque das forças militares golpistas lideradas por Pinochet ao palácio presidencial La Moneda, em Santiago, em 11 de setembro de 1973 - Reuters

Neruda esteve fora do Chile durante o período em que a crise política interna do país se agravou. Com sua esposa, Matilde, partiu para a Europa no início de março de 1971 para ser embaixador chileno em Paris.

Em setembro daquele ano, exames médicos indicaram a necessidade de uma cirurgia para conter um câncer de próstata. A cirurgia foi adiada porque Neruda era apontado como um dos favoritos ao Nobel de Literatura. De fato, ele foi anunciado o ganhador do prêmio em 21 de outubro.

Dias depois, a operação foi, enfim, realizada em Paris. Os resultados não foram bons. O escritor Jorge Edwards, então primeiro-secretário da embaixada do Chile na França, comentaria depois que o câncer se alastrava pelos quadris e ossos das pernas.

O ponto mais alto do reconhecimento literário de Neruda coincidiu com a deterioração acelerada da sua saúde. Ao mesmo tempo, a situação do governo chileno também se agravava. Era como se os acontecimentos felizes e infelizes se precipitassem para chegar ao final de uma história e de uma época.

A dívida maravilhosa

Mesmo debilitado, Neruda buscou solução para um dos grandes problemas do Chile, a dívida externa. Em fevereiro de 1972, ocorreu uma reunião do chamado Clube de Paris, formado pelos credores, para tratar do tema. O poeta queria estar presente.

O chanceler Willy Brandt, da República Federal da Alemanha, era uma figura-chave para a renegociação da dívida. Neruda lhe escreveu uma carta em que apelava que ajudasse o Chile a "superar suas dificuldades". Em alguma medida, o poeta conseguiu apoio para seu país.

As tarefas políticas e burocráticas nunca ofuscaram a visão artística de Neruda, que, durante as reuniões em Paris, comparou as dívidas financeiras à dívida interior de todo escritor. "Todos devemos algo à nossa própria tradição intelectual", disse o poeta, acrescentando: "Da minha parte, eu, que estou muito próximo dos 70 anos, acabara de completar 15 quando descobri Walt Whitman, meu grande credor. E estou aqui, entre os senhores, acompanhado por esta dívida maravilhosa que tem me ajudado a existir".

O poeta regressou ao Chile no começo de 1973, após renunciar ao cargo de embaixador em razão da sua doença. Encerrou-se na sua casa de Isla Negra. Em uma carta, narrou dores insuportáveis que os calmantes não aliviavam. Era difícil escrever nessas condições, mas continuava a fazê-lo. Trabalhava em suas memórias e sete coletâneas de poemas. Planejava festejar seus 70 anos com a publicação desses oito livros.

Em 11 de setembro de 1973, ele deveria receber em Isla Negra o escritor José Miguel Varas e o então ministro da Justiça, Sergio Inzunza. Ninguém conseguiu chegar. O golpe estava em curso.

No dia 19, sua situação se agravou. Neruda foi transferido para uma clínica em Santiago, onde morreu na noite do dia 23. Foi velado na sala da sua casa na capital chilena, que havia sido depredada por apoiadores do golpe militar.

No dia 25, apesar do ambiente de tensão e medo imposto pelos militares, uma multidão acompanhou o traslado do corpo de Neruda para o Cemitério Geral de Santiago. No enterro, ouviram-se homenagens ao poeta e a Allende, que cometeu suicídio no dia do golpe.

Dois anos antes, no início do governo Allende, Neruda havia concluído seu discurso de recebimento do Nobel parafraseando Rimbaud: "Apenas com paciência ardente conquistaremos a cidade esplêndida que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens". Havia ali um programa político: alcançar o "paraíso de toda a humanidade", com avanços e retrocessos, e chegar passo a passo à consumação da utopia que era também a consumação da história.

O que teria pensado Neruda quando comprovou que o fascismo que esmagou a Espanha nos anos 1930 agora tomara conta de seu país? É possível que, nos seus últimos dias, o poeta tenha sentido a horrível suspeita de que a história não avançava para uma meta de redenção da humanidade; pelo contrário, voltava-se sobre si mesma, repetindo suas calamidades inúmeras vezes.

Se foi assim, a morte de Neruda deve ter sido uma das mais tristes mortes de um poeta. Mas ele escreveu certa vez:

"Morri com todos os mortos/ por isso pude reviver/ empenhado em meu testemunho/ e em minha esperança irredutível [...] Rompendo os astros recentes/ golpeando metais furiosos/ entre as estrelas futuras,/ endurecidos de sofrer/ cansados de ir e de voltar,/ encontraremos a alegria/ no planeta mais amargo./ Adeus Terra,/ te beijo e me despeço".

Quem foi Pablo Neruda

Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto, que depois adotaria o nome de Pablo Neruda, nasceu em 12 de julho de 1904, no Chile. Começou a publicar poesia ainda na adolescência. Foi um dos principais e mais populares escritores da América Latina no século 20. Depois de um início vanguardista, empenhou-se em uma poesia mais simples, direta, anti-intelectual, que refletisse os dilemas das pessoas comuns. Mergulhado nas tensões de seu tempo, teve forte atuação política. Eleito senador em 1945 pelo Partido Comunista do Chile, foi perseguido e se exilou na Argentina. Foi embaixador do Chile em Paris no governo Allende. Venceu o Nobel de Literatura em 1971. Morreu em 23 de setembro de 1973, 12 dias depois do golpe militar de Pinochet, aos 69 anos. Divulgou-se na época que a morte fora causada por um câncer de próstata, o que sempre despertou suspeitas. Em fevereiro deste ano, grupo de cientistas afirmou que Neruda foi envenenado com a bactéria Clostridium botulinum. O caso permanece sem conclusão definitiva.

Alguns livros

"Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada" (1924), "Canto Geral" (1950), "Odas Elementales" (1954), "Cem Sonetos de Amor" (1959), "Cantos Cerimoniais" (1961), "Confesso que Vivi" (1974, memórias, póstumo).

Tradução de Clara Allain.

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