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Sou candidato em São Paulo e é evidente que tenho o carinho de Bolsonaro, diz Russomanno

Deputado do Republicanos afirma que acerto com PSDB não vingou e acirra disputa pela cadeira de Covas

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São Paulo

O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP) afirmou à Folha nesta segunda-feira (14) que está livre para ser candidato à Prefeitura de São Paulo após uma tentativa de composição partidária com o PSDB do atual prefeito, Bruno Covas, não vingar.

"Vou oficializar minha candidatura na convenção, na quarta [16]. Tenho um grande recall de outras eleições", afirmou o pré-candidato. A entrada dele na disputa embaralha a disputa pela cadeira de Covas, que já conta com 13 postulantes oficializados por suas legendas.

O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo - Mathilde Missioneiro/Folhapress

A convenção do Republicanos está marcada para às 14h e será uma reunião virtual, transmitida nas redes do partido, devido à pandemia do coronavírus.

Russomanno, que é apresentador de TV e atua na área de defesa do consumidor, largou como favorito nas eleições de 2012 e de 2016, mas acabou em terceiro lugar.

Nesta eleição, o deputado espera contar com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ter um resultado diferente e chegar ao segundo turno. Segundo Russomanno, o titular do Planalto tem simpatia pela sua candidatura.

O parlamentar esteve com Bolsonaro em três ocasiões ao longo dos últimos dias. Questionado pela Folha sobre algum acerto com o presidente a respeito da eleição em São Paulo, o pré-candidato afirmou: "Está claro que ele [Bolsonaro] vai me apoiar".

Segundo Russomanno, ainda estão pendentes detalhes sobre como se dará a participação de Bolsonaro em sua campanha, ou seja, se haverá um aceno explícito.

Russomanno esteve com Bolsonaro em duas agendas privadas no Planalto e também apareceu ao lado do presidente no último dia 5, durante visita à obra da pista do aeroporto de Congonhas, na capital.

O presidente já indicou que adotará uma posição de neutralidade no primeiro turno dos pleitos municipais, mas não descarta respaldar nomes no segundo.

Nesta segunda, em fala com apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro voltou a dizer que vai ficar de fora das eleições e não quis gravar vídeos para evitar aparecer como padrinho de algum pré-candidato, mas fez uma ressalva em relação a São Paulo.

"Talvez, já que está gravando, talvez a gente converse sobre São Paulo, viu, ô Foco do Brasil​ [canal do Youtube que fazia a filmagem]", afirmou.

Em conversa com a Folha, Russomanno ressaltou sua proximidade com Bolsonaro. "Eu estou direto com ele porque sou vice-líder do governo no Congresso. Ele é meu amigo. Só pela amizade é evidente que tenho o carinho dele. Essa amizade vai fazer com que ele esteja comigo na campanha."

O Republicanos é base do governo Bolsonaro no Congresso e é o partido que abriga dois dos filhos do presidente, o vereador Carlos e o senador Flávio, do Rio de Janeiro. O partido nasceu em 2005 ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

Ainda de acordo com Russomanno, as conversas com o PSDB se encerraram. Os tucanos confirmam não haver mais possibilidade de acerto e veem Russomanno como um candidato próprio.

Até o último momento, a ideia era que o Republicanos fizesse parte da chapa, indicando Russomanno ou outro nome como vice. Mas o deputado chegou a lançar sua pré-candidatura em agosto, o que acabou fechando portas com os tucanos.

O PSDB, construindo uma aliança de com base na eventual campanha presidencial do governador João Doria (PSDB) em 2022, terminou por escolher Ricardo Nunes, do MDB, como candidato a vice de Covas.

Com isso, cargos do Republicanos na gestão de Covas foram desocupados.

Em agosto, quando Russomanno confirmou sua pré-candidatura, o secretário de Habitação da gestão Covas, João Farias, indicado do Republicanos, deixou o governo e puxou a fila de saídas voluntárias e exonerações.

Segundo a Folha apurou, porém, os cargos do Republicanos no governo Doria devem ser mantidos. Russomanno, que apoiou a candidatura do tucano em 2018, esteve com o governador paulista na semana passada, mas não houve acerto de última hora sobre a união com Covas.

Às vésperas do fim do prazo dado pela Justiça Eleitoral para as convenções —que se encerra nesta quarta, dia do evento do Republicanos—, essa definição era a única peça importante que faltava no xadrez eleitoral paulistano.

Russomanno lançou a pré-candidatura em 7 de agosto, após ser pressionado pelo partido. Na época, o deputado ainda resistia à ideia de concorrer e seguiu em conversas com os tucanos e com outras siglas. Sua candidatura era vista com ceticismo entre adversários.

Agora, a legenda trata sua candidatura como certa. “Nossa campanha é forte, sólida. Não tem volta", disse Marcos Alcântara, presidente municipal do Republicanos. O mais provável é que Russomanno tenha um vice também do Republicanos.

Russomanno é visto como a opção mais competitiva para Bolsonaro em São Paulo. Outros nomes ligados ao bolsonarismo, como Levy Fidelix, do PRTB do vice-presidente Hamilton Mourão, e Marcos da Costa, do PTB de Roberto Jefferson, são considerados de baixa densidade eleitoral.

Segundo aliados de Bolsonaro na capital, eleitores do presidente tendem a votar em Russomanno se ele receber o endosso do titular do Planalto. O grupo quer barrar as pretensões de Doria para 2022, que ficaram claras na oficialização da candidatura de Covas, no sábado (12).

Como a criação da Aliança pelo Brasil não foi viabilizada a tempo do pleito municipal, bolsonaristas ficaram sem um candidato próprio na cidade e têm opções espalhadas por várias legendas.

Além de Fidelix e Costa, ambos em busca da confiança de simpatizantes de Bolsonaro, o campo da direita reúne postulantes como Joice Hasselmann (PSL), Arthur do Val (Patriota) e Filipe Sabará (Novo), que querem também o voto de conservadores críticos ao presidente.

O impacto da entrada de Russomanno na briga eleitoral foi minimizado por adversários, que também relativizaram a possibilidade de o rival receber apoio de Bolsonaro abertamente.

No PSDB, a leitura é de que Russomanno representa um risco por aparecer bem nas pesquisas, mas avaliam que nacionalizar a campanha não será um bom caminho. Enquanto o deputado conta com Bolsonaro, Covas vai insistir em falar somente da cidade.

Costa diz que, da mesma forma que o Republicanos, seu partido, o PTB, também é da base do governo federal. "Há laços que unem o PTB ao presidente. Ele, inclusive, já foi do partido. Vejo como muito natural a possibilidade de ele vir a apoiar nossa candidatura", afirma o ex-presidente da OAB-SP.

"Continuo acreditando que a aliança de 2018, vencedora, incluindo Bolsonaro e Mourão, vai prevalecer. Acredito fielmente que Bolsonaro reconhecerá isso em momento oportuno", afirmou Fidelix.

Já Sabará lembrou o favoritismo frustrado de Russomanno. "Não creio que o presidente vá apoiá-lo diretamente e declaradamente. Eu não faria isso, porque Russomanno já demonstrou que é cavalo paraguaio​."

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