Bolsa bate novo recorde nominal, com ajuda de papéis dos EUA

Mercado aguarda anúncio de novas medidas econômicas até o fim deste ano

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São Paulo

O Ibovespa fechou em alta de 0,50% nesta quarta-feira (27), renovando máximas históricas, em pregão marcado por baixa liquidez e recuo nos Treasuries de dez anos.

O índice Bovespa ultrapassou os 134 mil pontos e estabelecendo um novo recorde nominal em um dia com menos indicadores e menor volume de negociações.

Vale e Itaú Unibanco foram as maiores contribuições positivas, com alta de 0,97% e 0,68% respectivamente.

Na sexta-feira (22), o principal índice da Bolsa já havia renovado a máxima histórica. Em termos reais, porém, o recorde está longe.

Se for considerada a inflação, o pico do Ibovespa seria de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos, quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira. Os cálculos são da Economatica.

Os principais índices em Wall Street também fecharam a quarta-feira no azul.

Notas de dólares enroladas
Mercado aguarda anúncio de novas medidas econômicas do governo - Dado Ruvic/Reuters

O dólar interrompeu nesta quarta-feira uma sequência de três sessões de baixas e encerrou o dia em leve alta ante o real, com investidores à espera de novas medidas econômicas do governo Lula, em um dia em que a moeda norte-americana se manteve em queda ante a maior parte das demais divisas no exterior.

O dólar à vista fechou cotado a R$ 4,83 na venda, em alta de 0,21%. Em dezembro, a moeda norte-americana acumula queda de 1,68%.

No início da sessão, o dólar registrou novamente perdas ante o real, na esteira do recuo da moeda norte-americana também no exterior. Às 9h06, marcou a mínima, sendo vendido à vista por R$ 4,80 (-0,42%), mas depois recuperou o fôlego ainda na primeira hora de negócios e virou para o positivo.

O dólar ganhou força em meio à expectativa dos investidores pelo anúncio do governo Lula de mais medidas na área fiscal.

Na terça-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo vai lançar um programa de depreciação acelerada e uma alternativa à desoneração da folha de pagamentos das empresas.

Na tarde desta quarta, o ministério informou que ajustes finais sobre os atos a serem assinados estão sendo conduzidos pela Casa Civil. Novas informações devem ser divulgadas nesta quinta-feira (28).

O anúncio de Haddad veio após a Petrobras anunciar redução de 7,9% no preço médio de venda de diesel para as distribuidoras, que passa a ser de R$ 3,48 por litro nas refinarias a partir de hoje .

"O impacto da reoneração é de pouco mais de R$ 0,30, e o impacto pela redução já anunciado pela Petrobras no mês de dezembro é mais de 50%. Se você comparar o preço do diesel com 1º de dezembro de 2023, você tem uma queda do preço da Petrobras mesmo com a reoneração. Não tem razões para [o posto de combustível] aumentar. Tem para diminuir", disse o ministro.

Uma queda no preço dos combustíveis tende a aliviar a inflação e abrir espaço para cortes na taxa básica de juros.

No início da tarde, o dólar também recuperou parte do fôlego no exterior em relação às divisas fortes, o que fez a moeda renovar altas no Brasil.

Após oscilar em patamares mais baixos no meio da tarde, o dólar marcou novamente uma máxima após a divulgação dos dados do governo central em novembro. O Tesouro informou déficit primário de R$ 39,4 bilhões no mês passado, um resultado pior que o saldo negativo de R$ 35,5 bilhões projetado por analistas em pesquisa da Reuters.

Às 16h04, o dólar à vista marcou a máxima de R$ 4,8411 (+0,39%). Depois, a moeda passou a oscilar em patamares mais baixos.

A quinta-feira promete ter uma agenda carregada. Além do anúncio de medidas do governo, serão divulgados o IGP-M de dezembro, pela FGV (Fundação Getulio Vargas), e o IPCA-15 do mesmo mês, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A percepção entre os agentes é de que o dólar ainda tem espaço para continuar a ceder ante o real na virada de 2023 para 2024.

"Há um fluxo comercial enorme chegando no Brasil, mais de US$ 20 bilhões no curto prazo, ainda que o Banco Central nem esteja fazendo os leilões de linha tradicionais de final do ano", pontuou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em análise enviada a clientes.

Os leilões de linha são as operações em que o Banco Central vende dólares ao mercado, com compromisso de recompra no futuro. Tradicionalmente, a instituição realiza leilões de linha em dezembro, para dar conta da demanda por moeda por parte de fundos e multinacionais, que precisam remeter recursos ao exterior.

"Mas, neste ano, o fluxo está tão forte que o BC não está colocando estes leilões e ainda assim a moeda [real] está se valorizando", acrescentou Gala, que vê o dólar em R$ 4,50 nos próximos meses.

Com informações da Reuters

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