Gangue no Haiti liberta últimos missionários americanos e canadense sequestrados em outubro

Criminosos pediram US$ 1 milhão para libertar reféns em país arrasado por crises e tragédias

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Cap-Haitien (Haiti) | Reuters

A gangue haitiana que havia sequestrado um grupo de missionários americanos e canadense em outubro libertou os últimos reféns, anunciou a polícia do Haiti nesta quinta-feira (16).

Eles foram sequestrados em 16 de outubro pela gangue 400 Mawozo, que pediu resgate de US$ 1 milhão (R$ 5,68 milhões) por pessoa. ​O grupo foi capturado na região de Croix-des-Bouquets, a cerca de 13 quilômetros da capital Porto Príncipe, e era composto por 16 americanos e um canadense. Eles haviam viajado ao Haiti em uma missão organizada pela ONG Christian Aid Ministries.

Cinco crianças e seis mulheres estavam entre as pessoas raptadas. Em novembro, a gangue libertou os dois primeiros reféns, e duas semanas depois mais três pessoas foram liberadas. Agora, segundo a polícia, os outros 12 capturados estão livres. Ainda não há informações sobre o estado de saúde deles.

Manifestantes em Porto Príncipe protestam contra onda de violência crescente no Haiti - Richard Pierrin - 18.nov.21/AFP

O FBI, a polícia federal dos EUA, havia enviado ao país caribenho um grupo de oficiais para auxiliar na investigação do sequestro. Em agosto, o governo americano recomendou que seus cidadãos não viajassem ao Haiti devido à instabilidade local e ao risco de sequestros.

Com crises políticas e econômicas cada vez mais acentuadas no país, esse tipo de crime se tornou uma ferramenta comum para grupos criminosos conseguirem dinheiro —foram ao menos 628 episódios do tipo de janeiro a setembro de 2021, segundo o Centro Haitiano para Análise e Pesquisa em Direitos Humanos.

Nesta quinta, a Christian Aid Ministries celebrou o fim do sequestro. "Obrigado por suas orações fervorosas nos últimos dois meses. Junte-se a nós para agradecer a Deus que todos os nossos amados 17 estão em segurança", afirmou a ONG, em comunicado.

Uma porta-voz da Casa Branca informou que recebeu com satisfação relatórios indicando que os missionários liberados "estão recebendo os cuidados de que precisam".

O Haiti –primeiro país da América Latina a se declarar independente, em 1804, e acostumado a crises políticas e econômicas desde então– vive um de seus piores momentos.

Em julho, o presidente Jovenel Moïse, sob o qual recaíam acusações de autoritarismo, foi assassinado por mercenários —48 pessoas, incluindo 18 colombianos e 2 americanos de origem haitiana, foram presas, mas as autoridades ainda não acusaram ninguém formalmente pela organização do crime. O episódio provocou protestos, com desabastecimento de suprimentos e casos de violência nas ruas.

O procurador-geral do país, Bed-Ford Claude, incluiu o primeiro-ministro, Ariel Henry, na lista de suspeitos. Segundo Claude, registros telefônicos indicavam que o premiê se comunicou ao menos duas vezes com Joseph Badio, um dos principais suspeitos de envolvimento no assassinato, na noite do crime.

Como resposta, Henry destituiu o procurador do cargo e acusou as autoridades de promoverem "manobras de distração para criar confusão e impedir que a Justiça faça seu trabalho com calma". As eleições gerais, inicialmente programadas para setembro, foram postergadas para o final de 2022.​​

Além do assassinato do presidente, o país enfrentou um terremoto de magnitude 7,2 que deixou mais de 2.200 pessoas mortas e cerca de 400 feridas em 14 de agosto.

O tremor, que atingiu com maior intensidade a parte sudoeste do país, abalou também a infraestrutura urbana. Mais de 130 mil casas tiveram a estrutura comprometida. Diante da espiral de problemas, o país virou símbolo da crise migratória na fronteira dos EUA, com milhares de haitianos em busca de refúgio.

Ainda na madrugada da última terça-feira (14), um caminhão-tanque explodiu em Cap-Haitien, segunda maior cidade do país, e deixou 75 mortos.​

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