Endividamento recorde, onda de demissões em startups persiste e o que importa no mercado

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Endividamento das famílias bate recorde

O endividamento e a inadimplência das famílias brasileiras voltaram a subir e bateram recorde em julho, segundo pesquisa mensal da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Em números: 78% das famílias estão endividadas, uma alta de 0,7 ponto percentual em relação a junho. A parcela de domicílios com contas atrasadas é de 29%, avanço de 0,5 ponto em relação ao mês anterior. Os números são os maiores desde o início da pesquisa, em 2010.

  • Tanto as famílias com renda acima de dez salários mínimos quanto as que recebem abaixo desse patamar viram o endividamento crescer no mês passado, com altas de 0,8% e 0,6%, respectivamente.

O endividamento recorde acontece no momento em que o governo tenta ampliar a oferta de crédito aos brasileiros de baixa renda em um contexto de empréstimos encarecidos pelos juros altos.

  • A Folha mostrou que um empréstimo de R$ 3.046,54, quase cinco vezes o valor do novo Auxílio Brasil de R$ 600, pode virar uma dívida de R$ 5.760.

Nesta segunda (8), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu em almoço com banqueiros que os juros cobrados no empréstimo consignado sejam reduzidos pelas instituições financeiras.

  • Isaac Sidney, presidente da Febraban, disse no encontro que é equivocada a visão de que os bancos gostam de juros altos porque lucram mais. Segundo ele, cenários de juros e inflação baixos geram menores taxas de inadimplência.

Loggi demite 15% dos funcionários e troca comando

A Loggi, startup de entrega de encomendas, comunicou nesta segunda que demitiu cerca de 15% dos seus 3.600 funcionários.

A empresa também anunciou uma reestruturação interna: o atual diretor financeiro, Thibaud Lecuyer, assume a presidência da empresa no lugar de Fabien Mendez, cofundador da Loggi que assumirá o posto de presidente do conselho da companhia.

O que explica: é mais um caso de demissões em massa em unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bi ou mais) diante de um cenário de alta global de juros e liquidez reduzida para o capital de risco.

Loggi
Entregador que presta serviço na plataforma Loggi - Divulgação

No caso específico da Loggi, a empresa também sente o freio de pedidos no ecommerce após um boom de compras gerado pela pandemia. O fim das restrições, a inflação acelerada e o crédito mais caro impactam na desaceleração do setor.

A empresa disse em comunicado que "a redução de seu quadro de funcionários faz parte de um conjunto de ações de aumento de eficiência operacional tomadas nos últimos seis meses para adaptar a companhia ao novo cenário global e garantir a sustentabilidade do negócio".

Clima azedo: nesta segunda, o fundo japonês Softbank, um dos maiores financiadores de startups no mundo, registrou um prejuízo trimestral recorde de US$ 23 bilhões (R$ 117, 9 bi) com a queda das ações de empresas de tecnologia em que investe.

  • Masayoshi Son, presidente do fundo, disse que o "inverno" do setor pode durar por mais tempo se os unicórnios continuarem recusando ofertas de investimento que avaliem a empresa em um patamar inferior aos valores que eram praticados antes da crise.

Acordo para exportação de milho pode pressionar preços

Um possível acerto para importações de milho brasileiro pela China ainda em 2022 pode pressionar os preços internos do cereal no Brasil, com impacto na indústria de carnes e nos itens consumidos pelos mais pobres.

Entenda: as exportações de milho brasileiro aos chineses hoje são inexistentes por questões fitossanitárias e de transgênicos, mas um acordo para permitir as embarcações está próximo e pode acontecer ainda neste ano, segundo a agência Reuters.

  • A abertura do mercado chinês ao cereal brasileiro poderia reduzir a oferta do cereal aqui dentro, elevando os preços.
  • Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, o interesse da China pelo produto brasileiro justifica-se não só por ser uma alternativa ao cereal do leste europeu, mas seria uma maneira de o país se tornar menos dependente do milho dos EUA.

Por que importa: o milho é usado como ração pelas indústrias de abate animal, setor que sentiu uma pressão nos custos com a quebra de safra no Brasil em 2021.

  • Desde o início de 2019, os preços do fubá acumulam alta de 77%, bem acima da inflação média do período, que foi de 28%.

Bolsa engata 5ª alta seguida, e dólar volta para junho

Os indicadores de Bolsa e dólar no Brasil mantiveram nesta segunda o bom momento dos últimos dias em uma sessão marcada pela alta de 5% das ações da Petrobras.

Em números: o Ibovespa avançou 1,81%, aos 108.402 pontos, e fechou em alta pelo quinto pregão seguido. A cotação da moeda americana caiu 1,06%, para R$ 5,11, o menor valor desde 15 de junho.

O que explica: esse "mini rali" da Bolsa brasileira é marcado por um sentimento geral no mercado de que o fim do ciclo de alta de juros por aqui está próximo.

  • Esse entendimento levou a um movimento de compra de ações de empresas ligadas ao consumo e que haviam sido mais penalizadas durante a escalada da Selic no primeiro semestre.

Nesta segunda, a disparada de 5,05% das ações preferenciais da Petrobras foi motivada por um conjunto de fatores:

  • Alta das cotações do petróleo (1,30%), assinatura de contrato para garantir o abastecimento de gás ao mercado boliviano e o impacto positivo dos dividendos recordes anunciados na semana retrasada.

Mais sobre empresas da Bolsa:

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 7,679 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 17,3% ante o mesmo período de 2021 e de 4,3% frente ao trimestre anterior.

A carteira de crédito totalizou R$ 1,084 trilhão ao final de junho, alta de 19,3% em bases anuais, e de 5% na comparação trimestral. A inadimplência acima de 90 dias atingiu 2,7%, contra 2,3% em junho de 2021, e 2,6% em março deste ano.

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