Descrição de chapéu China União Europeia

Premiê da China pede que países superem diferenças em viagem estratégica à Europa

Li Qiang se reuniu com o presidente Emmanuel Macron e participa de evento econômico em Paris

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São Paulo

Como parte de esforços para aproximar a China da Europa em meio à Guerra Fria 2.0, o premiê chinês, Li Qiang, voltou a pedir nesta sexta-feira (23) que o gigante asiático e países do velho continente "superem diferenças" para encontrar "soluções criativas" contra a pobreza global e a crise climática.

Li participa da Cúpula do Novo Pacto Financeiro, em Paris. Diante de líderes europeus, ele reiterou que a China está disposta a trabalhar com "todas as partes". Na véspera, em reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, o premiê chinês enfatizou que ambos os países, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, compartilham perspectivas estratégicas comuns.

"Li lembrou que, durante a bem-sucedida visita do presidente francês à China, há pouco, Macron e Xi Jinping tiveram intercâmbios profundos e chegaram a uma série de consensos estratégicos, que traçaram um plano para o desenvolvimento das relações China-França", reportou a agência estatal chinesa Xinhua.

O premiê da China, Li Qiang, cumprimenta o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris
O premiê da China, Li Qiang, cumprimenta o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris - Huang Jingwen - 22.jun,23/Xinhua

Trata-se do primeiro giro internacional de Li, que assumiu o cargo de premiê em março. Antes de Paris, ele esteve em Berlim para encontros com seu homólogo alemão, Olaf Scholz, e com o presidente da nação, Frank-Walter Steinmeier, nos quais também manifestou o interesse em "expandir as relações".

O aceno da China à Europa ocorre num momento em que Pequim e Washington buscam aliviar tensões que escalaram em fevereiro, quando as Forças Armadas americanas abateram um suposto balão de espionagem chinês no espaço aéreo dos EUA.

As superpotências ensaiaram uma reaproximação com a visita, no início da semana, do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao líder chinês, Xi Jinping, em Pequim. Horas após o encontro, porém, o presidente americano, Joe Biden, referiu-se ao dirigente da China como um ditador, o que gerou novos atritos. Segundo Pequim, a declaração foi "ridícula" e uma "provocação política".

Em Paris, o premiê Li defendeu que França e China intensifiquem as cooperações em diferentes frentes, que incluem energia nuclear, exploração espacial e aviação. Os dois países, acrescentou, ainda devem aprofundar os esforços conjuntos nas áreas de proteção ambiental, economia digital e inteligência artificial, de modo a "obter benefícios mútuos e resultados vantajosos para todos".

A Guerra da Ucrânia e a ilha de Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim, também entraram na pauta do encontro entre Macron e Li, embora detalhes das conversas não tenham sido revelados.

Em abril, Macron viajou a Pequim para estreitar os laços econômicos e culturais com os chineses —na comitiva estavam executivos de companhias como Airbus e Alstom, além de cineastas e artistas. A visita dividiu opiniões, e o presidente francês foi acusado de buscar no exterior a popularidade que perdeu em casa com a impopular reforma da Previdência, lei proposta por seu governo que aumenta a idade da aposentadoria e que motivou protestos massivos e uma união histórica dos sindicatos.

A visita de Macron a Xi ainda causou mal-estar em Washington, que busca apoio dos europeus na guerra comercial contra Pequim. A China é alvo de críticas do Ocidente ante às ameaças feitas pelo regime de Xi contra Taiwan e as acusações de perseguição contra os uigures —minoria muçulmana na região de Xinjiang—, além da ausência de uma condenação chinesa à Guerra da Ucrânia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também participa da Cúpula do Novo Pacto Financeiro, em Paris. No evento, o líder brasileiro voltou a fazer críticas ao acordo entre Mercosul e União Europeia, que tem divergências em questões relacionadas ao ambiente.

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