Descrição de chapéu Estados Unidos greve

Trabalhadores da Boeing rejeitam acordo e fazem greve em fábrica que monta 737 Max

Paralisação atinge fábrica na região de Seattle (EUA) e foi aprovada por 96% dos integrantes de sindicato

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Joe Brock Allison Lampert David Shepardson
Seattle (EUA), Washington e Montreal (Canadá) | Reuters

Os trabalhadores de fábricas da Boeing da costa Oeste dos Estados Unidos entraram em greve nesta sexta-feira (13) após rejeitarem por maioria esmagadora um acordo contratual, interrompendo a produção do jato mais vendido da fabricante de aviões, enquanto a empresa enfrenta sérios atrasos na produção e elevadas dívidas.

O novo presidente-executivo da Boeing, Kelly Ortberg, foi contratado há apenas algumas semanas para restaurar a confiança na fabricante de aviões e propôs um acordo que incluía um aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos, abaixo dos 40% exigidos pelos trabalhadores.

Cerca de 30 mil integrantes da IAM (Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais, na sigla em inglês), que produzem o 737 Max da Boeing e outros jatos nas áreas de Seattle e Portland, rejeitaram a oferta com 94,6% dos votos. Ao mesmo tempo, 96% foram a favor da greve.

A imagem mostra um grupo de trabalhadores em um protesto, segurando cartazes que dizem 'Em greve' e 'Boeing'. Um dos manifestantes está levantando o punho em sinal de apoio. O ambiente parece ser interno, com uma parede clara ao fundo.
Trabalhadores da Boeing protestam contra proposta feita pela empresa e anunciam greve em fábrica da costa Oeste dos EUA - Jason Redmond/AFP

A primeira paralisação dos trabalhadores desde 2008 acontece em um momento em que a companhia está sob questionamento de reguladores e clientes dos EUA depois que um jato 737 Max perdeu uma parte da fuselagem enquanto voava em janeiro.

As crises crescentes atingiram as ações da Boeing e desencadearam uma reviravolta no comando. Desde o começo do ano, os papéis acumulam uma queda de 38%.

"Isto é sobre respeito, sobre abordar o passado e sobre lutar pelo nosso futuro", disse Jon Holden, que liderou as negociações do maior sindicato da Boeing, antes de anunciar o resultado da votação na noite de quinta-feira (12). Ele havia concordado com o acordo recém-derrotado.

Uma greve prolongada poderia afetar gravemente as finanças da Boeing, que já estão sofrendo devido a uma dívida de US$ 60 bilhões (R$ 335,8 bilhões).

"Continuamos comprometidos em redefinir nosso relacionamento com nossos funcionários e o sindicato, e estamos prontos para voltar à mesa para chegar a um novo acordo", disse a fabricante de aviões nesta quinta-feira.

O acordo proposto incluía um bônus de assinatura de US$ 3.000 (R$ 16.790,70) e uma promessa de construir o próximo jato comercial da Boeing na área de Seattle, desde que o programa fosse lançado dentro dos quatro anos do contrato.

Embora a liderança do IAM tenha recomendado, no último domingo (8), que seus membros aceitassem o contrato, muitos trabalhadores recusaram, argumentando a favor da demanda original e lamentando a perda de um bônus anual.

"Vamos voltar à mesa o mais rápido que pudermos", disse Holden, sem estimar o tempo de duração da greve ou a data da retomada de negociação. "Isso é algo que levamos um dia de cada vez, uma semana de cada vez."

MÚLTIPLOS DESAFIOS

Trabalhadores protestaram durante toda a semana nas fábricas da Boeing na área de Seattle que montam os modelos Max, 777 e 767. Se a greve for prolongada, ela também deve impactar as companhias aéreas que dependem dos jatos da fabricante de aviões e os fornecedores que fabricam peças e componentes para suas aeronaves.

O presidente-executivo da Air India, Campbell Wilson, disse nesta sexta-feira que as entregas do 737 Max da Boeing para sua companhia aérea pareciam estar "um pouco atrasadas" mesmo antes do anúncio da greve, devido à investigação e medidas de segurança tomadas após o incidente com o avião operado pela Alaska Airlines em janeiro e problemas na cadeia de suprimentos que afetam o setor em geral.

De acordo com uma nota pré-votação da TD Cowen, uma greve de 50 dias poderia custar à Boeing entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões (R$ 16,79 bilhões e R$ 19,59 bilhões) em fluxo de caixa.

A última greve dos trabalhadores da Boeing em 2008 fechou fábricas por 52 dias e atingiu a receita em estimados US$ 100 milhões por dia.

A S&P Global Ratings disse que uma greve prolongada poderia atrasar a recuperação da fabricante de aviões e prejudicar sua recomendação geral. Tanto a S&P quanto a Moody's classificam a Boeing um nível acima do status "lixo".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Com reportagem adicional de Jamie Freed em Sydney, Lisa Barrington e Medha Singh em Bengaluru

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