As novas projeções do FMI, deflação em setembro e o que importa no mercado

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FMI vê Brasil crescendo abaixo da média

O FMI revisou para cima a sua expectativa para o PIB do Brasil neste ano, para 2,8%. Ainda assim, o país deve crescer abaixo da média global, da média da América Latina e da média dos países em desenvolvimento.

Em números: em 2022, o mundo deve ter crescimento médio de 3,2%, enquanto na América Latina a alta deve ser de 3,5%, e entre os emergentes, de 3,7%.

  • Para 2023, a perspectiva do Brasil é ainda pior, com o PIB crescendo apenas 1%, enquanto o mundo deve crescer 2,7% —patamar considerado baixo pelo FMI.
  • Reportagem da Folha no mês passado mostrou que desde os governos Dilma Rousseff e Michel Temer (2011-2018) o Brasil tem crescimento abaixo da média global, e o relatório do FMI mostra que a tendência se repetirá com o atual presidente.

Em reação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a previsão para o ano que vem está errada e que as projeções são contaminadas por erros técnicos e motivações políticas.

  • O Banco Central calcula que o Brasil crescerá 2,5% no ano que vem e 2,7% neste ano, enquanto o mercado vê alta do PIB de 0,54% em 2023 e 2,7% em 2022.

No cenário global, o órgão avalia que a inflação persistente e desenfreada é a maior ameaça à economia. Muito da alta dos preços vem da persistência da Guerra da Ucrânia e suas consequências diretas, como a crise energética.

  • Numa resposta à carestia, os bancos centrais sobem os juros, que devem desacelerar as maiores economias do mundo e segurar o crescimento global até o ano que vem, diz o FMI.

Deflação no IPCA e poupança no azul

Mais uma vez a gasolina puxou o índice oficial de preços do Brasil para baixo. O IPCA teve deflação de 0,29% em setembro, informou nesta terça (11) o IBGE.

Como reflexo da sequência de três quedas consecutivas do indicador, a poupança voltou a vencer a inflação e teve rentabilidade real de 0,02% nos 12 meses encerrados em setembro, segundo o TradeMap.

Em números: a queda dos preços veio com menor intensidade do que esperava o mercado, cuja mediana dos analistas era de deflação de 0,34% em setembro. Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 7,17%.



O que explica: o grupo dos transportes recuou 1,98% no mês e teve impacto de -0,41 ponto percentual no índice de setembro. Também caíram comunicação (-2,08%), alimentação e bebidas (-0,51%), e artigos de residência (-0,13%).

Sem gasolina, sem deflação: pelo seu peso no IPCA, o combustível foi o responsável pelo recuo do índice nos últimos três meses –assim como havia puxado a alta nos períodos anteriores ao corte de ICMS sancionado pelo governo.

  • Nos cálculos do IBGE, se a gasolina fosse excluída dos cálculos, o IPCA subiria em julho (0,39%), agosto (0,32%) e setembro (0,15%).

Na comida, a queda dos preços deve parar por aqui, segundo economistas ouvidos pela Folha. Eles apontam que o grupo alimentação e bebidas deve ter altas moderadas de outubro a dezembro.

O que mais subiu em setembro: vestuário (1,77%) teve a maior inflação do mês, e despesas pessoais (0,95%), a principal pressão positiva (0,10 ponto percentual).

  • Nos itens, a maior contribuição (0,02 ponto percentual) veio da cebola (11,22%). O alimento acumula disparada de 127,3% em 12 meses.

Os dólares 'Coldplay' e 'Qatar' da Argentina

O governo argentino anunciou nesta terça a criação de duas novas cotações de dólares: o "dólar Coldplay" e o "dólar Qatar", que se somam às outras 12 variantes da moeda americana existentes oficialmente no país.

Além delas, há o dólar clandestino "blue" (280 pesos), que é bem mais adotado na economia local que o oficial (149 pesos).

Entenda:

  • O "dólar Coldplay" ganhou esse apelido pela série de shows que a banda fará no país neste mês. O setor de produção de espetáculos tem acesso a um dólar cotado a 200 pesos para bancar bandas, artistas e a infraestrutura para shows internacionais.
  • O "Dólar Qatar" tem o objetivo de evitar a saída de divisas do país. Com esse nome por causa da Copa do Mundo, impõe uma taxa adicional de 45% para usar o cartão de crédito no exterior. A ideia é incentivar os argentinos a usarem cédulas de dólar (que muitos guardam em casa ou em cofres).

O que explica: o país tem uma política de restrição de compra de dólares. Só alguns setores têm acesso ao valor oficial da moeda (149 pesos) para importar um número limitado de produtos.

  • Já os particulares podem comprar, a esse valor, apenas US$ 200 por mês, para fins de poupança ou para viagens. Para todo o resto, a população recorre ao "blue".

Outros variantes de dólares oficiais:

  • "Dólar soja": incentivo para que o agro possa vender sua produção a um valor mais competitivo, a 200 pesos por dólar.
  • "Dólar Netflix": para pagar serviços de streaming. É o valor do dólar oficial acrescido de dois impostos, um de 30%, chamado de "solidário", e uma outra taxa de 35%.

Braskem dispara com notícia de compra

As ações da petroquímica Braskem dispararam 20,4% nesta terça e fecharam em R$ 33,58, num dia negativo para os índices de ações mundo afora, entre eles o Ibovespa.

O que explica: a forte alta veio depois de notícia publicada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, de que a gestora americana Apollo deve aumentar em 25% sua proposta para comprar 100% das ações da Braskem, para R$ 50 por ação.

  • Ainda segundo o colunista, a intenção da Apollo é fechar o capital da petroquímica na Bolsa brasileira e listar suas ações na Bolsa de Nova York.
  • Após o fechamento do pregão, a Braskem informou que a Petrobras e a Novonor (ex-Odebrecht), suas acionistas controladoras, disseram que não há novas informações sobre a venda de suas participações na petroquímica.

A Bolsa brasileira seguiu o clima negativo do exterior e caiu 0,96%, aos 114.827 pontos. O dólar teve alta de 1,54%, cotado a R$ 5,27.

Lá fora, o mercado passou o dia de olho na Inglaterra, onde o banco central vem comprando títulos públicos para aliviar a queda dos papéis.

  • A ofensiva também é para ajudar os fundos de pensão ingleses, que estão em apuros e têm de vender títulos para cumprir com obrigações com credores.
  • As Bolsas foram para o negativo com o anúncio do presidente do Banco da Inglaterra de que vai interromper o processo de compra dos títulos já nesta sexta (14).

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