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Relembre protestos da história recente da França

Além dos 'coletes amarelos' (2018), houve manifestações semelhantes em 2005

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Rio de Janeiro

Quinta-feira (29) foi a terceira noite de protestos na França após a morte de um jovem por um policial, que teve a prisão preventiva por homicídio voluntário decretada pela Justiça.

A violência começou na última terça-feira (27), nos arredores de Paris, e se estendeu a outras partes da França, depois da morte de Nahel, 17. O adolescente foi atingido por um disparo à queima-roupa efetuado por um agente durante uma blitz, registrado em vídeo.

Uma janela do Colisée de Roubaix, em Robaix, na França, quebrada por manifestantes contra a violência policial e o racismo no país - AFP

Confira, a seguir, alguns dos principais protestos da história recente francesa, incluindo o movimento dos "coletes amarelos", de 2018, e os distúrbios de 2005 contra a brutalidade nos subúrbios, que têm sido comparados aos eventos de 2023.

Jan-mai.2023 - Contra a reforma da Previdência

Pilhas de lixo incendiadas, lojas depredadas, cortes de energia, bloqueios de rodovias, bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água foram cenas comuns nas ruas das principais cidades da França durante os protestos contra a controversa reforma da Previdência de Emmanuel Macron.

Em abril, ferroviários invadiram o edifício da bolsa de valores de Paris.

Turbinado pelo movimento, o 1° de Maio atraiu 700 mil pessoas, quase seis vezes mais do que em 2022. Duzentas pessoas foram presas e um policial ficou gravemente ferido em Paris.

Apesar dos protestos, o texto foi promulgado, elevando a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030.

Nov-dez.2018 - Coletes amarelos

No fim de 2018, cerca de 282 mil pessoas saíram às ruas das principais cidades francesas no movimento dos "coletes amarelos" — a peça, obrigatória em todos os veículos como item de segurança, está relacionada à classe trabalhadora e aos motoristas de caminhão.

O aumento do preço dos combustíveis, no governo de Emmanuel Macron, foi o estopim das manifestações. A alta foi causada pela valorização do produto no mercado externo e pelo anúncio de um aumento de impostos, cujo objetivo era incentivar o uso de fontes de energia renováveis.

O ministério do Interior estimou que 2.500 manifestantes e 1.800 policiais ficaram feridos. O governo foi criticado pela forma como reprimiu os protestos e, em resposta ao movimento, congelou o aumento dos impostos e mudanças de preços nos combustíveis, assim como as tarifas de energia elétrica.

Out-nov.2005 - Contra a brutalidade nos subúrbios

Comparadas às de 2023, as revoltas de outubro e novembro de 2005 são consideradas os maiores protestos populares da França contemporânea. Três pessoas morreram em decorrência das manifestações.

Em 27 de outubro, três adolescentes de Clichy-sous-Bois, subúrbio a leste de Paris, esconderam-se da polícia, que buscava suspeitos de um arrombamento, em uma estação da rede elétrica.

Dois deles morreram eletrocutados, causando um apagão de energia na região. O incidente agravou tensões sobre racismo, intolerância religiosa, desemprego juvenil e brutalidade policial nos conjuntos habitacionais, causando uma convulsão social que se espalhou pelo país e fez o governo de Nicolas Sarkozy decretar estado de emergência por três meses.

Ônibus incendiado nas proximidades de Toulouse, cidade no sul da França. A onda de violência que atingiu mais de 300 localidades em 12 dias provocou a primeira morte. Jean-Jacques Le Chenadec, de 61 anos, morador de subúrbio de Paris, foi espancado ao tentar apagar o fogo de um veículo. - Lionel Bonaventure/AFP

15.out.1998 - Revolta dos estudantes

Durante a gestão de Jacques Chirac, pelo menos 400 mil estudantes secundaristas protestaram nas ruas das principais cidades da França contra salas de aula superlotadas, falta de professores e más condições na rede de ensino.

Ao longo da passeata, várias cabines de telefone foram destruídas, vitrines de lojas quebradas e carros foram incendiados. Algumas lojas chegaram a ser saqueadas. No total, 82 pessoas foram presas e cinco ficaram feridas, entre elas dois policiais e um estudante.]

17.mar.1994 - Protesto por salário

Entre 30 mil e 35 mil pessoas fizeram uma manifestação em Paris para protestar contra o Contrato de Inserção Profissional (CIP).

Mais de 15 carros foram depredados e incendiados. Os cerca de mil jovens que permaneciam na praça dos Invalides atacaram os policiais com pedras e o que mais estivesse à mão. Cerca de cem jovens foram detidos e 32 policiais ficaram feridos.

Os estudantes e os sindicatos estavam jogando um braço-de-ferro com o primeiro-ministro Edouard Balladur, que se recusava a retirar o decreto do CIP (um plano contra o desemprego que previa a contratação de jovens por 80% do salário dito convencional).

11.mai.1968 - Noite das barricadas

Em uma noite em que "viram-se coisas nunca vistas", na definição do chefe de polícia, Maurice Grimaud, estudantes tocaram fogo em carros e ergueram barricadas contra as autoridades a partir de paralelepípedos arrancados das vias do Quartier Latin, bairro universitário da capital francesa. Agressões partiram dos dois lados.

Carros virados em rua de Paris, durante os protestos ocorridos em maio de 1968
Carros virados em rua de Paris, durante os protestos ocorridos em maio de 1968. O protesto surgiu na universidade do subúrbio parisiense de Nanterre e, logo, atinge a Sorbonne, no Quartier Latin. Em 20 dias, o presidente Charles DeGaulle abre negociações com os sindicatos para que parte da indústria e do setor de serviços voltem a funcionar. - AFP

O saldo oficial da "noite das barricadas" foi de 367 feridos, dos quais 251 policiais e 116 manifestantes. Ao menos 60 veículos foram incendiados e 128 foram danificados. Mais de 400 pessoas foram detidas.

A violência aprofundou a pressão sobre o governo do então presidente Charles de Gaulle.

Estudantes e trabalhadores protestam entre a Place de la République e a Denfert Rochreau durante os eventos de maio de 68, na França - AFP

O confronto começou durante um protesto a princípio pacífico, com público estimado entre 20 mil e 50 mil pessoas, que partiu da praça Denfert-Rochereau, ao sul de Paris, em direção ao Quartier Latin.

O ato se somou a uma série de manifestações e confrontos que ocorriam no país para exigir a reabertura da Sorbonne, coração do ensino superior francês, fechada devido à onda de distúrbios.

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